Vendas de imóveis residenciais disparam

As vendas de imóveis residenciais novos aumentaram 74,43% em junho frente a maio em Belo Horizonte e Nova Lima. Foram 382 comercializações no sexto mês do ano contra 219 no mês anterior. Os dados compõem o Censo do Mercado Imobiliário, realizado pela Brain Consultoria para o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
Os números revelam ainda que, em comparação a junho de 2019, quando foram comercializadas 352 unidades, também houve incremento, de 8,52%. Além disso, o resultado de junho só foi inferior ao verificado em janeiro, quando 402 unidades foram vendidas. No primeiro semestre, a alta foi de 10,53% nas vendas, com 1.753 unidades vendidas contra 1.586 comercializadas em igual período do ano passado.
Números negativos foram verificados, contudo, no segundo trimestre, com queda de 14,50% em relação ao trimestre anterior. De acordo com o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG, Renato Michel, um dos motivos para esse recuo foi a influência de abril, primeiro mês completo de medidas de isolamento social.
Apesar da retração pontual, o cenário é promissor, diz Michel, e isso tem raízes em uma junção de fatores, que vão desde o novo comportamento do consumidor até o quadro macroeconômico atual.
“A gente percebe, em primeiro lugar, que as pessoas, de uma forma geral, com o isolamento social, ressignificaram o imóvel. Hoje, elas têm uma visão diferente sobre a questão da casa própria, que ganhou ainda mais importância para a família brasileira”, explica ele, lembrando que os indivíduos também passaram a valorizar casas mais confortáveis, que comportem home office e lugares de estudos para os filhos, por exemplo.
Outra questão que tem impulsionado o setor são as taxas de juros historicamente muito baixas, destaca Michel, uma vez que a taxa Selic está em 2% ao ano. Além disso, diz ele, a inflação controlada e as reformas realizadas pelo governo federal contribuíram para deixar o Brasil em condições mais favoráveis.
A adaptação das empresas do segmento também não ficou para trás, defende o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG. Embora a pandemia do Covid-19 tenha imposto alguns desafios relacionados às medidas de distanciamento social, as organizações do setor conseguiram se adaptar bem a essa nova realidade, relata ele.
“As empresas se adaptaram muito rapidamente ao digital. Vendas estão sendo feitas de forma remota, desde a visita a empreendimentos, com uso de ferramentas como a realidade aumentada. A assinatura de contratos e até registro no cartório podem ser feitos de casa”, salienta.
Tendência – Tendo em vista todos esses números positivos, pode-se dizer que o mercado imobiliário está diante de uma tendência de crescimento? Para Michel, sim, está. Ele lembra que a construção civil passou por um momento desafiador por cinco anos consecutivos, com queda do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, entrou em 2020 com expectativas muito altas.
“Os meses de janeiro e fevereiro foram bons. Em março, veio a pandemia, e surgiu uma insegurança muito grande. Em abril, o mercado sofreu. Já em maio, melhorou, e junho veio com uma trajetória de alta. Isso mostra que temos uma tendência muito boa. O segundo semestre deverá ser positivo. Estamos acreditando muito no setor da construção”, afirma.
Um dos motivos para essa confiança, argumenta Michel, reside no fato de que atualmente o mercado imobiliário tem se mostrado uma espécie de porto seguro para os investidores.
“O investidor que tem algum patrimônio que estava investido em fundos de renda fixa com boa remuneração, agora, está tendo que buscar alternativas”, diz ele, lembrando que os ganhos com a locação tanto de imóveis residenciais quanto comerciais atualmente têm se mostrado superiores. Além disso, ressalta, há a valorização dos imóveis.
“É uma boa alternativa de investimento, com segurança aliada à boa rentabilidade. O mercado vai receber muitos investimentos, tanto de aquisições quanto de fundo de investimento imobiliário”, prevê.
Lançamentos – Em junho, foram 264 unidades lançadas em Belo Horizonte e Nova Lima, contra dez em maio. No entanto, apesar do incremento, eles foram menores do que as vendas pelo terceiro mês consecutivo, ocasionando queda na oferta. Em maio, o estoque de unidades novas para venda era de 3.352 imóveis, passando para 3234 em junho, uma retração de 3,52%. Além, disso, em junho de 2018, a oferta era de 5148 unidades, o que representa uma queda de 37,18% em dois anos.
No entanto, para o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-MG, mais lançamentos vão ocorrer em breve. “Eles foram postergados, mas deverão vir com muita força”, destaca.
Michel explica que, em um primeiro momento, com a pandemia do Covid-19, as empresas seguraram os lançamentos, devido às incertezas. Assim, focaram seus esforços nas vendas do que tinham em estoque, que caiu bastante. Agora, o mercado poderá ficar mais aquecido.
“Quando há lançamentos, naturalmente se vende mais, pelas condições de pagamento, que são mais vantajosas para o comprador. Aquelas empresas que já lançaram em junho e julho tiveram muito sucesso, o que mostra que o mercado está ávido por lançamentos”, conclui.
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