Vallourec planeja investimentos em Minas Gerais

A francesa Vallourec tem planos de realizar investimentos no seu complexo siderúrgico na região do Barreiro, em Belo Horizonte. A usina atua na produção de tubos de aço sem costura para os setores petrolífero, industrial, automotivo, energético e da construção civil, e possui a única cadeia produtiva integrada no mundo do grupo multinacional de soluções tubulares. A empresa também planeja novos aportes em suas outras unidades no País.
A multinacional tem outra usina em Jeceaba, na Região Central do Estado, focada na produção de tubos para o setor de petróleo e gás. Essa siderúrgica é abastecida com o minério de ferro explorado na Mina Pau Branco, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e com o carvão vegetal produzido em 19 fazendas espalhadas pelo Centro, Norte e Noroeste do Estado, administradas pela sede de Curvelo, na região Central.
“Há projetos, mas a gente só divulga depois que for aprovado”, disse o vice-presidente sênior da Vallourec South America, André Lacerda, em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio. “Tem perspectiva de investir na planta, porque é uma planta que produz produtos de alto valor agregado para exportação. À medida que o mercado vai precisando de produtos mais sofisticados, não tem outra planta no mundo para investir. É essa aqui”, completa.
A perspectiva positiva para novos aportes é calcada não somente com a demanda para exportação, para onde vai cerca de metade da produção dos tubos premium da Vallourec em Minas Gerais, como também pelo planejamento de longo prazo – e independentemente da cotação das commodities – do setor de petróleo e gás, carro-chefe da demanda da empresa francesa.
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A Vallourec fechou importantes contratos de fornecimento de tubos e acessórios no último ano. Um com a Allseas, para o projeto offshore Búzios 10, operado pela Petrobras na Bacia de Campos; outro com a própria Petrobras, para os campos de Sépia 2 e Atapu 2, no pré-sal da Bacia de Santos, e com a Equinor, na mesma bacia, para os campos de Bacalhau e Raia, no pré-sal, e Peregrino, no pós-sal, além do fornecimento de tubos de revestimento para produção de gás natural onshore da Eneva no Maranhão, Amazonas e Mato Grosso do Sul.
“O preço do petróleo, hoje, não pode ser um fator determinante em um projeto que vai ser instalado em 2028 (por exemplo). Então, uma vez que essas empresas passam pela fase de aprovação, eu diria que nenhuma delas para”, disse o executivo da multinacional.
Ele afirma que a “integração 100% mineira” da Vallourec gera uma vantagem de ter um melhor gerenciamento da cadeia de produção, da matéria-prima até o produto final, além da localização estratégica. As duas usinas mineiras da multinacional estão conectadas à Malha Sudeste, ferrovia da MRS Logística, com ligação a cinco dos principais portos do País.
“A gente consegue fazer aços especiais aqui que nenhuma outra fábrica da Vallourec no mundo consegue fazer. O Brasil se tornou uma área importante para o grupo, porque essa empresa não só sustenta o mercado nacional de energia, quanto para exportação, já que a gente exporta uma grande parte para o mundo todo”, afirma Lacerda.
Vallourec se blinda de tarifaço, mas não escapa da importação chinesa
Lacerda explica que a Vallourec consegue ter uma espécie de blindagem contra o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A segunda maior usina da empresa no planeta está na maior economia do mundo e toda sua produção é a partir da reciclagem de sucata – a matéria-prima de cerca de dois terços do setor siderúrgico norte-americano.
Diferente das operações da Vallourec no Brasil, a produção da usina da multinacional nos Estados Unidos não é voltada para exportação, mas somente para o mercado norte-americano, o que faz os produtos da gigante de soluções tubulares “escapar” das tarifas de Trump.
O mesmo não se pode dizer com outro acontecimento no comércio global: a importação de aço da China. A tecnologia dos tubos sem costura da Vallourec ainda não está em posse dos chineses e faz a empresa não sofrer o mesmo que outras siderúrgicas no País. Ainda assim, a Vallourec não passou incólume na competição com produtos de menor valor agregado.
“Ainda somos afetados, tem um pouco de pressão. Na exploração de petróleo, tem offshore e onshore. Hoje, não vendemos nada onshore. Foi tudo dominado por tubo chinês, porque as condições de aplicação são menos rigorosas. Então, um produto que não tem a tecnologia poderia atender à necessidade e isso tira a competitividade do mercado nacional”, analisa.
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