Vendas de caminhões em Minas caíram no 1º semestre

Apesar do programa de renovação da frota do governo federal, as vendas de caminhões em Minas Gerais tiveram queda de 18,46% no acumulado dos seis primeiros meses de 2023 frente a igual período do ano passado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). O recuo na comercialização no Estado superou a queda nacional (-12,10%).
O resultado em algumas concessionárias no Estado chega a ser ainda pior que os dados da entidade, com recuo de 50% no faturamento no primeiro semestre do ano. Juros altos e o ritmo da atividade econômica avaliada como fraco foram alguns dos motivos para a retração da comercialização, segundo representantes das concessionárias de caminhões. O valor pago oferecido pelo governo também foi apontado como um dos motivos para a baixa adesão ao programa.
Na Gaplan Caminhões, em Uberlândia, na região do Triângulo, a queda no faturamento no primeiro semestre chegou a 50% em relação ao mesmo intervalo de 2022, conforme o gerente de novos, Marcos Franklin Bandeira. Para ele, a redução da taxa básica da economia, a Selic, “ajudaria bastante a melhorar as vendas do segmento”. A Selic está em seu maior nível desde janeiro de 2017.
Para o gerente da revendedora, não é apenas a taxa elevada de juros que dificulta a comercialização, já que o resultado da atividade está ligado ao desempenho do mercado consumidor. E embora o segundo semestre seja tradicionalmente melhor que os primeiros seis meses, ele conta que o ritmo dos negócios nos 20 primeiros dias de julho está no mesmo patamar do primeiro semestre.
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Bandeira diz que o programa do governo federal não teve impacto nas vendas, pois é burocrático e o valor pago pelo caminhão antigo é baixo. De acordo com dados do governo federal, o desconto para ônibus e caminhão varia de acordo com o tamanho do veículo. Micro-ônibus (vans) e pequenos caminhões recebem desconto de R$ 36,6 mil. Os ônibus de tamanho normal e grandes caminhões têm redução de R$ 99,4 mil.
Para obter o desconto sobre o caminhão e o ônibus, há regras, o motorista precisa se desfazer do veículo licenciado com mais de 20 anos de fabricação e enviá-lo para reciclagem. O comprador precisa apresentar um documento para comprovar a destinação do veículo antigo para o desmonte. O valor pago no caminhão ou ônibus velho estará incluído no desconto.
Vendedor de caminhões há 14 anos, Raphael Damasceno, que trabalha na Veminas Caminhões Ônibus, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, conta que a comercialização no primeiro semestre foi negativa na comparação com igual período de 2022, com queda de 30%.
Para ele, os juros elevados e a insegurança são alguns dos motivos para a retração nas vendas. “Ano passado estava melhor. E este mês está desaquecido também em razão das férias”, conta.
Assim como o gerente da Gaplan Caminhões, ele diz que o programa de incentivo para a renovação da frota do governo não teve impacto nos negócios. “O valor pago pelo caminhão é baixo e não vai incentivar o cliente a fazer uma dívida para adquirir um caminhão novo”, observa.
Mudança tecnológica
O CEO da Minasmáquinas, Bruno S. K. Volpini, conta que no início de 2023 o processo de emplacamento foi relativamente semelhante ao do começo do ano passado, puxado pela comercialização de veículos da tecnologia Euro 5 (criada para regular a emissão de todos os veículos movidos a diesel, sejam ônibus, caminhões ou pick-ups), que puderam ser fabricados até o dia 31 de dezembro de 2022.
Ele explica que os concessionários e os fabricantes fizeram estoques no final do ano passado para que pudessem comercializar os veículos no começo de 2023. “O que fez com que os números fossem relativamente bons, porém com a entrada dos veículos Euro 6 e com aumento de preço deles aliado a uma alta taxa de juros, o que percebemos foi uma redução significativa no número de emplacamentos”, diz.
Ainda segundo dados da entidade que representa os concessionários de veículos no País, as vendas de caminhões em junho de 2023 frente a igual mês do ano anterior tiveram queda de 30,87% em Minas, retração novamente superior ao nacional (-28,86%). Já na comparação de junho contra maio do mesmo ano, o resultado verificado no Estado foi de alta de 19,77%, enquanto que no País caiu 2,17%.
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