Vendas de materiais de construção podem crescer até 5% em Minas Gerais em 2024

Taxa de juros elevada, dólar alto e gastos dos consumidores com as bets, são alguns dos fatores que estão impedindo resultados melhores do varejo de material de construção no Estado, segundo o diretor da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac), Wagner Mattos. Ele prevê que o resultado deste ano do setor em Minas seja de crescimento, no entanto, será “pífio” na avaliação do dirigente. “O crescimento nominal deve variar de 4% a 5%”, diz.
De acordo com ele, Minas acompanhou o desempenho nacional em outubro frente ao mês de setembro, que apresentou expansão de 1,5%, e no ano, de 3%. “Em Minas Gerais o resultado não foi muito diferente”, observa. Na comparação de outubro frente outubro do ano passado, ele diz que dado que ele tem disponível é da sua empresa, que teve alta nominal de 5,19%.
Ontem, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou a mais recente edição do Termômetro da Indústria de Materiais de Construção, pesquisa de opinião realizada com lideranças das empresas associadas. O levantamento indica que o mês de outubro deve ser positivo para o setor, com 9% dos associados informando que deve ser um mês muito bom e 50% classificando como bom. Para 36% deve ser um período de vendas regulares, enquanto para 5% deve ser ruim.
O dirigente da Acomac, que que também é diretor do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco BH e Região), explica que juros elevados tem vários impactos, um deles é a dificuldade de o consumidor pagar as dívidas, aumentando a inadimplência. E, logo, dificultando a comercialização. Outro é o desestímulo ao investimento do setor da construção civil. Em ambos os casos, há reflexos negativos na venda da atividade. Além disso, ele ressalta que a renda do consumidor continua baixa.
Juros elevados
Em setembro do ano passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano.
Foi a primeira alta em mais de dois anos. A última elevação dos juros, até então, ocorreu em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. E a instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam pelo aumento da Selic, para 11,25% ao ano, na reunião do Copom que acontece hoje (5) e quarta-feira (6). A previsão está no Boletim Focus – pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com a expectativa para os principais indicadores econômicos.
Impactos das bets
O diretor da Acomac ressalta que há um novo componente que deve impactar negativamente no setor: os gastos da população com as bets. Situação que preocupa também a presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Cássia Ximenes, conforme já divulgado pelo Diário do Comércio na última semana.
Segundo ela, os números indicam que as pessoas estão deixando de aplicar dinheiro na caderneta de poupança, principal fonte dos financiamentos de imóveis, e que provavelmente isso está relacionado com o direcionamento de recursos às apostas.
Além disso, alguns produtos importados vendidos pelo setor ficaram mais caros em razão do aumento do dólar, observa Mattos. “Juros elevados e dólar alto são fatores que fazem com que algumas pessoas decidam postergar as compras”, observa.
Perspectiva para o penúltimo mês de 2024
Para novembro, a perspectiva do dirigente é otimista. “Deve ser um mês bom, superando, pelo menos, em 5% o resultado do ano passado”, frisa. O pagamento da primeira parcela do 13º salário é um dos fatores positivos para o mês.
A perspectiva do dirigente para o penúltimo mês de 2024 está em conformidade com o que apresentou a pesquisa da Abramat, com 59% dos associados acreditando em um bom período para o setor e com 41% apostando que o mês deve ser de regularidade.
Já para o começo do próximo ano, Wagner Mattos não tem grandes expectativas. “Começo de ano tem férias e Carnaval, fatores que atrapalham os negócios do segmento. Assim, o marasmo atual do setor deve se manter”, analisa.
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