Economia

Varejo de Minas fecha 2020 com crescimento de 3,5% nas vendas

Varejo de Minas fecha 2020 com crescimento de 3,5% nas vendas
CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

Mesmo com todos os desafios e reflexos da pandemia da Covid-19, o volume de vendas do comércio varejista em Minas Gerais apresentou avanço em 2020 na comparação com 2019. A alta, de janeiro a dezembro, foi de 3,5%, na série com ajuste sazonal. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor, ao longo do ano passado, viveu momentos distintos. A supervisora de pesquisa econômica da entidade, Claudia Pinelli, ressalta que vários estabelecimentos ficaram fechados por conta das medidas de isolamento social, adotadas como uma maneira de combater a Covid-19. Posteriormente, quando tudo voltou a funcionar novamente, o segmento passou por um período de recuperação, impulsionado até mesmo pela demanda reprimida.

“Houve uma recuperação após a abertura e essa recuperação foi muito intensa. Os resultados foram fortes bem no início. A atividade agora está caminhando para uma estabilidade”, diz ela.

Tanto é que, na passagem de novembro para dezembro, o segmento em Minas Gerais registrou queda de 4,4% – a quarta retração consecutiva. No entanto, em relação a dezembro de 2019, os números foram positivos, com um crescimento de 4,8%.

Além da estabilização dos números em dezembro, Claudia Pinelli explica ainda que o recuo no último mês do ano passado também é um reflexo da Black Friday, que ocorre em novembro.

A data, que é marcada por vários descontos em diversos estabelecimentos, muitas vezes faz com que os números aumentem bastante em novembro, o que interfere nos resultados do mês seguinte, já que muitas pessoas aproveitam para antecipar as compras de fim de ano.

Setores – Os dados do IBGE também revelam quais foram os segmentos dentro do comércio que mais apresentaram alta em dezembro de 2020 na comparação com igual período de 2019.

Conforme ressalta Claudia Pinelli, esses avanços estão ligados ao fato de as pessoas estarem mais tempo em casa por conta do distanciamento social. Além disso, acrescenta ela, os setores que mais tiveram incremento não pararam de funcionar no período em que as medidas de isolamento social foram mais rígidas, como o segmento farmacêutico.

Nesse cenário, então, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosmético tiveram um incremento de 22,2%. Outros destaques foram hipermercados e supermercados (4,9%), que, segundo Claudia Pinelli, poderiam ter avançado mais, não fosse a pressão inflacionária que os alimentos sofreram. Combustíveis e lubrificantes também tiveram alta (4,6%).

No comércio varejista ampliado, por sua vez, na mesma base de comparação, houve avanço do setor de veículos, motocicletas, partes e peças (14,5%) e de material de construção (0,5%).

Perspectivas – A supervisora de pesquisa econômica do IBGE ressalta que o cenário ainda é de incertezas e que os indicadores, inclusive, refletem isso. Ela lembra que o ambiente macroeconômico ainda não está favorável para as famílias até no que diz respeito à geração de emprego e renda. A tendência, então, é de que os números continuem se estabilizando.

Apesar do incremento anual, em dezembro, no confronto com novembro, o comércio mineiro registrou queda de 4,4% | Crédito: Adão de Souza / PBH

Varejo mineiro mostra otimismo para 1º semestre

Apesar do momento vivenciado por toda a sociedade, em virtude da pandemia do novo coronavírus, o início do ano sempre é marcado pelas boas expectativas e planos para os próximos meses. No comércio varejista, o primeiro semestre de 2021 impacta positivamente 44,1% das empresas em Minas Gerais, que acreditam que o período será melhor que o segundo semestre de 2020. Essa confiança é justificada pela presença de uma das datas comemorativas mais importantes para o setor: o Dia das Mães. 

Segundo a pesquisa de Expectativa de Vendas, elaborada pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio-MG, o Dia das Mães (36,4%) é considerado como uma das datas mais rentáveis para o comércio. Em seguida, está o Carnaval (14,2%), a Páscoa (13,0%) e o Dia dos Namorados (12,5%), que devem contribuir para o crescimento das vendas no primeiro semestre de 2021. 

O levantamento pontuou ainda que 30,2% do comércio investirá em ações promocionais, ao passo que 25,9% realizarão ações de divulgação/propaganda. “Embora o setor terciário enfrente um dos momentos mais delicados da história, os empresários enxergam o primeiro semestre como uma boa oportunidade para retomarem seus negócios. Para isso, é preciso adotar medidas como um planejamento estratégico, a readequação de serviços e produtos e um atendimento diferenciado para atrair os clientes e garantir um giro de vendas durante o período”, explica o economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida. 

A pesquisa apontou também que 40,4% dos empresários viram seu volume de vendas melhorar no segundo semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019. Dentro desse índice, em 64% dos estabelecimentos, a melhora foi de até 20%.

