Vendas do Natal recuperam o nível pré-pandemia na RMBH

Passada a euforia do Natal, é hora de fazer o balanço de vendas do período. Os resultados para o comércio refletem o que tem sido esses dois anos de pandemia: um esforço de sobrevivência coletivo, com altos e baixos e expectativas de melhoras.
Segundo o superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers (Aloshopping), Alexandre Dolabella, entre os dias 1º e 24 de dezembro as vendas em Belo Horizonte e região metropolitana foram crescendo devagar, com melhor desempenho na semana que antecedeu a data.
“Nos últimos três dias, as vendas foram intensas. Os lojistas tiveram um crescimento real de 11,56% em comparação com o Natal do ano passado. Entretanto, em comparação ao Natal de 2019, o crescimento ficou em 0,05%”, observa Dolabella.
Os dados são de pesquisa realizada entre os dias 26 e 27 de dezembro, ouvindo representantes dos segmentos de vestuário; livraria e papelaria; óticas; joias e semijoias; perfumaria e cosméticos; artigos esportivos; eletroeletrônicos; calçados, bolsas e acessórios; brinquedos e games; cama, mesa e banho; móveis, colchões e decoração; alimentação e cafés; variedades; serviços.
Para 81,57% dos entrevistados, as vendas cresceram, e para 18,42% as vendas caíram em comparação ao ano de 2020. Entre os que avançaram, para 17,1% as vendas cresceram de 21% a 30%; para 10,5%, caíram de 1% a 10%. Apenas 2,6% dos entrevistados afirmaram que as vendas cresceram de 61% a 70%.
Em relação ao ano passado, o tíquete médio de vendas mostrou-se um pouco maior para 77,6% dos lojistas, ainda que a inflação tenha impactado as compras das classes mais baixas, corroendo o poder de compra dos salários. Presidente do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas), Nadim Donato pontua que “o consumidor buscou presentes com maior valor agregado e está muito atento aos preços da concorrência. Comparam muito em função da facilidade de se pesquisar na internet”.
Futuro preocupa – Com a alta inflação, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) em 10,42%, os lojistas mostram-se reticentes em suas expectativas para 2022 e 47,4% disseram que não estão otimistas nem pessimistas. Mais uma vez é a história do copo que não está nem cheio nem vazio.
“A maior preocupação será com a reposição das mercadorias para o próximo ano, uma vez que os preços praticados pelas indústrias estão que estão subindo muito”, disse o presidente da Aloshopping.
Na avaliação do economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas) Paulo Casaca, a vacinação massiva possibilitando que as pessoas se reunissem foi propulsora de um resultado positivo em relação a 2020. No entanto, considera que era esperado um ritmo maior de recuperação para este ano. “Foram muitas as intempéries: inflação, instabilidades criadas pelo governo federal, alta de combustível, fuga de investimentos; tudo isso mina a recuperação para a economia”, avaliou.
De acordo com ele, é a primeira vez que o boletim Focus – relatório emitido às segundas-feiras pelo Banco Central a partir de expectativas coletadas pelo mercado – apresenta projeção de crescimento abaixo do esperado: 0,42% para 2022. “São dados que abalam o lojista porque os analistas de mercado projetam fraca recuperação do emprego e baixo crescimento nas vendas”, completou.
Feriados devem afetar menos o varejo em 2022
Rio de Janeiro – O comércio varejista brasileiro deve ter, em 2022, um menor prejuízo causado por feriados nacionais, analisou pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Dos nove feriados nacionais, dois vão cair em domingos: Dia do Trabalhador (1º de maio) e Natal (25 de dezembro). “Isso faz com que o comércio não incorra em um custo de operação maior”, disse à Agência Brasil o economista da CNC, Fabio Bentes, responsável pelo levantamento. A projeção é de que as perdas no comércio com feriados sejam 22% menores em 2022 em comparação a 2021.
Fabio Bentes explicou que custo é esse. “Se houver uma compensação pelo trabalho no feriado, na semana subsequente, o comércio é obrigado a pagar hora trabalhada em dobro”. No caso do comércio, Bentes afirmou que, exceto o Natal, não vale a pena fazer esse regime de compensação na maioria dos feriados. Com sete feriados caindo em dias úteis e em sábados, dia de meio expediente no setor, o peso vai ser menor.
“Deve ser o menor prejuízo com feriados desde 2014, quando o comércio teve seis feriados caindo em dias úteis. Então, a principal razão para esse prejuízo menor é o custo menor da folha no dia trabalhado durante o feriado e a perda daquelas vendas casuais que, de alguma forma, acaba atrapalhando um pouco. Quanto mais feriados você tem caindo de segunda-feira a sábado, maior tende a ser o prejuízo do varejo”, informou o economista.
Efeito calendário – De acordo com a pesquisa, o comércio varejista sofreu um prejuízo de R$ 22,11 bilhões em 2021, com os nove feriados nacionais caindo em dias úteis ou em dias ponte, como terça-feira e quinta-feira. “Isso foi muito ruim para o comércio, que sofreu uma das maiores perdas da série histórica”. Para 2022, a previsão é que as perdas fiquem em torno de R$ 17,25 bilhões. “No ano que vem, acontece o inverso. O efeito calendário vai jogar alguns feriados para domingo, onde o comércio em sua maioria está fechado, e alguns aos sábados, onde o expediente é mais reduzido”.
Fabio Bentes explicou que esse prejuízo, geralmente, é maior nos segmentos altamente empregadores, como hiper e supermercados, que terão R$ 3,33 bilhões de prejuízo, do total de R$ 17,25 bilhões projetados. “Esse é o maior empregador do comércio”. Em segundo lugar, vem o segmento de vestuário e calçados, cuja perda deverá atingir R$ 2,83 bilhões. O terceiro maior prejuízo deve ser observado no comércio automotivo, que, embora não seja tão grande empregador, tem o salário médio maior do que a média do varejo. O prejuízo nesse segmento deverá alcançar R$ 2,63 bilhões.
“O trabalho durante um feriado ali acaba impactando a rentabilidade, a lucratividade do comércio”. Juntos, esses três segmentos concentram 55% das folhas de pagamento do comércio varejista brasileiro, respondendo por mais da metade (51%) das perdas. (ABr)
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