Vendas de aços planos podem cair até 15% em abril

Os distribuidores de aços planos, após registrarem forte alta de 27,3% nas vendas em março, esperam queda nas negociações em abril. A retração pode chegar a 15%. O forte desempenho em março veio após as usinas anunciarem reajustes de até 20% nos preços a serem praticados a partir de abril, o que provocou um movimento de antecipação das compras.
De acordo com os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), as vendas de aços planos em março registraram alta de 27,3% quando comparadas com fevereiro, atingindo o montante de 382,9 mil toneladas contra 300,7 mil. Frente ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 325,4 mil toneladas, a elevação foi de 17,7%.
Com o resultado de março, as vendas do trimestre fecharam com alta de 2%, somando 962,4 mil toneladas.
“As vendas de março foram muito fortes. Foi um dos meses mais fortes dos últimos anos. O número que vinha negativo no primeiro bimestre passou a ficar positivo em 2%. Esta alta veio confirmar a possibilidade de crescer 5% em 2022. Embora, hoje em dia, qualquer previsão de longo prazo seja difícil com os problemas da guerra entre Ucrânia e Rússia, juros do governo e inflação”, disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro.
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Compras
As compras em março também ficaram maiores. A alta foi de 17,7% na comparação com fevereiro, chegando a um volume total de 345,9 mil toneladas contra 293,8 mil toneladas. Frente a março do ano passado, quando as compras somaram 340,1 mil toneladas, o avanço foi de 1,7%. Para abril de 2022, a expectativa da rede associada é de que as compras tenham uma queda de 5%.
“Após a confirmação do aumento dos preços das usinas a partir de abril, a maior parte das distribuidoras tentou comprar mais antes dos novos preços”.
Com as vendas superando as compras, os estoques do setor encerraram março com o equivalente a apenas dois meses de comercialização ou 774,3 mil toneladas.
“O estoque de apenas dois meses é um número muito baixo. Em termos históricos é um dos mais baixos. Por isso, acredito que a compra não cairá tanto como a venda”, explicou Loureiro.
Ainda segundo o representante do Inda, a queda do dólar frente ao real, aliada ao aumento dos preços nas usinas siderúrgicas, pode estimular a nacionalização de milhares de toneladas de aço plano importado que estão paradas em portos do País.
“O material estocado nos portos deve ser nacionalizado com dólar mais baixo e aumento dos preços das usinas”, explicou.
Preços
Em relação aos preços, os mesmos seguem firmes e sem tendências de descontos por parte das usinas siderúrgicas. Mesmo com uma possibilidade de maior nacionalização, a tendência é de alta nas exportações, já que a guerra entre Rússia e Ucrânia e as sanções impostas comprometem o abastecimento de mercados que passam a demandar mais da produção brasileira.
“Os problemas causados pela guerra não serão resolvidos com o cessar-fogo. As sanções contra a Rússia devem ser mantidas e a Ucrânia teve usinas destruídas. Isso vai fazer com que essa parte do comércio internacional de aço continue travada. Por isso, devemos ter um aumento das exportações das usinas siderúrgicas em 2022″, concluiu.
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