Vendas de gasolina no Estado aumentam 16,4%

O arrefecimento da pandemia de Covid-19 e a retomada das atividades, eventos e escolas contribuíram para o aumento da venda de gasolina em Minas Gerais. Ao longo do primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano anterior, o volume comercializado do combustível subiu 16,4% e somou 932,6 milhões de litros. Já o etanol, que ficou parte do intervalo com preços menos competitivos que os do combustível fóssil, recuou 29%.
As vendas de óleo diesel, por sua vez, somaram 1,7 bilhão de litros e apresentaram crescimento de apenas 0,5%. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Rafael Macedo, apesar da alta dos preços dos combustíveis, também há uma maior movimentação de pessoas nas ruas por conta da flexibilização das medidas contra a Covid-19.
“O primeiro trimestre do ano foi de retomada do mercado de combustíveis. Isso pelo arrefecimento da pandemia de Covid-19, o que permitiu a retomada das aulas presenciais, das atividades ao ar livre, eventos e festas em ambientes fechados. Com isso, houve um aumento do número de carros nas ruas, impulsionando o consumo de combustíveis”, explicou.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Dentre os combustíveis, o destaque em crescimento no primeiro trimestre foi a gasolina. Ao todo, foram comercializados 932,6 milhões de litros, um aumento de 16,4% frente aos 800,98 milhões de litros vendidos entre janeiro e março de 2021.
Em março, a comercialização chegou a 308,7 milhões de litros, volume que superou em 18,4% os 260,6 milhões de litros registrados em março de 2021. Frente a fevereiro, houve queda de 0,9%, justificada pelo aumento visto no volume de etanol, que no terceiro mês do ano ficou com preços mais competitivos.
“O aumento no volume vendido de gasolina frente a queda do etanol no primeiro trimestre se deve ao problema de precificação do etanol, que tornou a gasolina mais interessante para o consumidor. Pelos carros serem flex, a população pode optar entre os dois combustíveis. Mantemos a paridade de 70% como balizador, quando estiver abaixo de 70% favorece o consumo de etanol”, disse Macedo.
Retração no consumo
No que se refere ao etanol hidratado, as vendas ficaram 29% menores no primeiro trimestre, com a comercialização de 493,4 milhões de litros, ante os 695,9 milhões de litros registrados entre janeiro e março de 2021. Ao longo do período, o consumo reagiu, passando de 128,5 milhões de litros em janeiro para 154,6 milhões em fevereiro e encerrando março com 210,2 milhões de litros consumidos. Na comparação de março com fevereiro, período em que os preços ficaram mais atrativos que os da gasolina, a alta na demanda foi de 36%.
Com o início da safra de cana-de-açúcar e tendência de novos reajustes nos preços da gasolina, devido à paridade defasada com o mercado internacional, a expectativa é de preços mais competitivos para o etanol hidratado, o que pode favorecer o consumo.
“A tendência é de que etanol retome a paridade e volte a ser competitivo nos postos, visto o movimento de paridade dos preços da gasolina com o mercado internacional. Um novo aumento pode tornar o etanol mais competitivo”.
Demanda estável
Já o volume comercializado de diesel nos postos do Estado ficou praticamente estável ao longo do primeiro trimestre, com pequena alta de 0,5% e 1,75 bilhão de litros consumidos. Somente em março, as vendas chegaram a 686,3 milhões de litros, superando em 24,3% o volume de março de 2021.
De acordo com Macedo, hoje, o preço do diesel está defasado em mais R$ 1 por litro se comparado com os preços internacionais, o que desestimula a importação. Com isso, há um receio em relação à oferta, já que somente a produção nacional não é suficiente para atender a demanda.
“A gente teve problemas de fornecimento de diesel em março e abril, mas, em maio está bem regular. A preocupação do Minaspetro é a diferença da paridade com o mercado internacional, que está superior a R$ 1 por litro, o que pode causar um desabastecimento. Com os preços atuais, fica desinteressante importar e acaba usando somente a produção interna, que não é suficiente. Precisamos importar cerca de 20% a 30% do volume consumido”.
Petrobras defende a paridade internacional
Rio – Após novas reclamações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre os elevados lucros da Petrobras, o presidente da estatal, José Mauro Coelho, voltou a defender na sexta-feira (6) a política de preços dos combustíveis da companhia.
