Economia

Vendas internas das siderúrgicas do País devem recuar 0,7% em 2023

Instituto Aço Brasil atribui revisão nas projeções às baixas expectativas do setor automotivo e da construção civil
Vendas internas das siderúrgicas do País devem recuar 0,7% em 2023
Crédito: REUTERS/Alexandre Mota

A indústria siderúrgica nacional não está nada otimista com o desempenho de 2023 e acaba de revisar a projeção de resultados para o exercício. Embora mantenha a estimativa de produção em 34,655 milhões de toneladas de aço bruto neste ano, a expectativa é que as vendas internas e o consumo aparente sejam menores, enquanto as exportações devem crescer acima do inicialmente esperado.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Aço Brasil, que atribui a revisão às baixas expectativas de seus principais clientes: construção civil, máquinas e equipamentos e setor automotivo. As vendas internas estão estimadas em 20,082 milhões de toneladas, representando recuo de 0,7% sobre 2022. As primeiras projeções davam conta de um avanço de 1,9%, alcançando 20,605 milhões de toneladas.

O consumo aparente deverá ser de 23,187 milhões de toneladas (-1%). Antes, a projeção era 23,782 milhões de toneladas, que representaria avanço de 1,5% sobre o ano anterior. As exportações estão esperadas em 12,845 milhões de toneladas (7,6%) contra as 12,191 milhões de toneladas estimadas em novembro do ano passado (2,1%). E as importações deverão manter o volume de 3,432 milhões de toneladas, com alta de 2,5% frente ao apurado em 2022.

Para 2024, projeta-se consumo aparente de 23,883 milhões de toneladas. O volume representa alta de 3% sobre o consumo aparente estimado para 2023.

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“Não temos nenhum indicador que mostre otimismo para 2023. A partir dos dados do primeiro trimestre, não vemos perspectiva de que haverá crescimento, mas esse cenário pode ser revertido se as questões que consideramos prioritárias forem enfrentadas”, disse o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. Ele também citou as condições de mercado e a deterioração dos cenários nacional e internacional como fatores para a revisão.

Mesmo com previsão de crescimento apresentada pela indústria automobilística, a tendência da economia brasileira e da siderurgia é de queda nos próximos meses | Crédito: Reuters/Matthias Rietschel

Produção de aço no primeiro trimestre somou 8 milhões de toneladas

Conforme o Instituto, no primeiro trimestre, a produção de aço no Brasil somou 8,043 milhões de toneladas, volume 6,8% menor que as 8,629 milhões de toneladas da mesma época do ano passado. No período, as vendas internas aumentaram 2%, saindo de 4,886 milhões de toneladas para 4,982 milhões de toneladas.

Já as exportações passaram de 3,405 milhões de toneladas para 3,195 milhões de toneladas, caindo 6,1%, e as importações subiram 22,2%, saindo de 847 mil toneladas para 1,035 milhão de toneladas. E o consumo aparente foi de 5,917 milhões de toneladas, 3,4%, superior às 5,724 milhões de toneladas do ano passado. As previsões consideram as elevações do PIB mundial, do Brasil e da China de para 2023.

O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, Jefferson De Paula, reforçou o argumento de que uma série de preocupações no cenário que impedem a manutenção de uma perspectiva predominantemente otimista para o ano neste momento. Segundo ele, o que puxou o desempenho do primeiro trimestre foram compras estratégicas por parte dos distribuidores.

O executivo disse ainda que, mesmo com previsão de crescimento apresentada pela indústria automobilística, a tendência da economia brasileira e da siderurgia é de queda nos próximos meses, acompanhando a expectativa de retração dos setores de construção civil e máquinas e equipamentos.

“Acreditamos que a compra foi maior do que o consumo real em março, o que elevou a média dos primeiros três meses do ano. A reversão do quadro doméstico nos próximos meses depende fundamentalmente da melhora da perspectiva conjuntural e da sinalização de avanços na agenda de competitividade do País. Dentre esses avanços esperados e necessários, a reforma tributária é o principal. Se aprovada, trará um efeito positivo para toda a economia, no caminho da retomada do crescimento sustentado”, citou. 

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