Economia

Valor das dívidas em Belo Horizonte atinge o equivalente a 3,5 salários mínimos

O valor médio devido na capital mineira passou de R$ 4.283,69, em dezembro de 2022, para R$ 4.558,37 em maio deste ano
Valor das dívidas em Belo Horizonte atinge o equivalente a 3,5 salários mínimos
Crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O valor médio das dívidas dos belo-horizontinos vem apresentando um crescimento de 1,2%, desde dezembro do ano passado. É o que revela uma pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).

O levantamento foi feito com base nos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e aponta que o valor médio devido na Capital passou de R$ 4.283,69, no último mês de 2022, para R$ 4.558,37 em maio deste ano. Isso é o equivalente a 3,5 salários mínimos.

A inadimplência entre os moradores da capital mineira apresentou crescimento de 5,81% na comparação com maio do ano anterior, quando o indicador estava em 4,83%. Já na comparação com o mês de abril, o avanço foi de 1,96%.

Segundo o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, a inadimplência no município já vem apresentando alta desde janeiro de 2022, com picos em agosto e setembro do ano passado.

Ainda que o mercado de trabalho venha melhorando ao longo dos meses, assim como a massa salarial, a inflação elevada, a alta taxa de juros e endividamentos provocados pela pandemia têm dificultado a negociação das dívidas das famílias”, explica.

Mulheres e idosos são os maiores devedores

Na divisão por idade, a população entre 65 e 95 anos apresenta maior inadimplência (15,81%). Um dos principais motivos é a redução da renda – por conta da aposentadoria – e as despesas mais altas com saúde.

Por outro lado, os jovens entre 18 e 24 anos de idade são a faixa populacional com menor inadimplência, com uma variação negativa de 1,68%. Souza e Silva explica que esse ocupou as principais vagas de emprego geradas nos últimos meses e isso possibilitou que sua renda fosse aumentada. “Com isso, conseguiram honrar com os compromissos financeiros”, completa.

Já na divisão por gênero, as mulheres estão entre as mais inadimplentes, com 5,41% contra 3,48% dos homens. Isso pode ser explicado pelo fato da taxa de desemprego entre o gênero feminino ser superior ao masculino. O índice de desemprego entre as mulheres foi de 9% e, entre os homens, foi de apenas 5,7%.

Outro fator que influencia no aumento da inadimplência entre as mulheres é a disparidade salarial entre os sexos. O salário médio das mulheres é R$ 3.221, enquanto os homens recebem, em média, R$ 4.225. Isso representa uma diferença de 36,25% entre eles.

Dívidas por CPF

A pesquisa realizada pela CDL/BH também apontou um aumento no número de dívidas por CPF em Belo Horizonte. Os números do SPC Brasil revelam uma ascendência que já dura desde janeiro do ano anterior. Em maio deste ano, o indicador ficou em 17,1%, 9,9 pontos percentuais (p.p.) acima do registrado no mesmo período de 2022 (7,2%).

“Um CPF é registrado somente uma vez na base de inadimplentes. O que varia é o volume de dívidas, ou seja, o valor devido, e o número de contratos em atraso. Um CPF pode ter, por exemplo, uma única dívida de R$ 5 mil, e outro CPF possuir cinco dívidas de mil reais cada. Neste caso, ambos teriam o mesmo volume de dívidas, mas número de contratos em atraso diferente”, explica a economista da CDL/BH,  Ana Paula Bastos.

Na visão da economista, esse aumento está ligado ao período de instabilidade econômica ocasionado pela pandemia. “Nesse cenário, marcado por recessão e desemprego, as pessoas enfrentam dificuldade para quitar as contas básicas (água, luz, aluguel, gás) e precisaram recorrer às linhas de crédito, o que ocasionou um endividamento excessivo”, detalha.

Planejamento financeiro

Ana Paula Bastos destaca que a falta de planejamento financeiro em um cenário de alta inflação e juros elevados pode ser o estopim para uma crise financeira. 

Ela ainda conta que a maioria das pessoas ainda não aprendeu a se relacionar de forma saudável e consciente com o dinheiro. “Muitos gastam mais do que ganham, não analisam seu orçamento e, com isso, geram uma crise nas finanças da casa”, relata.

A economista reforça a importância das famílias entenderem tanto a sua realidade financeira quanto a de seu País. “Ao realizar compras, especialmente as parceladas, é preciso avaliar a incidência de juros, impacto do valor das parcelas no orçamento e prazo de pagamento”, aconselha.

Já o presidente da CDL/BH destaca que é preciso mudar a forma como nos relacionamos com o dinheiro. “O consumidor deve analisar de forma consciente e crítica seus gastos, ponderar cortes e saber que o velho hábito de gastar tudo o que ganha é o caminho mais curto para acumular dívidas”, alerta.

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