Economia

Vendas de bebidas ficam estáveis na capital mineira

Vendas de bebidas ficam estáveis na capital mineira
Crédito: Isla Binnie/Reuters

A taça não está cheia nem vazia. Para o setor de bebidas, especialmente os vinhos e espumantes, perdas e ganhos equilibram a percepção de vendas relativas às festas de fim de ano para quem atua no comércio diretamente com o consumidor. “Nossas vendas estão estáveis em relação ao mesmo período do ano passado. Os custos subiram, o que nos levou a reduzir a margem de lucro para manter resultados”, explica o gerente de Varejo da Casa Rio Verde, Renato Vinhal.

Segundo ele, a melhor estratégia para fazer subir o ponteiro incômodo da estabilidade e maximizar os negócios envolvendo bebidas para o Natal e Ano Novo é ser agressivo nas ofertas. “Estamos com mais de 80 rótulos em promoção”, pontua Vinhal. É possível encontrar vinhos importados com descontos de 37% a 63%. Ele cita, também, o Clube do Vinho, serviço de assinatura com valor mensal fixo oferecido pela Casa Rio Verde em que o assinante recebe, em casa, vinhos com desconto que podem chegar a 40% sobre o valor praticado no mercado.

O gerente considera que sem o clube, que contribui para fidelizar a clientela, teria notado uma queda muito grande no desempenho do final de ano.

No mercado há 31 anos, a Casa Rio Verde conta com quatro lojas em Belo Horizonte e duas em Nova Lima. Todas em bairros de classe média e alta: Lourdes, Gutierrez, Sion, Anchieta e Vila da Serra. “O consumidor está cada vez mais exigente no atendimento e quer agilidade na entrega”, diz.

André Martini, sócio-diretor da importadora Casa do Vinho Famiglia Martini, no mercado desde 1947, avalia que este ainda é um período importante de vendas para o setor de bebidas. Além das festas de Natal e Réveillon, confraternizações de empresas, reuniões familiares e a troca de presentes são oportunidades de consumo que têm evoluído aos poucos, à medida em que a pandemia cede.

Um pouco mais animado com perspectivas até a virada do ano, ele considera que seus números ficarão entre 5% e 12% maiores. Mas faz coro com Renato Vinhal: é preciso dar desconto, desconto, desconto. “Principalmente para o consumidor que compra em quantidade, que faz volume. Temos reduzido ao máximo nossas margens de lucro para que o cliente continue motivado para as compras.”

Afinal, a alta do dólar tem impacto no preço dos vinhos importados e também nos itens que servem para embalar o produto: garrafa, rolha, rótulo e cápsula. “Recebemos, recentemente, o telefonema de um produtor espanhol relatando que teve aumento de 300% em sua conta de energia elétrica”, refere-se Martini ao efeito que a inflação europeia tem em sua mercadoria. Segundo ele, é possível notar uma mudança no perfil do consumidor: a busca pela qualidade sem abrir mão do custo-benefício favorável.

O gerente da Casa Geraldo Vinhos Finos, Leonardo Gomes, estima que as festas de dezembro movimentam cerca de 7 mil garrafas entre vinho, espumante e suco de uva, artigos mais vendidos pela loja especializada em vinhos mineiros – cuja colheita ocorre no inverno do Sul de Minas. Para ele, os resultados deste ano serão semelhantes aos do ano passado, ainda que esta seja a melhor época para a venda de vinhos e espumantes.

Entretanto, de acordo com a Organização Internacional do Vinho (OIV), o volume de produção mundial da bebida deve fechar 2021 em nível baixo, com retração de 4% em relação ao ano passado.

“Com desemprego e a alta tributação em nosso próprio Estado, vemos que o volume de vendas caiu”, comenta Gomes. Para ele, foi inevitável não repassar custos ao consumidor, cujo tíquete médio, na Casa Geraldo, gira em torno de R$ 250,00 a R$ 400,00.

Expectativa

Gomes tem a expectativa de que, com o fim do isolamento social, as pessoas passem a confraternizar mais. “Muita gente que ficou em casa passou a tomar mais vinho e está aprendendo a apreciar a bebida. O atendimento personalizado também é essencial para motivar o cliente. Ele quer mais atenção e o vinho traz esta sensação de proximidade”, reflete Leonardo Gomes.

Assim como os demais, Leonardo Gomes acredita que o brinde, para o setor, deve ser discreto: com a taça 50% cheia, 50% vazia.

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