Economia

Vendas de materiais de construção sobem 20% no 1º semestre

Vendas de materiais de construção sobem 20% no 1º semestre
Entre os gargalos enfrentados pelo setor de material de construção está a alta nos preços | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

As vendas de materiais de construção tiveram um crescimento de 20% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2020. A informação é do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco BH). 

Apesar do crescimento, a base de comparação é fraca. Segundo o presidente da entidade, Júlio Gomes Ferreira, os meses de melhor resultado para o setor em 2020 foram entre os meses de maio e julho. “Foi um número muito pequeno e que não foi significativo para o comércio de material de construção como um todo. Na época, alguns setores tiveram vendas expressivas, outros não, mas de modo geral, as vendas do nosso segmento foram relevantes se pensarmos que todo o comércio parou ”, explica.

A pandemia de Covid-19, de acordo com Ferreira, acabou incentivando a maioria dos belo-horizontinos a apostarem nas reformas ou em novas construções. “Com as pessoas ficando por mais tempo dentro de casa, elas se sentiram mais animadas a investir em reformas e melhorias nas residências e esse movimento foi bem interessante”, opina.

A mesma avaliação é compartilhada pelo presidente da Associação de Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac), Flávio Gomes. Para ele, ao longo da pandemia, houve um crescimento na busca na compra de materiais de construção e que, neste ano, a procura tem-se mantido estável. Conforme dados da Acomac, o ano de 2020 fechou com um crescimento de 11%. “Apesar de não termos contabilizado um crescimento expressivo de vendas em 2020, houve uma procura grande das pessoas porque elas estavam fazendo reformas, aumentando espaços ou trocando de moradias. Neste ano, observamos uma estabilidade nessa demanda”, avalia.

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Um dos entraves dos comerciantes, no ano passado, foi a falta de material para a venda. Para o presidente do Sindimaco BH e Região, Júlio Ferreira, o desabastecimento do mercado comprometeu as vendas, o que acabou prejudicando o faturamento das lojas. “Muitas indústrias estavam completamente paradas porque não tinham insumos. Com isso, a demanda foi ficando cada vez mais alta. O que acabou gerando uma série de transtornos para a construção civil, além do encarecimento do material. Atualmente estamos começando a voltar à normalidade, mas ainda sim, registramos a falta de alguns produtos”, pontua.

O presidente da Acomac, Flávio Gomes, avalia que além das indústrias sofrerem com a falta de insumos, outros fatores contribuem com a falta dos materiais no comércio, como por exemplo a dificuldade no transporte e alguns insumos importados. “A falta de produtos na loja melhorou muito, mas ainda existem gargalos. Acredito que muitos deles estão ligados ao transporte de insumos devido ao aumento do combustível, que consequentemente eleva o frete. Outra questão é que alguns componentes são importados, o que acaba elevando o custo da produção e a escassez do produto”, enfatiza.

E com a alta nos preços repassados pelas indústrias, o setor também elevou os preços. De acordo com Júlio Ferreira, do Sindimaco, a inflação é um fator de grande preocupação para o empresariado, que ainda não sabe os rumos que esses aumentos ainda poderão tomar.

Para o setor, a expectativa é a de que o ano termine no positivo. “Um crescimento de 25% para o setor, se claro, as questões políticas não atrapalharem os rumos da economia do País”, complementa Ferreira.

A Acomac estima que o crescimento do setor neste ano deve atingir apenas 5%. “Acreditamos que deva ser um crescimento pequeno, principalmente devido às questões políticas do país, a inflação alta e o alto custo dos insumos”,avalia o presidente da Acomac, Flávio Gomes.  

Resultados ainda não superam 2019

Há 24 anos no mercado, o empresário Anderson Leão, da Casa Leão, viu o faturamento cair em 30% durante os picos da Covid-19. As vendas começaram a ganhar fôlego em maio do ano passado e não pararam mais. “Tive um bom período de boas vendas. Não posso reclamar. As pessoas investiram em reformas, ampliação de espaços em casa e até construção. Mas apesar disso, minhas vendas não superaram o meu faturamento de 2019”, conta.

Neste primeiro semestre, a loja fechou com um crescimento de 25,43%. Um pouco acima da média contabilizada pelo sindicato da categoria. Mesmo assim, o empresário analisa os números com cautela.

“A inflação no setor de material de construção está muito alta. Em um ano e meio o aço aumentou mais de 70%, o cimento 50%. É claro que esse crescimento reflete no faturamento. A indústria aplicou reajuste muito alto no plástico, base do cobre e isso é assustador. Para quem viveu nos tempos da remarcação de preços, é quase a mesma coisa. Isso encarece muito a obra e as pessoas acabam adiando esses sonhos ou necessidade”, pontua.

O empresário, que foi contaminado pela Covid-19, acredita na melhora do setor e que o ano feche com um crescimento de 25%. “Acredito que o setor mantenha esse crescimento até o fim do ano e que em 2022 as coisas voltem ao normal. Quando a gente chega muito perto da morte, como essa doença faz, nós acabamos colocando os sonhos em prática, é isso que as pessoas estão fazendo. Reformando os lares, fazendo aquela varanda que tanto adiava, assim como eu fiz. Isso vale a pena”, compartilha.

O sócio da Cofermeta, Maurício Brenck, teve que dispensar alguns funcionários dos setores de entrega e expedição durante os picos da pandemia da Covid-19 no ano passado.

Há 75 anos no mercado, Brenck conta que voltou a ter bons resultados de venda quando as indústrias voltaram a investir. “Nosso mercado é oferecer maquinário para a construção civil para grandes construções. Quando as indústrias voltaram a investir, voltamos a ter bons resultados nas vendas”, explica.

O empresário detalha que o maior problema foi a falta de material. “Nós não fechamos durante o pico da pandemia porque somos considerados serviço essencial. Nesse período conseguimos vender todo o nosso estoque. Quando fizemos a solicitação de novos produtos para a venda, tivemos problemas com falta desses produtos, além de atrasos na entrega”, detalha.

Maurício Brenck avalia que o setor crescerá no fim do ano cerca de 20%, mas segue preocupado com os desdobramentos políticos. “Nós esperamos que as questões políticas no País fiquem estabilizadas. Já percebemos uma retração nos investimentos da indústria e isso é ruim”, pontua. 

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