Economia

Vendas de material de construção registram queda de até 4% em MG

São vários os motivos para a retração, como a elevada taxa de juros, insegurança política e apagão de mão de obra
Vendas de material de construção registram queda de até 4% em MG
Para entidades, são vários os motivos para retração, como elevada taxa de juros, insegurança política e apagão de mão de obra | : Bhait / AdobeStock

As vendas de materiais de construção registraram queda no 1º quadrimestre em Minas Gerais, segundo dirigentes do Sindicato do Comércio Varejista e Atacadista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco) e da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac). A estimativa é de recuo de 2% a 4% na comparação com igual período do ano anterior.

Eles destacam que são vários os motivos para a retração, como a elevada taxa de juros, insegurança política e apagão de mão de obra. O presidente do Sindimaco, Julio Gomes Ferreira, observa que o desempenho da atividade varia de acordo com a empresa e a região do Estado. “Agora, o saldo do quadrimestre não é bom, já que o cômputo geral é negativo”, diz.

O dirigente critica o aumento constante dos juros. No último dia 18, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), aumentou a taxa básica da economia, a Selic, em 0,25 ponto percentual, passando de 14,75% para 15% ao ano

Desde setembro, o BC já aumentou a Selic em 4,5 pontos, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, perdendo apenas para a alta de 11,75 pontos entre março de 2021 e agosto de 2022, que ocorreu após o fim da pandemia.

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O diretor da Acomac, Wagner Mattos, ressalta que a falta de mão de obra torna o custo mais caro para construir, impactando também o “comércio formiguinha” – pequenas compras, geralmente realizadas por consumidores que buscam materiais para reformas ou reparos. “Nesse cenário, as obras acabam sendo postergadas, seja pela falta do profissional ou pelo custo mais alto. E é um problema que tem solução no curto prazo”, observa.

Além de fatores macroeconômicos e políticos, ele acrescenta que o primeiro quadrimestre conta com datas que normalmente atrapalham o desempenho do setor, como as férias e o Carnaval. “Ainda estamos vivendo um período de volatilidade, de instabilidade no setor”, acrescenta.

Desempenho no País

Nacionalmente, em abril de 2025, o percentual de lojas com percepção de crescimento nas vendas de materiais de construção retraiu em relação a março, conforme a mais recente edição do Termômetro JS+ Anamaco (Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção). Um dos motivos para o resultado foi o aumento de preços de 0,5% no setor.

Para o presidente do Sindimaco, o resultado de abril em Minas de fato deixou a desejar. “Foi caótico”, diz.

De acordo com o levantamento, em abril deste ano, o percentual de lojas com a percepção de estabilidade nas vendas em relação a março foi maior, chegando a 53%. A pesquisa mostra ainda que o percentual de lojas com aumento nas vendas supera as que perceberam queda, exceto no Sudeste, onde a diferença foi de -4% (19% cresceram vs. 23% caíram).

 As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País apresentaram as maiores diferenças positivas, com 21%, 18% e 20% respectivamente.

Em relação à percepção de variação nas vendas em abril de 2025 na comparação com abril de 2024, todas as regiões retraíram, com destaque para o Sudeste, que registrou uma diferença de -27% (19% cresceram em março de 2025 vs. 46% cresceram em março de 2024). O Brasil como um todo apresentou uma diferença de -19%.

Ainda no período, diminuiu o sentimento de crescimento nas vendas nos próximos três meses. As lojas mais focadas em material elétrico são as mais otimistas para esse período, com 55% dos lojistas apostando no aumento de suas vendas. Para as lojas em geral, 35% esperam crescimento, 48% esperam manutenção e 17% esperam queda.

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