Economia

Valuation do Porto Sudeste e da Mineração Morro do Ipê ficam dentro do esperado pelo mercado

O Porto Sudeste e a Morro do Ipê foram colocados à venda por US$ 5 bilhões pelas proprietárias Mubadala e Trafigura
Valuation do Porto Sudeste e da Mineração Morro do Ipê ficam dentro do esperado pelo mercado
Foto: Morro do Ipê/ Divulgação

O valuation do Porto Sudeste e da Mineração Morro do Ipê, ativos de propriedade da Mubadala e da Trafigura colocados à venda por US$ 5 bilhões, ficou dentro do que o mercado já esperava, conforme o economista e sócio da iHUB Investimentos, Lucas Sharau.

De acordo com ele, o número faz sentido, principalmente, por três fatores. O primeiro é a capacidade de movimentação do terminal portuário, de 50 milhões de toneladas, com possibilidade de dobrar para 100 milhões de toneladas.

“O segundo é o potencial de crescimento da mina, que ainda opera abaixo do limite produtivo. E o terceiro é o valor de ter um sistema totalmente integrado, que reduz gargalos logísticos, algo que sempre carrega prêmio no mercado, especialmente num país onde o transporte rodoviário ainda domina”, destaca.

Segundo o especialista, é natural que haja um grande interesse pelos empreendimentos. Para ele, os potenciais interessados divulgados pela imprensa também fazem sentido.

Ele explica que os chineses continuam olhando para o Brasil como um pilar de abastecimento de minério, ainda mais em um momento em que buscam diversificar fornecedores. Já os fundos globais de infraestrutura, como o Macquarie, têm apetite por ativos logísticos de longo prazo, com fluxo previsível e barreiras de entrada elevadas.

O economista também esclarece que a Vale poderia enxergar valor na sinergia entre produção e logística, mesmo que o volume da mina não seja transformacional para a companhia. E ressalta que os investidores do Oriente Médio, sobretudo de Dubai, têm ampliado presença em energia, logística e commodities no País.

“E não dá para descartar players indianos buscando garantir acesso ao minério, além de operadores globais de terminais portuários que veriam o ativo como uma forma de fortalecer presença na América do Sul”, adiciona o especialista à lista de possíveis interessados.

Venda dos ativos não é um simples desinvestimento

A eventual transação do Porto Sudeste e da Morro do Ipê é um movimento que marca um novo capítulo na maturação dos ativos de mineração e logística no Brasil, na avaliação de Sharau. Ele pontua que o negócio envolve um pacote completo: uma mineradora com potencial de expansão, uma planta de beneficiamento e um terminal portuário com padrão de classe mundial, tudo isso interligado por uma ferrovia estratégica.

“Quando você olha para esse sistema como um todo, fica claro que é um ativo raro e altamente estratégico. É uma cadeia completa, que vai da produção ao escoamento entre Minas Gerais e Rio de Janeiro”, afirma.

“No fim das contas, essa venda não é um simples desinvestimento. Ela se parece muito mais com um ciclo natural de rotação de portfólio, típico de fundos soberanos e traders globais. O ativo amadureceu, ganhou tração e agora está pronto para novos controladores”, pondera.

Negociação trará consequências para os dois setores

O especialista ainda analisa que se a negociação, de fato, acontecer terá efeitos tanto sobre o setor mineral quanto o portuário. Ele pontua que, caso um grande operador global assuma o terminal, aumentará a competição logística no Sudeste, o que pode melhorar a eficiência e ampliar acesso para produtores médios. Por outro lado, um comprador mais focado pode tornar o terminal mais cativo, alterando preços e capacidade na região.

No lado da mineração, o economista diz que uma transação desse porte reforçará como o Brasil continua sendo um player valioso, ainda que muitas vezes subprecificado, especialmente com a moeda desvalorizada e a desaceleração da China.

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