Ainda de acordo com o levantamento, o otimismo/esperança foi o motivo citado por 48,0% dos empresários para justificar as boas perspectivas. “Cerca de 34% das empresas acreditam em outros motivos, como o maior consumo das pessoas em isolamento social, o início da vacinação e a melhora na economia como fatores que contribuirão para alavancar o setor. Além disso, 10,7% delas apostam no aquecimento das vendas neste primeiro semestre”, destaca o economista-chefe. 

Entre os segmentos que devem sobressair no período estão: informática, telefonia e comunicação (72,7%); combustíveis e lubrificantes (70,0%); veículos e motocicletas, partes e peças (63,4%); livros, jornais, revistas e papelarias (60,0%); bem como joias, óticas, artigos recreativos e esportivos e eletroeletrônicos (57,1%). Já o cartão de crédito é apontado por 43,1% dos empresários como a principal forma de pagamento que será utilizada pelos consumidores. 

Desafios – O levantamento apurou ainda que os principais obstáculos para o consumo deverão ser a pandemia de Covid-19 e o fim do auxílio emergencial (73,3%), além do desemprego (19,0%); o momento econômico do País (13,2%); a alta dos preços dos produtos (11,2%), o endividamento do consumidor (4,0%); e a concorrência desleal (2,5%). 

A pesquisa foi realizada entre os dias 7 e 27 de janeiro de 2021. Ao todo, foram avaliadas 401 empresas, sendo pelo menos 40 em cada região de planejamento (Alto Paranaíba, Central, Centro-Oeste, Jequitinhonha-Mucuri, Zona da Mata, Noroeste, Norte, Rio Doce, Sul de Minas e Triângulo) de Minas Gerais. A margem de erro da análise é de 5%, com um intervalo de confiança de 95%.

De janeiro a dezembro do ano passado, as vendas no varejo nacional subiram 1,2% segundo o IBGE | Crédito: Ricardo Moraes / Reuters

Avanço no País tem ritmo mais fraco em 4 anos

São Paulo/Rio de Janeiro – As vendas no varejo brasileiro terminaram 2020 com alta pelo quarto ano consecutivo, mas no ritmo mais fraco nesse período em meio às medidas de contenção ao coronavírus, depois de despencarem em dezembro e retornarem ao nível pré-pandemia.

No acumulado do ano passado, as vendas tiveram aumento de 1,2%, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o resultado mais fraco nos quatro anos seguidos de ganhos, e o setor iniciou 2021 com incertezas envolvendo principalmente o alto nível de desemprego e a possível renovação do pagamento do auxílio emergencial.

Em dezembro, as vendas despencaram 6,1% na comparação com novembro, contra expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de apenas 0,5%.

Foi o dado mais fraco para o mês na série histórica iniciada em janeiro de 2001 e, no geral, fica atrás apenas da queda de 17,2% vista em abril, auge da pandemia de coronavírus.

Na comparação com dezembro de 2019, houve alta de 1,2%, bem abaixo da expectativa de avanço de 6%. O quarto trimestre terminou com recuo de 0,2% das vendas na comparação com os três meses anteriores, depois de salto de 15,5% no terceiro trimestre.

Com esses resultados, o varejo terminou o ano passado no mesmo patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. Depois de fortes quedas em março e abril, o setor varejista registrou crescimento de maio até outubro, ultrapassando o patamar pré-pandemia, mas voltou a contrair nos últimos dois meses do ano.

“Zeramos a conta. Estávamos 6,5% acima do patamar pré-crise e agora zeramos”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Auxílio – O IBGE mostrou que em 2020 cinco das dez atividades do comércio varejista, contando com varejo ampliado, tiveram alta. Os destaques foram material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%).

Já em dezembro, todas as dez atividades fecharam com queda frente a novembro. As vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 13,8%, enquanto as de tecidos, vestuário e calçados recuaram 13,3%.

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que respondem por quase metade do resultado total da pesquisa do varejo, apresentaram queda de 0,3% nas vendas do mês, em resultado influenciado pela inflação de alimentos.

“Ao longo do ano de 2020, o auxílio emergencial teve impacto significativo. O consumo extra das famílias de baixa renda tem a ver com o auxílio, isso fez com que a atividade tivesse um bom desempenho”, disse Santos.

“Em dezembro, a queda tem ligação com o menor volume de recursos por conta da redução do auxílio emergencial”, completou.

As vendas varejistas foram alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus, após atingirem o fundo do poço em abril diante das medidas restritivas adotadas para reduzir a disseminação do vírus.

No final do ano, o varejo sofreu com o aumento da inflação, e a recuperação agora passa ainda por uma retomada do trabalho, que vem enfrentando mais dificuldades. (Reuters)

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