Vendas de aços planos recuam 3% no primeiro trimestre

Diante de um mercado enfraquecido, as vendas de aços planos feitas pelas distribuidoras recuaram 16,3% em março frente a igual período do ano passado. Com o resultado, as negociações ficaram 3% inferiores no primeiro trimestre, e somaram 947 mil toneladas.
O resultado causou frustração, uma vez que era esperado avanço nas vendas. Para abril, a estimativa é que as vendas cresçam cerca de 7% sobre março.
Conforme o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, as vendas do setor, frente a fevereiro, apresentaram um crescimento de apenas 0,8%, atingindo, então, o montante de 309,8 mil toneladas contra 307,3 mil.
“O crescimento das vendas foi muito pífio, de apenas 0,8%. A gente esperava um número melhor que este, mas, de qualquer maneira, foi o que tivemos. De janeiro a março tivemos uma queda de 3%, uma grande surpresa negativa porque estávamos imaginando um resultado positivo”.
Com a queda nas vendas, o setor seguiu segurando os níveis de estoques. Os dados do Inda mostram que as compras das distribuidoras de aços planos, em março, registraram queda de 5% quando comparadas com fevereiro, chegando, assim, em um volume total de 304,9 mil toneladas. Frente a março do ano passado, as compras caíram 15,5%.
Desta forma, no acumulado dos primeiros três meses do ano, as compras chegaram a 970,7 mil toneladas de aços planos, superando em 1,2% o volume registrado em igual período de 2023.
Estoques de aços planos
No fechamento de março, considerando o desempenho das compras e vendas, os estoques das distribuidoras de aços planos retraíram 0,5% frente a fevereiro, chegando a 903 mil toneladas. O volume é suficiente para um giro de 2,9 meses.
“O estoque registrou uma pequena queda, mas continua em um número muito bom, confortável e sendo perfeitamente suficiente para atender as necessidades e cumprir a função de abastecer os clientes”, disse Loureiro.
Para abril, segundo o representante do Inda, a expectativa é um pouco melhor, mas, caso alcançada, será apenas suficiente para recompor as perdas de março.
“Em abril, estamos estimando um crescimento de 7% nas compras e vendas. No ano passado, no mesmo período, tivemos uma queda grande nas vendas, de quase 18%. Então, se a gente crescer 7%, vamos terminar o quadrimestre praticamente no zero a zero. É uma recuperação em relação a março, mas não representa mais do que uma compensação do resultado de março”, disse.
Importações ainda em alta
O presidente do Inda comentou também sobre a taxação imposta pelo governo federal sobre o aço importado. A alíquota do imposto de importação passou para 25% sobre alguns produtos siderúrgicos. Segundo ele, a decisão foi sábia.
“A barreira é interessante no sentido de propiciar às usinas um certo horizonte que estava desaparecido com o grande volume de importação. Por outro lado, na medida em que não se cria um imposto generalizado, acaba agradando também as associações de consumidores de aços. Os consumidores estavam muito receosos em relação a criação de um preço de importação mais alto e que permitisse que as usinas aumentassem os preços. Também não acabou com as importações, criou-se um aumento de custo somente para uma parte do material. Então, a solução foi salomônica”.
Quanto às importações de aços planos, as mesmas seguiram aquecidas em março. Conforme os dados do Inda, as importações encerraram março com alta de 29,3% em relação ao mês anterior, somando, então, um volume de 249,1 mil toneladas. Frente ao mesmo mês do ano anterior, as importações registraram alta de 49,1%. Com o resultado, no primeiro trimestre, ingressaram no País 585 mil toneladas de aços, aumento de 17,4% quando comparado com igual período de 2023.
Segundo Loureiro, com o aumento do imposto, a tendência é que haja uma alta na importação nos próximos 60 dias. A estimativa é que haja uma corrida para internalização do material que está parado nos portos, acelerando, assim, as importações. Conforme o Inda, atualmente existem cerca de 200 mil toneladas de aços planos nos portos do País.
Setor distribuidor de aços planos à espera de uma melhor definição do cenário
Conforme o presidente do Inda, com a criação do imposto, a pressão que havia sobre as usinas para uma possível queda de preço foi reduzida, por outro lado, há uma tendência de aumento da nacionalização dos produtos que estão nos portos. Assim, não é possível estimar as tendências de preços.
Diante do cenário, o setor distribuidor se manterá à espera de resultados para tomar decisões em relação aos estoques.
“As decisões tomadas estão no panorama global e, neste panorama global, o mercado está fraco. Assim, hoje, poucas pessoas pensam em especular os estoques. O que move a distribuição para aumentar os estoques é o consumo. Hoje, é muito perigoso trabalhar em cima de decisões que não reflitam no consumo real. Não acredito em nenhuma corrida para comprar. Todo mundo vai deixar decantar bem para ver como o mercado reage e decidir se aumenta ou não o estoque”.
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