Varejo fecha 2021 com alta de 1,34% na Capital

O comércio varejista de Belo Horizonte encerrou 2021 com crescimento de 1,34% em relação ao ano anterior, segundo a pesquisa Termômetro de Vendas, realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Na comparação de dezembro de 2021 com o mesmo mês do ano anterior, o avanço foi de 0,36%.
Vários foram os fatores que impulsionaram as vendas no varejo da Capital, aponta o presidente da CDL-BH, Marcelo Souza e Silva. A começar pela demanda reprimida: “O consumidor até tentou se habituar às compras eletrônicas, mas a nossa cultura é ir nas lojas, olhar o produto, negociar as condições de pagamento. Ele pode até buscar informações na internet, mas fecha o negócio na loja”, garante Silva.
Outro fator positivo foi a regularização do pagamento dos funcionários estaduais – com os salários em dia, a economia belo-horizontina ganhou uma injeção de R$ 800 milhões. No caso do comércio, a atualização dos pagamentos não trouxe apenas dinheiro para o consumidor, mas também confiança para comprar.
Com o fim das restrições sanitárias, o simples fato de voltar às lojas também impulsionou o comércio. “Se o cliente tiver um bom atendimento, for bem recebido, ele compra mais alguma coisa. Entre esses diferenciais de atendimento, inclusive, está o cumprimento dos protocolos sanitários. Se o vendedor está sem máscara e não tem álcool em gel, ele (cliente) perde a confiança e não volta”, diz o presidente da CDL-BH.
É claro que o crescimento poderia ser maior, se a economia não tivesse tantos problemas a enfrentar. “A alta da inflação e dos juros prejudica tanto o consumidor, que perde poder de compra, quanto o lojista, que se vê impedido de alavancar seus negócios, investindo em um novo layout ou comprando melhor”, lamenta o dirigente.
Os prejuízos da pandemia ao comércio de Belo Horizonte foram muitos. Muita gente fechou loja e abriu com outro tipo de negócio. Outros fecharam para o público, mas continuam atendendo pelo digital. Mas a percepção da CDL-BH é de que entre 5 e 8 mil empresas de comércio e serviços, principalmente micro e pequenas, fecharam suas portas nos últimos dois anos.
Mesmo assim, em Belo Horizonte, o setor foi o que mais empregou no último ano. Quase 80% das mais de 56 mil novas vagas foram criadas no setor de comércio e serviços. Dos 2,7 milhões de empregos formais criados no País em 2021, 643,7 mil são no comércio, segundo o Caged, o que significa que uma a cada quatro vagas pertence ao segmento.
“Tem sido uma luta e ela ainda não acabou. Mas eu sou um otimista e acredito que, este ano, nós vamos superar os números de 2019”, diz Marcelo Souza e Silva.
Destaques
Entre os setores que mais cresceram na Capital estão o comércio varejista de drogarias e cosméticos (+5,35%), artigos diversos que incluem brinquedos, óticas, caça, pesca, material esportivo, bicicletas e instrumentos musicais (+2,14%), material elétrico e de construção (+1,37%), supermercados (1,29%), informática (+0,52%) e veículos e peças (+0,85%). Na contramão, os que sofreram maiores quedas foram: eletrodomésticos e móveis (-7,56%), vestuário e calçados (-2,69%) e papelaria e livrarias (-1,46%).
O crescimento das vendas não se dá de maneira uniforme. A loja das Óticas Carol no Shopping Cidade, por exemplo, teve queda expressiva nas vendas. “Este não é um shopping de passeio, com trânsito expressivo de clientes. Nosso público é aquele dos escritórios aqui no Centro que passou a trabalhar em home office”, define o vendedor Tiago Santos.
Em compensação, as vendas na unidade do BH Shopping cresceram “bastante”, diz Santos. O que ele atribui não só à localização em um centro de compras muito frequentado, mas também a um mix de diferenciais que soma atendimento diferenciado, muitas novidades nas prateleiras e a reforma das lojas.
Comércio do País
No panorama nacional, o varejo ampliado, que inclui o comércio varejista, além do comércio de veículos, motos, peças e materiais para construção, as vendas também cresceram. De acordo com o IBGE, houve um avanço de 4,5% e, em relação ao comércio varejista, de 1,4%. O primeiro semestre do ano concentrou o crescimento do setor. No segundo, as vendas avançaram em ritmo moderado, mas sem comprometer o resultado anual.
As categorias do comércio nacional que registraram crescimento no último ano, segundo o IBGE, foram: tecidos, vestuário e calçados (+13,8%), artigos de uso pessoal que engloba o comércio de jóias, óticas, entre outros (+12,7%), artigos médicos e farmacêuticos (+9,8%) e combustíveis e lubrificantes (0,3%).
A desaceleração foi notada com maior intensidade nos segmentos de livros, jornais e papelarias (-16,9%), móveis e eletrodomésticos (-7%), supermercados (-2,6%) e materiais para escritório (-2%).
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