Vendas de minério pela Samarco somam 10 milhões de toneladas desde retomada

de Mariana (*)
A Mineradora Samarco realiza, hoje (27), o centésimo embarque desde a retomada das operações após a paralisação em decorrência do rompimento da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, ocorrido em 2015. Com o retorno das atividades em dezembro de 2020, 10 milhões de toneladas de minério de ferro já foram enviadas a mercados das Américas, Europa, Oriente Médio, Norte da África e Ásia, além do Brasil.
Esta remessa especificamente soma 50 mil toneladas e destina-se ao mercado doméstico. A mineradora voltou a operar com 26% da capacidade de produção e atualmente soma cerca de 8 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro por ano. Deste total, apenas 5% fica no mercado interno e 95% é enviado ao exterior.
O diretor de Planejamento e Operações da mineradora, Sérgio Mileipe, explica que essa divisão ocorre por questões logísticas, em que o modal marítimo é prioritário. De maneira complementar, a companhia conta com quase 400 quilômetros de mineroduto, que viabiliza o transporte do minério de ferro em forma de polpa até o Complexo de Ubu, em Anchieta, no Espírito Santo, onde é feita a pelotização e o embarque do produto final.
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“A Samarco tem dado sua contribuição para uma mineração mais sustentável e aprimora, a cada dia, as técnicas e soluções em prol da retomada plena da capacidade produtiva no Complexo de Germano, em Mariana. Mas ainda encontra uma série de limitações técnicas e ambientais que condicionam este processo”, avalia.
É que com o rompimento da barragem, há quase sete anos, a Samarco teve todas as licenças suspensas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em 2016 e as operações embargadas. A tragédia deixou 19 mortos, poluiu a bacia do rio Doce e inundou o distrito de Bento Rodrigues.
Licenças para retomada
No fim de 2017, a empresa, que é uma joint venture da anglo-australiana BHP Billiton e da Vale, obteve a primeira licença rumo à retomada. Desde então, iniciou uma série de adequações para a volta das atividades. De acordo com Mileipe, a destinação da cava da mina Alegria Sul para a destinação dos rejeitos úmidos e a instalação de um sistema de filtragem para os rejeitos arenosos foram fundamentais para esse processo.
“Foram necessários R$ 380 milhões em investimentos e um ano de obras para viabilizar o sistema, que está dimensionado para absorver o rejeito arenoso do Concentrador 3, cuja capacidade chega a 9,5 milhões de toneladas. Mas o volume hoje está limitado pelo mineroduto e fica em cerca de 8 milhões de toneladas”, explica.
Segundo o diretor, no ano que vem o duto será alterado e essa capacidade aumentada para quase 20 milhões de toneladas. No entanto, o plano de retomada da companhia prevê o alcance de 30% a 32% das 30 milhões de toneladas anuais totais em 2023. Já em 2026, com a ativação do Concentrador 2, a produção atingirá os 60%.
“Para este momento, será necessário um novo aporte da ordem de U$ 380 milhões, em vistas de praticamente duplicar o sistema de filtragem. Já para 2029, quando está previsto o alcance das 30 milhões de toneladas, teremos que duplicá-lo novamente”, revela.
Destinação de rejeitos
Dos rejeitos gerados pelo processo extrativo da Samarco, 80% são arenosos e 20% úmidos. E a destinação deste último é fator igualmente condicionante ao aumento da produção. É que a solução temporária encontrada pela mineradora em substituição ao uso de barragens foi o depósito dos excedentes na cava. Mileipe afirma que este é um método seguro, porém, não o ideal, uma vez que a estrutura ainda possui vida útil e no local ainda há mineral comercializável.
”O depósito na cava talvez seja o mais seguro. Mesmo a pilha do rejeito seco implica riscos e, por isso, ainda temos dúvidas quanto ao empilhamento da lama. Temos que ter uma série de cuidados para que a estrutura geotécnica permaneça estável e ainda trabalhamos na melhor maneira de dispor esses rejeitos”, admite.
Enquanto isso, a empresa faz algumas destinações e aplicações do material, mas também não descarta o reaproveitamento do mesmo. Com mais de 50% de teor de ferro, o insumo pode ser melhorado para comercialização no mercado siderúrgico. “Há estudos bastante evoluídos neste sentido. A ideia é aumentar o teor, aglomerar, filtrar e transformar em algo como micropelota. É um desafio tecnológico que já está no nosso radar”, adianta.
(*) A repórter viajou a convite da Samarco
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