Economia

Comércio de materiais de construção deve encerrar 2025 com resultado negativo

Setor em MG estima queda de 3% a 5% frente ao ano passado; no País projeção é de alta de 1,8%
Comércio de materiais de construção deve encerrar 2025 com resultado negativo
Atual contexto econômico e político, com destaque para as elevadas taxas de juros, está prejudicando as vendas de materiais | Foto: Reprodução Adobe Stock

O comércio de materiais de construção civil de Minas Gerais não deverá avançar entre 3% e 5% este ano como previsto inicialmente. O setor, se performar bem, deve fechar 2025 sem acréscimos, ou, com o que considera mais provável, o diretor da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac), Wagner Mattos, com recuo de 3% a 5%.

O motivo, segundo o dirigente, que também é diretor do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco BH e Região), seria o atual contexto político e econômico no País, com destaque para a elevada taxa de juros, que inibe investimentos e financiamentos.

“Além disso, temos uma mão de obra muito cara e escassa, que atrasa, com frequência, o cronograma das obras, onerando os custos. Uma casa com previsão de reforma em três meses acaba gastando cinco, elevando os gastos com a obra”, explica.

Conforme Mattos, as pessoas estão inseguras, com medo de perder o emprego, financiar e investir. Com isso, vários empresários do setor já iniciaram uma onda de demissões “leves”, de dois, três ou até cinco empregados. O que o setor considera uma tendência ruim.

As projeções do representante da atividade em Minas foram feitas no mesmo dia em que a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou revisão das expectativas de crescimento para o setor em nível nacional.

Segundo o presidente da Associação, Paulo Engler, após análise do desempenho de agosto, em que o faturamento da indústria de materiais de construção no País teve um aumento de 1% na comparação com o mês anterior com ajuste sazonal e apresentou recuo de 0,3% na comparação com o mesmo mês de 2024, a projeção de crescimento teve que ser ajustada para 1,8%, ante os 2,8% estimados anteriormente.

“Estamos mantendo uma expectativa sólida e realista. A Abramat segue trabalhando para fortalecer o diálogo com a cadeia produtiva, com foco no crescimento sustentável da indústria nacional de materiais de construção”, comenta Engler.

Na visão de Mattos, entretanto, as expectativas para o comércio são um pouco mais pessimistas. “Estamos diante do melhor período do ano e, nos últimos três meses, considerando setembro, as vendas estão sinalizando queda de 12% em relação aos períodos anteriores. É um efeito dominó: se o comércio não vende, a indústria produz menos”, diz.

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