Valor da cesta básica na Capital atinge 54,93% do mínimo

Os alimentos que compõem a cesta básica do belo-horizontino estão cada vez mais caros. De acordo com dados da pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead), na passagem de setembro para outubro, o indicador apresentou variação positiva de 2,69%. Na prática, o aumento significa que a cesta básica está custando ao consumidor da Capital R$ 604,22 ao mês, valor equivalente a 54,93% do salário mínimo e que é o maior registrado em toda a série histórica.
Em um ano, o preço evoluiu em mais de R$ 80,00, uma vez que no mesmo período do ano passado, outubro de 2020, o valor da cesta era calculado em R$ 520,79 (49,84% do salário mínimo). Vale ressaltar que os produtos avaliados na pesquisa da cesta básica foram instituídos pelo Decreto-Lei 399/38 e projetam os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação.
O tomate do tipo Santa Cruz é o que desponta como principal influência para o aumento do custo da cesta básica na capital mineira, já que o produto sofreu uma variação de 40,72% no último mês, seguido pela batata inglesa (12,23%).
Conforme explica o gerente de pesquisas da Fundação Ipead, Eduardo Antunes, o valor total da cesta básica registra aumentos nos últimos 5 meses, e a variação decorrente do preço do tomate pode ser explicada pela instabilidade que os produtos de hortifrúti sofrem de maneira geral.
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“Sabe-se que o tomate não gosta muito de chuva. E, além da questão climática, que causa problemas para a produção, temos também as questões de custos de distribuição e transporte, com os aumentos constantes do combustível. E a própria necessidade de transporte recorrente do tomate, por ser muito perecível”, afirma Antunes.
Ainda de acordo com o gerente de pesquisas, o aumento registrado torna a tarefa das compras do dia a dia mais complicada, já que as variações positivas verificadas nos últimos meses não são acompanhadas na renda fixa das pessoas ou até mesmo para aquelas que recebem diferentes salários a cada mês.
Turismo contribui com IPCA
Já o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), responsável por demonstrar a evolução de gastos das famílias que têm renda entre 1 a 40 salários mínimos, especificamente de Belo Horizonte, registrou variação positiva de 0,95%. Enquanto isso, o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), que se refere às famílias com 1 a 5 salários mínimos, teve variação também positiva de 1,00%.
Em outubro do ano passado, as variações do IPCA e do IPCR em Belo Horizonte, foram, respectivamente, de 0,69% e 0,93%. O ponto em comum das variações positivas de 2020 e 2021 está no serviço/produto responsável por elevar o índice no mês: as excursões.
De acordo com Eduardo Antunes, esse é um produto que, tradicionalmente, nesta época do ano já começa a fazer a diferença no índice em decorrência do aumento da demanda. Na pesquisa relacionada ao IPCA de outubro de 2021, as excursões tiveram contribuição de 8,93% na alta do índice, à frente apenas da gasolina (3,90%). Em 2020, no mesmo período, as excursões também contribuíram para a variação positiva do índice, mas a variação era de 2,59%.
“Esse é um serviço e produto que tem um pouco da característica de sazonalidade em julho e dezembro. E está mostrando agora a retomada desse tipo de serviço, porque a pandemia causou uma restrição muito grande no setor do turismo. E o controle da pandemia gera uma demanda bem grande para o setor, o que coincide com as férias de fim de ano”, explica o gerente de pesquisas da Fundação Ipead.
Antunes destaca, ainda, que, além da demanda, a elevação no valor das passagens, que acontecem em meio às altas nos valores dos combustíveis, e os serviços de hospedagem, que permaneceram longos períodos fechados ou que ainda atuam com capacidade reduzida, repassam os preços aos consumidores.
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