Economia

Vendas da indústria do cimento caem 2,8% em 2022

Resultado foi menor que o desempenho registrado durante o período produtivo da pandemia entre 2019 e 2021
Vendas da indústria do cimento caem 2,8% em 2022
Alta no preço do cimento impactou construção civil | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

As vendas no mercado brasileiro de cimento encerraram o ano de 2022 com 63,1 milhões de toneladas do insumo comercializadas no País. O resultado representa uma queda de 2,8% em comparação com o ano de 2021, quando o setor obteve 64,9 milhões de toneladas vendidas. Os dados foram apurados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic). 

De acordo com a entidade representante do setor, o balanço negativo foi menor que o desempenho registrado durante o intervalo de 2019 a 2021. No período, a indústria nacional de cimento registrou em vendas altas de 3,8% em 2019, 10,8% em 2020 e 6,8% em 2021.

Para a entidade, mesmo com o cenário pandêmico, a indústria de cimento alcançou relevante desempenho produtivo. No mesmo período, o setor conseguiu recuperar 12 milhões de toneladas de um montante de 19 milhões de toneladas perdidas entre 2015 e 2018.

Preço alto prejudicou construção civil e mercado imobiliário

Ainda segundo o levantamento, a taxa de inflação do cimento no Brasil começou o ano passado com significativos dois dígitos e se manteve. O Banco Central também aumentou a taxa Selic de 9,25% para 13,75%. Para a entidade, essa política, além de encarecer o financiamento imobiliário, incentiva uma migração para investimentos em produtos financeiros.

Nesse sentido, o setor imobiliário, um dos principais indutores do consumo de cimento, apresentou queda significativa no número de lançamentos, contribuindo assim negativamente para o ano de 2022. Dados até setembro do ano passado apontam uma redução de 8,5% nos lançamentos e um ligeiro crescimento de 0,1% nas vendas de imóveis pelo País. Esse movimento reduz o estoque de obras e consequentemente a demanda pelo produto.

Diretor há dez anos da Minas Engenharia e Construção Civil, Eduard Sebástian tem 26 anos de mercado e neste ano tem sentido o impacto da alta de preços dos insumos usados nas obras. Dentre eles, a inflação foi sentida principalmente no custo do cimento. “Essa inflação da construção civil, que ultrapassa a situação geral do País, gera um receio porque isso pode causar um deslocamento na renda das pessoas que preferem comprar um apartamento, por exemplo. Esse deslocamento pode afetar de forma geral o mercado de construção. Essa alta prejudica não só o consumidor, mas todo o setor”, diz o executivo.

As regiões Norte e Centro-Oeste do País foram as únicas a apresentarem variações positivas em 2022, impulsionadas, principalmente, pela expansão imobiliária e autoconstrução.

Outros pontos também avaliados pela pesquisa apontam que a alta no preço do cimento é reflexo do aumento dos custos de produção, acelerados durante a pandemia, que persistiu em 2022, e fortemente impactados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Consequentemente, o desarranjo logístico global do transporte marítimo, os seguros, os combustíveis das embarcações e o frete também influenciaram para a alta.

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