Economia

Gasolina puxa alta de 2,4% nas vendas de combustíveis em Minas; etanol cai 11,7%

Gasolina puxou desempenho, com alta de 8,8%, e etanol ficou na contramão, com queda de 11,7%
Gasolina puxa alta de 2,4% nas vendas de combustíveis em Minas; etanol cai 11,7%
Ao todo foram comercializados 14,9 milhões de metros cúbicos (m³) de combustíveis no Estado nos primeiros dez meses de 2025 | Foto: Reprodução Adobe Stock

As vendas de combustíveis pelas distribuidoras de Minas Gerais cresceram 2,4% no acumulado de janeiro a outubro deste ano se comparadas com as vendas do mesmo período de 2024. A alta de 8,8% na comercialização da gasolina, a maior entre os combustíveis, puxou o desempenho no Estado, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já as negociações de etanol caíram 11,7% na mesma base de comparação.

Ao todo foram comercializados 14,9 milhões de metros cúbicos (m³) de combustíveis no Estado nos primeiros dez meses de 2025. Deste total, 27,3% (4,08 milhões m³) foram de gasolina, 12,4% de etanol (1,85 milhão m³) e a maior fatia, 47,5% (7,29 milhões m³) de óleo diesel.

O economista e professor dos cursos de gestão e Relações Internacionais do UniBH, Fernando Sette Junior, analisa que em Minas, o comportamento das vendas segue particularidades regionais que ajudam a explicar os movimentos aparentemente contraditórios.

Segundo ele, a alta nas vendas de gasolina e a consequente queda do etanol hidratado no Estado têm sido impulsionadas sobretudo pela relação de preços desfavoráveis ao biocombustível. “Com a recomposição parcial de tributos federais sobre a gasolina ao longo de 2023 e início de 2024, esperava-se que o etanol ganhasse competitividade. No entanto, a dinâmica agrícola marcada por maior oferta de cana, recuperação de produtividade e foco das usinas no etanol anidro e no açúcar, manteve o hidratado relativamente caro na bomba”, explica.

No caso do óleo diesel, a alta no ano é de 2,7%. De acordo com os números da ANP, ao todo foram negociados 7,2 milhões de m³ de diesel no Estado, ante aos 7 milhões comercializados até outubro de 2024.

Nesse caso, assim como Sette Junior, o economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Silva, atribui o crescimento ao ritmo da atividade econômica. “Ela (atividade econômica) continua relativamente aquecida ou, pelo menos, com um desempenho acima do esperado e o diesel está associado ao transporte de mercadorias pelo modal rodoviário, modalidade que tem crescido e puxado a demanda”, afirma.

Já o etanol, conforme a ANP, é o único combustível que registra queda durante o ano. Enquanto em 2024, até outubro, 2,1 milhões de m³ de etanol foram comercializados, até outubro deste ano, as vendas reduziram para 1,8 milhão de m³. Por outro lado, em comparação a setembro, houve alta de 3,04% nas vendas.

“A alta nas vendas de um mês não chega a alterar o quadro geral de queda. O aumento em outubro pode estar refletindo ofertas e promoções pontuais ou expectativas de curto prazo por parte das distribuidoras”, avalia Sette Junior.

Silva do BDMG destaca que a expectativa é que as vendas de etanol continuem crescendo e que a distância entre a taxa de crescimento entre gasolina e etanol se reduza. “Esse movimento deve se dar até o primeiro trimestre do ano que vem, quando é esperado uma redução dos estoques de etanol e a partir dali devemos observar novamente a redução das vendas do biocombustível”, diz.

Vendas de GLP crescem e interrompem meses de queda

As negociações do gás liquefeito de petróleo (GLP) subiram 2,66% em outubro em relação a setembro, interrompendo dois meses de quedas consecutivas, que vinham sendo registrada desde agosto.

Nesse caso, Silva comenta que as vendas do GLP estão muito associadas à atividade industrial que, de forma geral, tem crescido e surpreendido de forma positiva. Já o economista e professor do UniBH, acredita que no caso do gás, o movimento de reversão após duas quedas anteriores pode ser atribuído a três vetores principais:

“Primeiro, a regularização dos estoques e da oferta, após períodos de ajustes logísticos e de preços no atacado; segundo, ao efeito defasado das reduções e reajustes nas refinarias, que só se transmitem ao consumidor com algum atraso e que, muitas vezes, criam ‘soluços’ estatísticos, como a queda em setembro seguida de aumento em outubro; e, por último, a fatores sazonais ligados ao consumo doméstico: meses mais frios ou períodos com maior permanência das famílias em casa tendem a elevar discretamente a demanda”, detalha.

Em síntese, Sette Junior observa que os movimentos recentes dos combustíveis em Minas Gerais refletem uma combinação de fundamentos econômicos: preço relativo, sazonalidade agrícola, atividade produtiva e comportamento racional do consumidor. “Nada indica, até aqui, rupturas de tendência, mas um mercado que responde, com precisão quase cirúrgica, às variáveis que o moldam”, conclui.

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