“Não podemos nos desviar da prática de preços de mercado, condição necessária para a geração de riqueza não só para a companhia, mas para toda a sociedade brasileira, fundamental para atrair investimentos para o País e para garantir o suprimento de derivados que o Brasil precisa importar”, disse.
A declaração foi dada em discurso de abertura de teleconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre de 2022, que motivou anúncio de distribuição de R$ 48,5 bilhões em dividendos aos acionistas.
Pouco antes da divulgação do resultado na quinta (5), Bolsonaro disse em sua live semanal que os elevados lucros da Petrobras são um “estupro” e que um novo reajuste nos preços dos combustíveis pode quebrar o País.
“A gente apela para a Petrobras: ‘não reajuste o preço dos combustíveis’. Vocês estão tendo um lucro absurdo. Se continuar tendo lucro dessa forma e aumentando o preço dos combustíveis, vai quebrar o Brasil”, disse o presidente.
Os elevados lucros da estatal são alvo de críticas tanto no governo quanto na oposição, diante da alta dos preços dos combustíveis no País. Empresas de transporte público, por sua vez, divulgaram nota ameaçando tirar ônibus de circulação fora dos horários de pico no caso de uma nova alta do diesel.
A Petrobras, por outro lado, também é alvo do setor de combustíveis, que reclama da falta de reajustes e consequente defasagem em relação aos preços internacionais. Esse cenário estaria provocando um “racionamento seletivo”, ao prejudicar empresas de menor porte, incapacitadas de importar.
A preocupação com o abastecimento é um dos argumentos que vem sendo repetido por Coelho em defesa da política de preços, desde que ele ainda ocupava um cargo no Ministério de Minas e Energia (MME). Nesta sexta, ele voltou a lembrar que o Brasil depende de diesel e gasolina importados.
O diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da estatal, Rafael Chaves, acrescentou que preços de mercado são “uma forma democrática” de sinalizar a compradores e fornecedores quais as condições do abastecimento, se é preciso aumentar a oferta ou reduzir o consumo, por exemplo.
“A alternativa ao preço de mercado é o preço tabelado. A gente já viu isso no passado no Brasil e muitos vizinhos tentam também, e isso não funciona”, afirmou.
O mercado financeiro espera para breve novos reajustes, principalmente no preço do diesel, que se descolou das cotações internacionais do petróleo.
Na sexta, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço médio do combustível nas refinarias brasileiras está R$ 1,27 por litro abaixo da paridade de importação, conceito usado pela Petrobras em sua política de preços.
“Esperamos que a Petrobras ajuste os preços para cima para garantir o abastecimento de combustíveis no Brasil”, escreveram, em relatório divulgado na sexta, os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos, do UBS BB.
Coelho foi indicado pelo governo para substituir o general Joaquim Silva e Luna, demitido após os mega-aumentos de preços anunciados em março para acompanhar a escalada do petróleo após o início da Guerra na Ucrânia.
Mas logo na sua posse defendeu a prática de preços internacionais. Nesta sexta, disse que o resultado do primeiro trimestre é “prova inequívoca de que a Petrobras é uma empresa da qual todos os nossos acionistas e brasileiros podem se orgulhar”.
O desempenho foi beneficiado pela valorização do petróleo, maiores exportações e melhores margens na venda de diesel. É 3.718% superior aos R$ 1,1 bilhão registrados no mesmo período de 2021, ainda sob forte efeito da queda nos preços e na demanda provocada pela pandemia.
Dividendos – Vem logo depois do maior lucro anual da história da Petrobras, de R$ 106,6 bilhões, que levou a empresa a distribuir R$ 101,4 bilhões em dividendos.
Apesar das críticas do próprio presidente, a direção da empresa reforçou nesta sexta sua política de dividendos, que prevê a distribuição de 60% da diferença entre a geração de caixa e a previsão de gastos com investimentos.
“Vamos buscar sempre distribuir o máximo possível do que a gente gera de valor”, disse Araújo aos analistas do mercado, que elogiaram o desempenho da empresa na teleconferência e em relatórios divulgados esta sexta. (Folhapress)
Ouça a rádio de Minas