Economia

Vendas de imóveis novos caem 31,42% na Capital e Nova Lima

Redução de 41,91% nos lançamentos e menor volume de apartamentos em estoque impactam mercado
Vendas de imóveis novos caem 31,42% na Capital e Nova Lima
Crédito: Kelsen Fernandes

Após um resultado recorde nos primeiros quatro meses de 2021, as vendas de imóveis novos em Belo Horizonte e Nova Lima vêm caindo. No primeiro quadrimestre deste ano, a comercialização ficou 31,42% menor, com 1.351 unidades vendidas. A queda se deve ao menor volume de apartamentos em estoque e à redução dos lançamentos, que chegou a 41,91% no período. No intervalo, o índice médio da Velocidade de Vendas (11,8%) ficou bem próximo do registrado em igual período de 2021 (12,7%), o que mostra um mercado demandador. 

Conforme os dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), enquanto em abril de 2021 os estoques somavam 3.581 apartamentos novos, em abril deste ano o volume caiu para 2.624 imóveis, queda de 26,72%. O volume de apartamentos disponíveis para venda é o menor da série histórica para o período.

A assessora econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, explica que o ano passado foi recorde tanto em vendas como em lançamentos, por isso, o desempenho no ano atual vem caindo.

“A queda das vendas é devido ao patamar recorde de comercialização do ano passado. Se compararmos com iguais períodos dos anos anteriores a 2021, estamos com resultados acima em 2022. Nos lançamentos, a queda é de 41,91% frente ao mesmo período do ano passado, que também foi recorde. Na comparação com os anos anteriores a 2021, os lançamentos, assim como as vendas, também estão maiores, sendo o segundo melhor resultado da série histórica”. 

Apesar do resultado negativo, Ieda explica que o mercado ainda está aquecido e com demanda em alta, o que pode ser visto na manutenção da velocidade de vendas. 

“O índice médio da Velocidade de Vendas ficou em 11,8%, bem próximo do registrado em igual intervalo de 2021, que foi de 12,7%. Isso mostra que o mercado não está vendendo mais porque não está lançando mais e os estoques estão baixos. As vendas estão com um patamar de dinamismo de dois dígitos, é quase o dobro do que registramos em 2018 e 2019 e superior aos 7,1% registrados em 2020”. 

Somente em abril, as vendas de imóveis residenciais novos caíram 25,4%, passando de 410 imóveis em março para 306 unidades em abril. Ieda Vasconcelos, ressalta que a redução é resultado das fortes vendas em março. 

“É preciso destacar que, no terceiro mês do ano, as vendas cresceram 83% e, por isso, a base de comparação é elevada”.

Lançamentos em baixa

Ao longo de abril, foram lançadas no mercado imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima 461 unidades (12 empreendimentos), o que correspondeu ao maior patamar desde agosto de 2021, quando os lançamentos somaram 490 imóveis.

Na comparação de abril com março, os lançamentos apresentaram alta expressiva de 29,5%, sendo o segundo mês consecutivo de incremento. Como os lançamentos superaram as vendas, o estoque cresceu 6,3% em abril e alcançou 2.624 unidades. 

“Mesmo com os lançamentos e o aumento dos estoques, os mesmos ainda permanecem em um patamar muito baixo”, disse Ieda.

Em abril, a Velocidade de Vendas manteve-se na casa de dois dígitos e alcançou 10,4%, o que é considerado um número elevado. A média histórica mensal deste indicador é de 7,6%.

O presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel, explica que apesar da velocidade de vendas está em patamares ainda recordes, mostrando dinamismo do setor, as empresas estão postergando lançamentos devido ao aumento constante dos custos da construção.

“Percebemos que as empresas estão postergando lançamentos ou até mesmo cancelando por conta da alta exagerada dos custos. Os imóveis são lançados e as empresas iniciam as vendas, mas só depois as obras são iniciadas. Este intervalo, no momento, tem trazido uma insegurança muito grande. O empresário não sabe qual o preço que a obra vai ficar, já que os materiais têm subido expressivamente”, explicou. 

Custos em alta

Em relação aos custos, os mesmos continuam avançando expressivamente. De janeiro a maio, o Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m²) acumula incremento de 10,05%. No período, o custo com material cresceu 9,02% e o com a mão de obra, 11,17%. Dentre os produtos que ficaram mais caros estão as portas internas, com elevação de 37,19%, bloco cerâmico, 33,33%, fechadura para porta interna, 30,91%, e concreto,  25,74%.

Somente em maio, o CUB aumentou 1,8%. A variação foi resultado do avanço de 3,99% no custo com o material de construção.

Nos últimos dois anos, o CUB acumula alta de 39,31%. No período, o custo do material subiu 73,09% e da mão de obra, 17,01%.

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