Vendas da Páscoa podem bater o recorde em Minas

O comércio varejista de Minas Gerais deve faturar R$ 273,1 milhões com as vendas da Páscoa deste ano. A projeção é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmada a estimativa, será o maior volume de receitas do varejo mineiro com a data desde o início da série histórica da pesquisa, em 2013.
Até então, o melhor ano para o comércio varejista do Estado com a Páscoa havia sido em 2019, no período pré-pandemia, quando os comerciantes faturaram R$ 269,2 milhões. Neste caso, se a expectativa se confirmar, o volume de vendas deve apresentar um crescimento de 1,4%. Em relação ao ano passado, quando a receita do varejo mineiro com a data foi de R$ 262,7 milhões, o montante financeiro deve ser ainda melhor, com uma alta de 4%.
Já o comércio varejista no Brasil deve ter um faturamento de R$ 2,49 bilhões com as vendas da Páscoa de 2023. Frente a 2022, quando a receita do varejo brasileiro na data foi de R$ 2,42 bilhões, a quantia deverá crescer 2,8%. Porém, diferentemente de Minas Gerais, o volume de vendas no cenário nacional deverá recuar 2,7% na comparação com quatro anos atrás, quando o montante atingiu R$ 2,56 bilhões.
O economista da CNC, Fabio Bentes, atribui a diferença de perspectivas ao fato de o comércio varejista mineiro estar com um desempenho acima da média nacional. Ele ressalta que, no ano passado, as vendas do varejo de Minas Gerais cresceram quase 2,5%, enquanto no País houve um aumento de apenas 1%.
Bentes também destaca que o Estado tem tido uma performance melhor nas vendas do segmento de alimentos, que corresponde a quase metade das comercializações do varejo brasileiro. Ele salienta que em um evento como a Páscoa, os alimentos têm um papel predominante.
Quanto à baixa expectativa para o País, ele justifica dizendo que a inflação de alimentos foi quase o dobro da inflação oficial e esse encarecimento afetou a projeção. Cita ainda que a Páscoa é apenas a sexta data comemorativa mais importante para o varejo brasileiro, sendo assim, as pessoas acabam deixando de consumir caso estejam “apertadas” financeiramente.
“A Páscoa não tem um apelo tão forte quanto outras datas. Então, em uma situação de aperto financeiro, o consumidor acaba abrindo mão mais facilmente do consumo justamente por isso, por não ter um apelo como o do Natal e o do Dia das Mães, por exemplo”, diz.
E complementa: “Um indício de que o varejo terá uma Páscoa mais modesta no País é a importação de chocolate versus bacalhau, que são dois produtos típicos da data. A importação de chocolate cresceu 6,5% em relação ao ano passado, enquanto a de bacalhau caiu 32,7%. Então, o varejo percebeu que não vai conseguir ‘nadar de braçada’ nessa Páscoa de 2023”.
Ele ainda destaca que a cesta de bens e serviços relacionada à Páscoa, composta por chocolates, pescados diversos, bacalhau, bolo, azeite de oliva, refrigerantes, vinhos e alimentação fora de casa, está 8,1% mais cara do que em 2022 por conta do IPCA-15, que está na casa de 5,5%.
“Este é outro problema. A cesta de produtos da festa em si já vai ter uma alta elevada esse ano, de 8,1%. Mas o carro-chefe, o chocolate, terá um aumento de quase 14% (13,9%). Esse é mais um indício de que o varejo vai ter dificuldade de ter um crescimento mais significativo na Páscoa desse ano”.
Ouça a rádio de Minas