Economia

Vendas do varejo de materiais de construção caem cerca de 16%

Recuo no 1º trimestre foi influenciado pelo cenário macroeconômico; 2º semestre tende a ser melhor para o setor
Vendas do varejo de materiais de construção caem cerca de 16%
No Sudeste, vendas de cimento caíram 1,1% no primeiro semestre frente a 2022, segundo Sindicato Nacional da Indústria | Crédito: Alisson J. Silva

Os primeiros meses de 2023 não foram favoráveis para o varejo de materiais de construção. As vendas em Minas Gerais caíram cerca de 16% no período de janeiro a março deste ano ante o mesmo intervalo do exercício passado. A combinação entre juros altos, dificuldade de acesso ao crédito e comprometimento da renda familiar tiveram influência sobre o resultado. 

As informações são de Wagner Mattos, diretor do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco BH e Região) e da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac-MG). 

Ele afirma que, embora um dos indicadores do setor seja a variação do consumo de cimento, que vem apresentando números ruins neste início de ano, as vendas de materiais de construção em geral estão experimentando uma retração ainda superior. 

“Isso porque os materiais elétricos, hidráulicos, pisos e de outros acabamentos, demandam crédito, porque são itens de custo mais alto. Com o aumento da taxa de juros, a dificuldade de crédito e a renda das famílias comprometidas está ficando difícil das pessoas comprarem. Então a queda girou em torno desse percentual no primeiro trimestre”, explica.

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Faturamento sobe, mas fica aquém da meta

O momento negativo do setor no Estado também é observado nos registros da Cristiano Casa e Construção. Fundada há 34 anos no bairro Milionários, na região do Barreiro, a loja viu seu faturamento aumentar entre 5% a 8% no primeiro quadrimestre de 2023 frente ao mesmo período de 2022. O resultado, porém, ficou aquém da meta traçada ainda em dezembro. 

A afirmação é do diretor administrativo e um dos fundadores da empresa, João Batista de Oliveira. Segundo ele, por necessidade de cumprir com todos os custos, a empresa estabeleceu o propósito de aumentar os valores recebidos mensalmente. O objetivo, entretanto, não foi alcançado em nenhum dos primeiros quatro meses do ano. 

“Nos melhores meses até agora, ficamos a 3%, 4%, 5% de alcançar a meta que traçamos em dezembro. Nesse mês de abril para você ter uma ideia, nós ficamos a 20% da meta”, ressalta.

Para impulsionar a vinda de clientes, Oliveira destaca que a empresa tem como uma das principais estratégias o tradicional jornal de ofertas. No catálogo feito mensalmente, ficam expostos 60 itens em promoção dos mais de 9 mil produtos vendidos pelo estabelecimento

Fachada da Cristiano Casa e Construção, em Belo Horizonte
Apesar do aumento de faturamento no primeiro quadrimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, a Cristiano Casa e Construção não alcançou a meta prevista | Crédito: Divulgação/Cristiano Casa e Construção

Expectativa positiva para o segundo semestre 

O começo do ano não é positivo, mas o segundo semestre pode ser. É o que espera o diretor do Sindimaco e da Acomac e o diretor administrativo da Cristiano Casa e Construção.

Para Mattos, até julho, o varejo de materiais de construção deve continuar “patinando”, em função de incerteza política, manutenção dos juros elevados, dificuldade de acesso ao crédito e até mesmo uma possível redução do nível de emprego. Ele acredita, no entanto, que a partir de agosto possa haver uma melhora do setor. 

Já Oliveira destaca que maio iniciou bem melhor do que abril, até então, o pior mês de 2023 para a empresa. E a expectativa é que o segundo semestre seja ainda melhor. Segundo ele, geralmente há um progresso neste período, principalmente, em relação aos materiais de acabamento, produtos de maior valor agregado, que aumentam o ticket médio da loja. Estes itens, inclusive, estão no foco do empreendimento para alavancar o faturamento. 

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