Economia

Escalada do dólar e seus efeitos na economia de Minas Gerais

Escalada do dólar e seus efeitos na economia de Minas Gerais
O sobe e desce do dólar tem efeito direto na economia, seja no mercado interno ou nas vendas de produtos no mercado externo

O dólar acima da casa dos R$ 4,00 é uma faca de dois gumes para a economia de Minas Gerais. De um lado, exportadores se beneficiam porque as vendas se tornam mais rentáveis. De outro, importadores de matérias-primas ou produtos veem seus custos aumentar e a consequência pode ser o aumento de preços na ponta do consumo.

Para o comércio de Minas, o dólar acima da barreira dos R$ 4,00 tem dois impactos, como explicou o coordenador do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Guilherme Almeida. “O primeiro é o direto. Estabelecimentos que comercializam bens importados tendem a elevar seus custos e isso pode chegar na ponta do consumo”, disse.

Ainda assim, segundo o economista da Fecomércio, o aumento do preço final do produto pode não ser aplicado na mesma dose da valorização do dólar por causa do alto grau de competitividade do varejo e das características de alguns produtos, que basicamente não se diferem de loja para loja.

“O outro impacto é o indireto: o dólar impacta toda a cadeia produtiva e, quando olhamos para a indústria, ela é basicamente dolarizada, dos insumos aos maquinários importados. Esse custo é repassado para toda a cadeia e o empresário varejista e consumidor final também sentem”, acrescentou Almeida.

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No caso do agronegócio estadual, a valorização do dólar acima dos R$ 4,00 causa efeitos parecidos com o que é observado no comércio. “São duas vertentes. A balança de Minas é muito focada em produtos do agronegócio e somos os principais exportadores de diversos itens. O dólar mais caro potencializa nossas exportações, mas podemos ter aumento de produtos que consumimos fortemente e que não produzimos ou temos dependência do mercado externo, como o trigo”, explicou a coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas Veloso.

Segundo ela, enquanto alguns produtos que já são competitivos no mercado externo, como suínos, soja e frangos ganham ainda mais competitividade com o dólar mais valorizado, outros produtos que precisam ser importados, como defensivos e fertilizantes, ficam mais caros para o produtor rural, para a agroindústria e, na ponta, para o consumidor final.

Já para o comércio exterior de Minas, com exportações concentradas em commodities minerais e agrícolas, como o minério de ferro e o café, a consequência de um dólar valorizado é o ganho de rentabilidade. “Quem compra commodities não compra em função do preço. A alta do dólar representa um fator de rentabilidade: se vende pelo mesmo preço, mas se recebe mais em reais”, afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) foi procurada pela reportagem, mas até o final desta edição não retornou e nem comentou o assunto.

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