Vendas do comércio de Minas Gerais crescem 8,3%

Apesar de todas as restrições por conta da pandemia de Covid-19, o comércio em Minas Gerais surpreendeu em janeiro e avançou 8,3% na comparação com o mês de dezembro, na série com ajuste sazonal.
O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e difere bastante do resultado nacional, que apresentou queda de 0,2%, com retrações em 23 das 27 unidades da federação.
Apesar do número positivo, ao avaliar de maneira mais ampla o cenário, é possível encontrar explicações para que houvesse crescimento no primeiro mês do ano, mesmo diante de toda a instabilidade da crise sanitária.
Supervisora de pesquisa econômica do IBGE, Claudia Pinelli destaca que, como alguns municípios mineiros tiveram mais restrições em relação ao funcionamento de atividades no primeiro mês do ano, o esperado era que o indicador se comportasse de uma maneira diferente, até mesmo com redução.
No entanto, diz ela, como o comércio mineiro estava vindo de três meses de queda, inclusive com um recuo bastante acentuado em dezembro (-8%), é possível analisar que o resultado vem de uma base defasada, apontando para recuperação dos indicadores.
A base defasada também ajuda a explicar o avanço verificado em outra base de comparação (janeiro de 2021 com janeiro de 2020), que foi de 11,9%, conforme destaca Claudia Pinelli. Os indicadores no fim de 2019 e no início do ano passado já não estavam bons, segundo ela.
O comércio de Minas Gerais também apresentou crescimento na variação acumulada nos últimos 12 meses, de 4,6%. A especialista salienta que a alta foi puxada pelos avanços representativos verificados em meados do ano passado, após a retomada das atividades comerciais e mais comercializações por conta de uma demanda reprimida.
Setores – Os dados do IBGE também mostram que na comparação entre janeiro deste ano com o mesmo período de 2020, os avanços mais representativos foram verificados em outros artigos de uso pessoal e doméstico (83,2%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosmético (23,8%), hipermercados e supermercados (5,6%) e móveis (19,9%).
“As atividades com os melhores indicadores são aquelas diretamente relacionadas com a pandemia, com ficar em casa”, diz Claudia Pinelli.
No comércio varejista ampliado, por sua vez, houve crescimento de 22,6% no setor de material de construção e queda de 15,1% no setor de veículos, motocicletas, partes e peças.
Tendências – Atualmente, ainda há muitas medidas de restrição de atividades presenciais, por conta do agravamento dos índices da pandemia de Covid-19. Nesse cenário, Claudia Pinelli salienta que o comércio poderá ver alguma queda nos números, porém não deverá ser algo muito forte. “A atividade do comércio vem conseguindo se manter com o e-commerce”, ressalta.
Auxílio afeta desempenho nacional
Brasília – O setor de varejo do Brasil abriu o ano com novo recuo, após queda histórica em dezembro, acusando os impactos do fim do auxílio emergencial e das medidas de contenção do coronavírus, que no último mês já foram endurecidas em várias cidades do País em meio à escalada das mortes pela Covid-19.
As vendas no varejo brasileiro recuaram 0,2% em janeiro na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado, e caíram 0,3% sobre um ano antes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A expectativa em pesquisa da Reuters era de queda de 0,3% na comparação mensal e de retração de 0,25% sobre um ano antes.
O terceiro mês consecutivo de taxas negativas para o varejo na comparação mensal se dá após a suspensão do pagamento do auxílio emergencial no fim de dezembro, mês em que o comércio sofreu uma retração recorde para o período, de 6,2%, após recuo de 0,1% em novembro.
Em janeiro, por outro lado, o País ainda não enfrentava o endurecimento mais generalizado das iniciativas de distanciamento social promovidas a partir do mês passado, quando o recrudescimento da Covid-19 em todo o território nacional ficou mais evidente, trazendo dificuldades adicionais ao comércio.
No mês, seis das oito atividades pesquisadas mostraram queda de vendas sobre dezembro, com destaque para o grupo livros, jornais, revistas e papelaria, com retração de 26,5%, e tecidos, vestuário e calçados, queda de 8,2%. O setor de hiper e supermercados caiu 1,6%. Já o segmento outros artigos de uso pessoal e doméstico liderou as altas, com aumento de 8,3%.
“Janeiro teve o lockdown no Amazonas e restrições no resto do País, e isso influencia o setor do comércio”, disse o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos.
“Temos uma inflação mais alta e o fim do auxílio emergencial como outros efeitos negativos”, acrescentou o especialista, destacando que o setor de hiper e supermercados foi o que mais sofreu com o fim dos repasses da ajuda financeira do governo às famílias vulneráveis.
Estabilidade – O IBGE considera a retração de 0,2% estabilidade, mas Santos destacou que, ao contrário de novembro, em que o recuo de 0,1% se deu sobre um pico de vendas, o desempenho fraco de janeiro aconteceu após uma forte queda. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, a retração se deu após sete meses consecutivos de alta.
No chamado comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas recuou 2,1% em relação a dezembro de 2020, segundo mês consecutivo de variação negativa.
A queda foi puxada pelo grupo veículos, motos e peças, cujas vendas encolheram 3,6%. Segundo o especialista, o setor, que tem o segundo maior peso no comércio, foi um dos que mais sentiram as restrições ao funcionamento de estabelecimentos comerciais em janeiro. (Reuters)
Ouça a rádio de Minas