Comércio mineiro prevê aumento nas vendas no segundo semestre

Os empresários do setor varejista de Minas Gerais estão otimistas com as vendas para o segundo semestre deste ano, tanto na comparação com o primeiro semestre, bem como frente ao mesmo período de 2022, é o que mostra uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Inteligência e Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), realizada com comerciantes de todo o Estado. Além das datas comemorativas no período, a melhora de indicadores econômicos deve impulsionar os negócios.
Para 68,2% dos lojistas, o período será melhor que o primeiro semestre. O motivo, conforme a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, é o calendário cheio de datas que estimulam o consumo, como Dia das Crianças, Dia dos Pais, Black Friday e Natal. “É um comportamento sazonal do comércio”, frisa.
O levantamento ainda mostrou que para 40% dos varejistas a expectativa para as datas comemorativas do segundo semestre de 2023 é de resultados melhores que aqueles apresentados no ano anterior, enquanto 22,7% esperam igualar o número de vendas e 14,5% estimam que fique abaixo do alcançado no segundo semestre de 2022.
Para o economista da Associação Comercial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, o resultado dos últimos seis meses do ano ante igual intervalo de 2022 tende a ser melhor por vários fatores, entre eles inflação mais baixa na comparação com o exercício passado.
Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou deflação no País em junho. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve queda 0,08%, é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice no Brasil registrou deflação de 0,23%. Em Belo Horizonte foi verificada alta de 0,31%, patamar menor que o verificado no mês anterior (0,48%).
No ano, o IPCA acumula alta de 2,87% no País e nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2022, a variação da inflação foi bem maior, com elevação de 0,67%.
Outro motivo para o otimismo, conforme Casaca, são os dados de desemprego. Também segundo o IBGE, a taxa caiu para 8,3% no trimestre encerrado em maio no País. É o menor nível para o período desde 2015, quando o indicador também ficou em 8,3%. Em Minas, a taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2023 foi de 6,8%.
A economista da Fecomércio MG também destaca a melhora na economia neste ano, apesar da alta taxa de juros e do aumento do endividamento do consumidor, fruto do fim da pandemia e das medidas adotadas pelo governo para transferência de renda. Conforme informações do governo federal, o Bolsa Família de junho teve o maior valor médio da história: R$ 705,40. Foram quase R$ 15 bilhões em repasses para estados e municípios, que contemplam 54 milhões de brasileiros.
Para o economista da ACMinas, os resultados poderiam ser melhores se a taxa básica de juros tivesse redução. A Selic está em 13,75% ao ano e se mantém neste nível desde agosto de 2022, e é a maior desde janeiro de 2017. Ele destaca que os juros altos dificultam o acesso aos bens de maior valor agregado, como a linha branca, já que torna o crédito mais caro.
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Dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) divulgados nesta semana confirmam a análise do especialista, já que o setor de linha branca, representado, principalmente por geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupas, teve alta de 4% nas vendas no primeiro semestre de 2023 frente igual intervalo de 2022. Apesar do crescimento, é, segundo a entidade, um dos piores períodos da década.
O resultado do primeiro semestre da indústria nacional de eletroeletrônicos foi puxado pelo segmento de portáteis, com alta de 13%. O produto que apresentou o maior crescimento neste segmento nos seis primeiros meses deste ano foi a Air Fryer, com vendas 85% acima das registradas entre janeiro e junho de 2022.
O coordenador do curso de MBA em Gestão Financeira e Controladoria da Estácio BH, Haroldo Andrade Junior, também aposta em resultados melhores no segundo semestre deste ano, tanto frente aos seis primeiros meses de 2023 como na comparação com igual período de 2022, o que deve se refletir no aumento da contratação de temporários.
Gabriela Martins diz que a Fecomércio ainda não realizou a pesquisa que aponta qual será o volume de contratação de temporários para o segundo semestre e para as festas de fim de ano. “É sazonal, é esperado que haja uma elevação das contratações, do número de trabalhadores do comércio para atender ao aumento da demanda típica desta época do ano”, observa.
Resultados
Ainda segundo o levantamento da Fecomércio MG, mais da metade dos empresários do comércio varejista alcançaram suas expectativas de vendas no primeiro semestre de 2023 (52,7%), enquanto 46,4% ficaram desapontados com os resultados. Entre as justificativas apresentadas para os resultados abaixo do esperado, a mais informada foi a mudança de governo. Outras justificativas como falta de crédito para investir em seus negócios, inflação alta e endividamento do consumidor foram apontadas pelos empresários do setor.
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