Economia

Vendas de combustíveis em Minas têm pior desempenho dos últimos oito anos

Vendas de combustíveis em Minas têm pior desempenho dos últimos oito anos
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A pandemia e as medidas de combate ao coronavírus, em 2020, impactaram de forma negativa o mercado de combustíveis, que apresentou o pior resultado dos últimos oito anos. Ao longo do ano passado, as vendas de etanol, gasolina de aviação e gasolina C recuaram em Minas Gerais. Já a venda de diesel ficou praticamente estável, segundo os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Para 2021, as expectativas são positivas e a tendência é de recuperação do consumo, já que a vacinação contra o vírus foi iniciada.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, 2020 foi um ano muito difícil para o setor, que registrou queda na demanda em função dos lockdowns adotados para conter o avanço da Covid-19.  

“A pandemia de Covid-19 impactou muito o setor de combustíveis. O resultado de 2020 foi o pior dos últimos oito anos. Com a pandemia, as viagens foram reduzidas, as pessoas passaram a trabalhar em home office, reduzindo a demanda por transportes e por combustíveis”, explicou.

Com o isolamento social e a suspensão total ou parcial de várias atividades econômicas, a demanda por combustível ficou menor em 2020. Um dos combustíveis mais consumidos em Minas Gerais, a gasolina apresentou queda de 1,85% no volume comercializado, encerrando 2020 com 3,23 milhões de metros cúbicos. Em 2019, o volume vendido foi de 3,3 milhões de metros cúbicos.

Entre março e abril – primeiros meses da pandemia no Estado e de maior isolamento -, foi registrada a maior queda nas vendas, com volumes mensais ficando abaixo de 250 mil litros de gasolina. Em março, foram comercializados 243,6 mil litros, queda de 10,6% frente a igual mês do ano anterior. A maior retração foi vista em abril, 25%, com a venda de 213,1 mil litros.

Com o início da flexibilização das medidas de isolamento e a retomada de várias atividades, os volumes foram se recuperando ao longo do ano. A partir de setembro, a recuperação foi mensal, contribuindo para reduzir o forte impacto visto nos primeiros meses da pandemia. Em dezembro de 2020, o volume de gasolina C vendido em Minas Gerais foi de 333,52 mil litros, 8,6% a mais que em igual mês de 2019.

Outro combustível que foi impactado de forma negativa pela pandemia foi o etanol hidratado. Ao longo de 2020, as vendas do biocombustível caíram 14,01%, somando 2,7 milhões de metros cúbicos, ante os 3,1 milhões de metros cúbicos registrados em 2019. Além do isolamento social, o que reduziu o consumo, a queda dos preços do petróleo favoreceu a competitividade da gasolina frente ao etanol durante alguns meses de 2020.

Assim como na gasolina, os meses que registraram menor consumo do biocombustível foram março, como 196,2 mil metros cúbicos e 18,3% menor que em igual mês de 2019, seguido por abril, 171 mil metros cúbicos e retração de 30,6%, e maio, quando a venda alcançou 190,7 mil metros cúbicos, mas ainda ficou 20,6% menor que em igual mês do ano anterior. Até o fechamento de 2020, as vendas mensais de etanol hidratado se mantiveram menores que em 2019. Em dezembro, a queda foi de 7,42%, somando 281,6 mil metros cúbicos.

“No caso do etanol, a pandemia foi a principal causa para a queda nas vendas”, disse Guimarães.

Gasolina de aviação – A negociação de gasolina de aviação recuou significativamente em 2020. No Estado, foram vendidos 3 mil metros cúbicos do combustível em 2020, volume 19,33% menor que os 3,7 mil metros cúbicos registrados em 2019.

Em abril, as vendas de gasolina de aviação chegaram a recuar 82,5%, com um volume mensal de 59 metros cúbicos. Queda forte também foi vista em julho, quando o volume chegou a 162 metros cúbicos, queda de 65,3% frente a igual mês de 2019. A partir de outubro, as vendas começaram a apresentar resultados mensais superiores a 2019, com pico em novembro, quando as vendas alcançaram 278 metros cúbicos e ficaram 24,1% maiores que em igual mês de 2019.

Dentre os combustíveis comercializados em Minas, o diesel foi o menos afetado. Em 2020, a comercialização chegou a 6,9 milhões de metros cúbicos, variação positiva de 0,79%. Abril foi o mês em que as vendas foram as menores do ano, com 490,9 mil metros cúbicos, 13,3% a menos que em igual mês do ano anterior.  

Vacinação eleva confiança do setor para 2021

Depois de um ano desafiador e de resultados negativos, a expectativa é de recuperação do mercado de combustíveis em 2021. O avanço da vacinação contra a Covid-19 é um dos principais fatores que irão contribuir para o controle da pandemia e para a retomada econômica brasileira.  

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, um dos desafios será o aumento dos preços dos combustíveis, já que o dólar está valorizado frente ao real e houve recuperação dos preços do petróleo.

“Estamos com expectativas muito boas para 2021. Acreditamos que a aceleração do processo de vacinação será importante para que possamos voltar a ter uma vida normal e para a recuperação econômica. Uma das preocupações é a recuperação dos preços do petróleo e da valorização do dólar, o que já fez com que a Petrobras reajustasse os preços dos combustíveis este ano. O aumento de preços é prejudicial tanto para o consumidor como para os donos de postos, que têm os custos elevados e podem ter queda de consumo”. (MV)

Petrobras registra recorde em produção de petróleo

Crédito: Pilar Olivares/Reuters
Crédito: Pilar Olivares/Reuters

Rio de Janeiro – A Petrobras registrou uma queda na produção e na exportação de petróleo no quarto trimestre, diante de um aumento de paradas programadas para manutenção de plataformas e de uma recuperação da demanda interna por combustíveis, informou a companhia ontem.

Em seu relatório de produção, a Petrobras ainda confirmou recordes de produção e exportação de petróleo em 2020, com suporte de demanda da China, enquanto o consumo interno foi pressionado pelo impacto da Covid-19 em boa parte do ano. 

A produção de óleo e GNL da companhia no Brasil no quarto trimestre foi de 2,135 milhões de barris de petróleo por dia (bpd), queda de 9,7% ante o terceiro trimestre e de 10,8% na comparação com o mesmo trimestre de 2019.

Já a produção total de petróleo e gás da Petrobras atingiu 2,682 milhões de barris de óleo equivalente no quarto trimestre, queda de 9,1% na comparação com o terceiro trimestre e de 11,3% ante o mesmo período do ano passado.

Segundo a Petrobras, paradas para manutenção de plataformas foram concentradas no quarto trimestre, uma vez que grande parte da campanha de manutenção não pôde ser executada no segundo e terceiro trimestre devido à pandemia.

As exportações de petróleo registraram média de 618 mil bpd no último trimestre do ano, uma queda de 16,6% em relação ao terceiro trimestre e de 4,5% ante o mesmo período de 2019, com a recuperação do mercado doméstico.

“As exportações caíram devido à retomada do mercado interno, porém permaneceram em nível elevado”, afirmou a petroleira.

“Em janeiro continuamos com uma ótima performance em exportações de petróleo, batendo mais um recorde, no terminal de Angra dos Reis, de 19,3 milhões de barris de petróleo exportados…”, disse a petroleira.

O recorde anterior, em maio de 2020, foi de 18,7 milhões de barris.

Já a importação de petróleo atingiu 112 mil barris por dia no quarto trimestre, aumento de 28,7% ante o terceiro trimestre e queda de 27,3% na comparação anual. No ano, a importação caiu 42,3%, para 97 mil barris ao dia. (Reuters)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas