Valor das dívidas das empresas bate recorde em Minas Gerais

O valor somado das dívidas das empresas de Minas Gerais chegou a R$ 14,9 bilhões em abril de 2025, o maior montante já observado na série histórica do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, iniciada em 2019. Foi o quarto recorde consecutivo do montante. Em relação a março, a cifra devida pelos CNPJs aumentou R$ 500,2 milhões.
De acordo com a pesquisa, 681.509 empresas mineiras, ou seja, 27,4% de todas as que estão ativas no Estado, estavam com contas em atraso no quarto mês deste ano, o que também representa o maior número da história. Em comparação ao mês imediatamente anterior, a lista de inadimplentes ganhou 17.472 novos negócios.
No Brasil, o cenário foi parecido. Em abril, a inadimplência atingiu 7,5 milhões de empresas do País, o maior nível desde o início da série histórica. Somente em São Paulo, 2,5 milhões de CNPJs tinham boletos atrasados – Minas Gerais ocupou a segunda posição. Da mesma forma, o valor consolidado das dívidas somou R$ 177 bilhões e alcançou o pico.
A Serasa não faz esse recorte estadual, mas nacionalmente, a maioria dos inadimplentes, 7,1 milhões, se enquadrava como micro e pequenas e empresas (MPEs). Entre os setores, a maior proporção de CNPJs com contas em atraso no período eram de serviços (53,3%), seguido por comércio (34,5%), indústria (8,0%), outros (3,2%) e primário (1,0%).
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Elevado patamar da taxa de juros impacta resultados
O economista e professor dos cursos de Gestão do Centro Universitário Una e do UNI-BH, Fernando Sette Júnior, explica o que tem motivado a elevação da inadimplência entre as empresas do País e de Minas Gerais. Os resultados estão relacionados ao recorrente aumento da taxa de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano (a.a.).
Conforme o especialista, a alta da taxa de juros deixa o crédito mais caro, dificultando não só o financiamento empresarial, como também o refinanciamento. Um exemplo é o do CNPJ que financiou uma dívida na época em que a Selic estava em 10% a.a. e, por não ter um fluxo de caixa positivo no momento a ponto de conseguir quitar o débito, precisa refinanciá-lo, porém, com juros a 15%, o que compromete ainda mais o fluxo de caixa.
“E por que esse fluxo de caixa está comprometido? Também devido à elevação da taxa de juros. A empresa estava com uma perspectiva de fluxo de caixa, de venda, de uma demanda para a oferta numa ótica, mas com o aumento da taxa de juros, há uma desaceleração da capacidade de consumo, o que reduz a receita e o fluxo de caixa”, pontua.
“É um efeito cascata: uma inadimplência vai levando a outra, o fluxo de caixa não consegue suportar, e as empresas podem chegar num ponto ainda pior, com pedido de recuperação judicial ou o encerramento das atividades”, ressalta.
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