Vendas da indústria moveleira caem 40%

O resultado do primeiro trimestre deste ano deixou a desejar para a indústria moveleira do Estado. A estimativa do presidente do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), Mauricio de Souza Lima, é que as vendas tiveram queda na casa dos 40% frente ao mesmo período de 2022.
De acordo com ele, são vários os motivos que contribuíram para o desempenho negativo no começo deste ano, um deles é o novo cenário político, que trouxe incertezas para empresários da indústria, bem como para os clientes. Outro é a elevada taxa de juros, que desestimula investimentos do setor produtivo e dificulta a aquisição de produtos do segmento pelo consumidor final.
A alta nos custos da atividade na casa de 15% também contribui para o recuo registrado pelo setor. “O percentual pode ser maior ou menor dependendo das matérias-primas utilizadas pelas indústrias. A chapa de MDF, por exemplo, acompanha a subida do dólar. Quando a moeda cai, o mesmo não acontece com o preço cobrado “, observa.
O comportamento do consumidor final é outro fator que interfere no desempenho da atividade. Ele conta que em momentos de insegurança o consumidor costuma postergar a compra dos móveis que, muitas vezes, não são considerados itens essenciais. “O desempenho da indústria da construção civil é outra variável que impacta na indústria moveleira”, diz.
Apesar do resultado aquém do esperado, a perspectiva do dirigente é de melhora no desempenho da indústria moveleira no decorrer do ano, em especial, entre o fim de junho e começo de julho. “No momento, estamos trabalhando sem muitos investimentos. Ainda temos a expectativa de não fechar no vermelho em 2023. Entretanto, não devemos ter o resultado que gostaríamos”, observa.
Juros
Para ele, a perspectiva do mercado de queda na taxa de juros deve ajudar nas vendas da atividade. Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% ao ano, mesmo nível desde agosto do ano passado. É o maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
Conforme o último Boletim Focus, a expectativa do mercado financeiro é que a Selic encerre 2023 em 12,5% ao ano. É a primeira vez em dois meses que os agentes econômicos preveem uma redução maior da taxa básica de juros para o fim de 2023. Anteriormente, ela ficou em 12,75% por oito semanas seguidas.
O presidente do Sindimov-MG conta que durante a pandemia a atividade viveu bons momentos. “Como as pessoas ficaram mais em casa, elas deixaram de gastar com outros produtos e serviços e passaram a observar o que precisavam. Elas também investiram em móveis para poder trabalhar em home office”, diz.
Além dos fatores macroeconômicos, Lima conta que a informalidade e a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada são problemas enfrentados pelo setor, formado em sua maioria por micro e pequenas indústrias. Para ajudar na melhora da formação, o sindicato, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), está promovendo cursos itinerantes de qualificação pelo interior do Estado.
Ouça a rádio de Minas