Vendas do varejo em Minas subiram 2% no ano passado

As vendas do comércio varejista em Minas Gerais registraram crescimento de 2% em 2022 na comparação com o ano anterior, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desempenho acima do nacional, que registrou expansão de 1%. “São dois anos seguidos com desempenho acima do nacional”, observa o responsável pela pesquisa do IBGE em Minas, Daniel Dutra. Ele lembra que em 2021 o Estado teve alta de 3,1% e o País registrou incremento de 1,4%.
No varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o percentual de incremento no Estado foi menor, com alta de 0,9%, no ano passado, resultado diferente do verificado no País, que acumulou queda de 0,6%, a primeira desde 2020 (-1,4%). Em 2022, as vendas de material de construção caíram 9,9% em Minas Gerais frente ao ano anterior, acompanhando o recuo nacional (-8,7%).
A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Ana Paula Bastos, observa que o resultado positivo do comércio varejista no Estado está relacionado à geração contínua de empregos entre fevereiro e dezembro, puxada, principalmente, pelo setor de serviços e comércio. “Minas Gerais ficou em terceiro lugar na geração de empregos em 2022, com um saldo positivo de 177.996 vagas de emprego com carteira assinada, conforme o balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)”, diz.
Apesar do resultado geral ser de crescimento, a economista observa que segmentos que demandam um consumo via crédito foram negativamente impactados pela elevada taxa de juros vigente na economia. Conforme o IBGE, em 2022, móveis e eletrodomésticos tiveram recuo no Estado de 11,2%, o mesmo aconteceu na análise nacional (-6,7%).
O gerente nacional da pesquisa, Cristiano Santos, ressalta que o resultado nacional do acumulado no ano está muito próximo ao dos anos anteriores. “Em 2021, por exemplo, houve ganho acumulado de 1,4%. Então em 2022, há um crescimento similar, mas ainda mais tímido. Além disso, é muito concentrado, em termos de variação, no setor de combustíveis e lubrificantes, que acumulou alta de 16,6% no ano, uma distância grande para o acumulado dessa atividade em 2021 (0,3%)”, explica.
O responsável pela pesquisa do IBGE em Minas, Daniel Dutra, acrescenta que o consumidor, diante de um cenário de juros e inflação altos, deu preferência ao consumo de produtos básicos e essenciais, como é o caso de alimentação e remédios. No levantamento, o grupo hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registraram alta de 1,1% no Estado, resultado bem próximo ao do nacional (1,4%). O segmento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria acumulou ganho de 17,7% em 2022 em Minas, acima da média nacional (6,3%).
O pesquisador lembra que o setor de combustíveis começou uma trajetória de crescimento em julho do ano passado, quando houve mudança na política de preços dos seus principais produtos. O resultado foi um crescimento de 20,4% para o segmento de combustíveis e lubrificantes em Minas, acima dos 16,6% verificado nacionalmente.
Dezembro 2022
Ainda segundo o levantamento do IBGE, as vendas em Minas caíram 0,7% em dezembro de 2022 frente a novembro do mesmo ano, na série com ajuste sazonal. A média nacional teve recuo ainda mais expressivo de 2,6% e é a maior retração desde agosto de 2021 (-4,8%). O instituto contabilizou recuo nas vendas em 19 unidades da Federação.
Já na comparação do último mês do ano passado frente a dezembro de 2021, as vendas em Minas voltaram a registrar resultado positivo, com alta de 1,7%. A média nacional, em igual comparação, teve crescimento de 0,4%. Na análise do comércio varejista ampliado, o resultado é de queda de 0,7%, com retração de veículos, motos, partes e peças de 5,5% em Minas Gerais. A venda de material de construção teve queda ainda maior no Estado: 16,6%.
Ouça a rádio de Minas