Economia

Vendas de materiais de construção sobem na pandemia

Vendas de materiais de construção sobem na pandemia
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC CNR, material de construção - 24/07/07

A pandemia do Covid-19 e o isolamento para o controle da disseminação fez com que as pessoas ficassem mais tempos em casa. A situação tem estimulado reformas nos imóveis e, com isso, a venda de materiais de construção em Minas Gerais está em alta.

Além disso, o pagamento do auxílio emergencial, feito pelo governo federal, também tem estimulado as obras de melhorias. Conforme os dados da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac MG), somente de março a julho, as comercializações do setor cresceram 40%.

O presidente da Acomac, Flávio Alves Gomes, explica que no início da pandemia a associação fez um amplo trabalho junto às prefeituras para que as lojas de materiais pudessem ficar abertas. Considerado setor essencial, a manutenção dos estabelecimentos em funcionamento foi crucial para que o sucesso das vendas.

“Essa negociação contribuiu para que o resultado de vendas em Minas Gerais fosse melhor e alcançado primeiro em relação aos outros estados. Percebemos um crescimento médio das vendas em 40%. Hoje, são cerca de 14 mil lojas no Estado e cerca de 95% destas lojas estão abertas, algumas estão fechadas devido a decretos de prefeituras”, explicou.

Gomes explica que no início da crise, o receio dos empresários do setor era grande e, por isso, foram feitas demissões para ajustar as empresas. Porém, com a manutenção das lojas abertas, o prolongamento do isolamento social e as pessoas trabalhando em home office, a demanda pelos materiais de construção foi alavancada e o setor está contratando.

“Inicialmente ficamos muito preocupados, foram feitas algumas demissões, mas, ao perceber que as lojas poderiam ficar abertas e a demanda existia, as demissões reduziram e algumas empresas, inclusive, contrataram mais pessoas. Com as pessoas ficando mais tempo em casa, as manutenções se tornam mais necessárias. Além disso, para terem mais conforto, elas fazem melhorias gerais nos imóveis transformando a casa em um ambiente mais agradável. Essa foi a grande mola propulsora para o aumento do faturamento. Os recursos que eram utilizados para comprar outros produtos, foram direcionados para os lares”, ressaltou.

Em relação ao auxílio emergencial, o pagamento teve reflexo positivo no setor, com mais pessoas investindo em melhorias. A suspensão do auxílio, ainda sem data prevista, pode impactar de forma negativa na demanda, porém, Gomes acredita que parte das pessoas continuará trabalhando no sistema home office, o que irá contribuir para novas reformas.

Home office – “A tendência é que o setor continue aquecido. As pessoas estão adaptando as casas para o home office, para ficarem mais confortáveis e deixar o imóvel mais agradável. Com a suspensão do auxílio, acredito que haverá uma redução, mas, as vendas ficarão maiores que a registrada antes da pandemia. Antes da pandemia, as pessoas investiam em um espaço gourmet, que continua em alta, mas agora a tendência é na criação de um ambiente para trabalhar em casa”, observou.

Segundo Gomes, com a pandemia, as lojas também se reinventaram e diversificaram os canais de atendimento, passando a vender on-line e pelas mídias sociais, o que deve continuar após a pandemia.

A pesquisa Termômetro Anamaco, feita pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) em parceira com a FGV / IBRE, também mostrou aumento na demanda pelos materiais de construção no País, sendo que 42% apresentaram incremento nas vendas e 38 mantiveram a estabilidade. De acordo com o presidente da entidade, Geraldo Defalco, o pagamento do auxílio emergencial foi o grande responsável pelo aquecimento do setor.

“O que alimentou, basicamente, o crescimento das vendas foi o auxílio emergencial, que foi pago a uma população que tem renda informal e representa 50% da população economicamente ativa do Brasil. Nos últimos três a quatro meses, foram injetados R$ 200 bilhões na economia. Esse valor foi destinado às compras essenciais, represadas em poucos segmentos, incluindo material de construção. As pessoas em casa, vendo defeitos, buscam por melhorias. Esse crescimento, na média, de 40%, aconteceu muito por conta do auxílio”, avaliou.

De acordo com Defalco, os empresários do setor precisam se preparar para quando o auxílio emergencial for suspenso, o que deve provocar queda nas vendas. A indicação é que os empresários tenham uma gestão rigorosa de caixa, estoque e liquidez. Ele explicou que a Anamaco está trabalhando junto ao governo federal uma proposta para geração de vagas e para manutenção da renda da população que recebe o auxílio, o que será importante para movimentar a economia.

“Nossa proposta é que os setores comerciais e industriais contratem essas pessoas que estão recebendo o auxílio, mesmo que não precisem. O governo assumiria o FGTS, 13º salário e o INSS. A gente dá uma contribuição em contratar e pagar o salário mínimo e o governo paga o restante. Dividindo o valor dos benefícios por 12 meses, a parcela é inferior a R$ 600, que é o valor do auxílio pago hoje pelo governo. É importante ressaltar que isso é uma proposta, que ainda será discutida e, se for para frente, transformada em projeto de lei para votação”, disse.

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