Varejo se recupera, enfim, das perdas da pandemia de Covid-19

Com crescimento estimado em 6% para 2024, o varejo mineiro está prestes a se recuperar, enfim, das perdas que amargou no período da pandemia de Covid-19. Desde o fim da crise sanitária, o setor vinha retomando lentamente os patamares de vendas e alcança agora o que representantes do setor classificam como números expressivos diante da base de comparação.
“É claro que ainda existem setores sofrendo. Mas quando começa a reduzir o desemprego, melhorar a renda do trabalhador e (a economia) começa a girar melhor, tem crescimento. Por isso, nossa perspectiva para 2025 é ainda melhor que a de 2024”, afirmou o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Nadim Donato, ao fazer um balanço do setor na coletiva de imprensa do Inova Varejo BH, o maior evento do varejo em Minas Gerais.
Promovido pelo segundo ano pelo Sistema Fecomércio-MG, Sesc e Senac e Sindicatos Empresariais, reuniu lojistas, empresários, influenciadores e possíveis empreendedores na sexta-feira (4), no Minascentro, na região central de Belo Horizonte.
Na ocasião, o público teve a oportunidade de fazer conexões entre líderes empresariais, se atualizar sobre o cenário econômico e conhecer as tendências e as inovações que estão transformando o mercado de bens, serviços e turismo.
Foram cerca de 2 mil pessoas em uma programação extensa, que contou com diversas celebridades e especialistas, entre eles, o ex-ministro Paulo Guedes. Um evento marcado por reflexões e inspirações que trouxeram um olhar estratégico para o futuro e a vontade de fortalecer a economia local.

Nadim Donato acredita que trazendo pessoas como o ex-ministro e o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Fábio Bentes, a Fecomércio-MG contribui para a divulgação de informações relevantes e facilita o debate acerca do que chamou de “inimigos comuns do comércio”.
Entre eles, o dirigente aponta como principais problemas os sites internacionais que pagam poucos impostos de importação e as bets, que hoje tiram empregos e recursos do Brasil e levam para o exterior.
“Além de discutir como a economia vai se comportar, estamos discutindo inimigos ocultos do nosso setor, que estão atrapalhando o trabalho do comércio de bens, serviços e turismo, por meio do desemprego e da evasão de recursos que deveriam ficar aqui e estão fora do Brasil. Eles não empregam e não pagam impostos”, argumentou.
Paulo Guedes: conflitos geram oportunidades para o Brasil
Ao ministrar a principal palestra do Inova Varejo BH, o ex-ministro Paulo Guedes, que lotou o auditório principal do Minascentro, comentou sobre a ascensão dos governos conservadores no mundo, os conflitos no Oriente Médio, as oportunidades que abraçam o Brasil e os riscos da imigração.
Sobre a retomada direitista, o ex-ministro entende que o movimento é a retomada de uma ordem internacional liberal-democrata, que foi um projeto mundial bem-sucedido do passado, aplicado no período pós-Segunda Guerra Mundial.
“O socialismo foi um fracasso total, completo e absoluto. Todos que brincaram disso fracassaram. A semidireita está subindo muito, é uma reação conservadora que veio para ficar”, disse.
Na análise de Guedes, a organização mundial do pós-guerra é a base da briga comercial que reflete até hoje no Oriente Médio. Os conflitos ditam a guerra comercial entre Estados Unidos (EUA) e China que está por trás.
“Isso não vai escalar em uma guerra mundial. O chinês é hoje o maior comerciante do mundo. Ele já comercializa mais que o próprio EUA e quem faz comércio não ganha nada com a guerra. Só perde”, completou.
Ele acredita que os conflitos ficarão complexos, mas não a nível mundial. E que chegará um momento em que a China forçará a Rússia a baixar a guarda, de forma que os Estados Unidos e aliados também o farão, dando fim à desordem atual.
Na visão do ex-ministro, é neste momento que o Brasil tem a oportunidade de emergir em meio a esta “confusão” como a maior fronteira de investimentos do mundo. “Temos segurança alimentar, segurança energética, influência digital, um horizonte extraordinário de oportunidades para nós. Os investimentos do ocidente não irão mais para a China e serão pulverizados. Em cinco anos que os investimentos migraram para o México, o PIB (Produto Interno Bruto) do México ultrapassou o do Brasil. E o que se fazia na China, está migrando para a Índia”, exemplificou.
Sobre os movimentos migratórios, Guedes se posicionou a favor do protecionismo, já que na opinião dele “virou um problema seríssimo” no mundo. O economista opinou que a imigração existe desde os primeiros povos e foi o primeiro equalizador dos preços dos fatores de produção mundial. O segundo foi o comércio e, por isso, a preocupação atual dos EUA com o avanço da China.
“O Ocidente apertou o botão de sobrevivência e os conservadores estão ganhando no mundo inteiro. Estão pedindo socorro para os conservadores”, disse. O imigrante é bem-vindo, na opinião do ex-ministro, porém, é preciso acompanhar os processos migratórios para que eles não dominem os espaços.
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