Vendas de imóveis novos na RMBH sobem mais de 20%

As vendas de imóveis novos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), cresceram ao longo do primeiro semestre. Com demanda firme, foi registrado um avanço de 21,8% na comercialização. O crescimento visto nas vendas não foi acompanhado pelo número de lançamentos, que subiu 14,3%, frente a igual período do ano anterior.
A diferença se deve aos custos elevados, o que tem travado os aportes por parte das construtoras. Com o menor crescimento nos lançamentos, o número de unidades novas disponíveis para venda está muito reprimido, com queda de 24,1%. Os dados são do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
De acordo com a economista e assessora econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, a alta nas vendas de imóveis residenciais novos se deve a alguns fatores.
“Durante a pandemia, as famílias ressignificaram o valor da casa própria. Além disso, os juros ainda estão baixos e existem várias opções de financiamento. Tudo isso impulsionou o setor nos seis primeiros meses de 2021”, explicou.
Conforme os dados do Sinduscon-MG, ao longo do primeiro semestre, foram comercializados, na RMBH, 5.007 unidades, deste total, a maior parte (52,45%) foi de imóveis localizados em Belo Horizonte e Nova Lima, cujas vendas avançaram 46,6%. Em Contagem, foram vendidos 1.182 imóveis, alta de 7,7% e responderam por 23,61% do total.
Lançamentos
Enquanto foram comercializadas 5.007 unidades na RMBH, foram lançadas 3.692 unidades. Com isso, no final de junho, o estoque de imóveis novos somava 5.890 imóveis, volume que está 24,1% menor que o registrado anteriormente.
No primeiro semestre, o Valor Global de Vendas (VGV), chegou a R$ 1,86 bilhão na RMBH, alta de 24,2%. O maior valor foi gerado em Belo Horizonte e Nova Lima, R$ 1,45 bilhão, aumento de 40,3%. As demais cidades que compõem a RMBH movimentaram R$ 415 milhões, queda de 11,3%.
Já o Valor Global de Lançamentos (VGL) chegou a R$ 1,31 bilhão, alta de 1,5% frente ao primeiro semestre de 2020. Os lançamentos em Belo Horizonte e Nova Lima chegaram a R$ 1,12 bilhão, valor 8,8% maior e que representou 85,3% do total. As demais cidades responderam por 14,7%, com o valor de R$ 193 milhões, queda de 26,9%.
“Enquanto as cidades de Belo Horizonte e Nova Lima apresentaram incremento no VGV e no VGL no primeiro semestre de 2021, na comparação com igual período do ano passado, nas demais cidades observou-se queda. Nestas cidades há predominância dos imóveis de padrão econômico, justamente os mais atingidos pela expressiva elevação nos custos do setor”.
Custo acumula alta de 13,71% até julho
Mesmo com os resultados positivos nas vendas de imóveis residenciais, o setor da construção civil segue preocupado com os custos, que estão em níveis recordes e sem perspectiva de queda. O Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m2), calculado e divulgado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), aumentou 1,18% em julho. Este foi o 12º mês consecutivo em que o custo da construção registrou forte elevação.
Nos primeiros sete meses de 2021 o CUB/m2 acumulou elevação de 13,71%, a maior para o período na era Pós-Real. Com o resultado, nos últimos 12 meses, a alta já chega a 21,05% e também é recorde.
Em relação ao custo com material, os preços continuam pressionando fortemente o custo da construção. Em julho ele aumentou 2,46%, a maior elevação para o mês dos últimos 26 anos. No acumulado do ano até julho, o aumento observado foi de 23,88% e, nos últimos 12 meses, 43,29%.
Dentre os materiais, a maior alta, em julho, foi verificada nos preços da chapa compensando, 17,33%, elevando para 59,21% o aumento nos primeiros sete meses de 2021. Alta também na porta interna semioca, 10,24%.
Nos últimos 12 meses encerrados em julho, os maiores reajustes foram vistos nos preços do aço, 132,63%, fio de cobre, 92,31%, chapa compensado, 89%, tubo de ferro galvanizado, 60,33%, tubo de PVC, 58,77%, e cimento, com alta de 45,14%.
“O aumento dos custos representa uma ameaça e é uma preocupação muito grande porque não tem solução fácil. Muitos produtos são produzidos no Brasil, o setor da construção sempre priorizou a produção interna, mas houve quebra de produção. Estamos em busca de alguns produtos para importação, já chegou navio com carga de aço, por exemplo, mas é um processo muito complexo. A elevação do custo com material de construção não sinaliza nenhuma estabilidade e, por isso, as empresas encontram dificuldades para fechar os orçamentos. Aumentos nessa proporção são impossíveis de serem absorvidos pelo setor”, explicou o vice-presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel.
Com o aumento dos custos, muitos são os problemas enfrentados para lançamentos de imóveis voltados para programas sociais, os econômicos até R$ 215 mil.
“A produção e os lançamentos de imóveis econômicos estão inviáveis na RMBH devido ao aumento dos custos. Hoje, não se consegue mais produzir apartamentos para atender a esta classe. Os aumentos estão inviabilizando”, disse.
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