Economia

Vendas recuam em BH, mas mercado imobiliário está otimista

Vendas recuam em BH, mas mercado imobiliário está otimista
Crédito: Filó Alves

O mercado imobiliário belo-horizontino avalia que 2022 será o segundo melhor ano para o setor desde 2014. Só não será melhor que 2021, ano em que o mercado bateu recordes de vendas. Mas se o volume de negócios foi menor no primeiro semestre – uma redução de 18,5% diante do mesmo período do ano passado -, o valor dos imóveis comercializados teve um aumento médio de 7,46%.  O preço médio  atingiu R$ 522.028, ante R$ 485.809 em 2021.

A valorização dos imóveis na Capital superou a variação da taxa Selic no período, que foi de 5,49% – e que, segundo especialistas do mercado, tende a baixar, tornando o investimento em  imóvel ainda mais atraente. A expectativa otimista acompanha o levantamento sobre o desempenho do segmento, realizado pelo Data Secovi, instituto de pesquisas da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG). 

“O ano de 2021 foi único para a história do mercado imobiliário e havia a esperança de que 2022 fosse similar. Neste ano, tivemos várias particularidades, como baixa expectativa do PIB no início do ano, guerra na Ucrânia, manutenção da política de aumento da taxa Selic, com consequência no valor do financiamento imobiliário, inflação mundial e um cenário político polarizado em ano eleitoral”, avalia o diretor da CMI/Secovi-MG e responsável pelo Instituto Data Secovi, Leonardo Matos.

Ele reconhece que o aumento na Selic impacta nos negócios, mas lembra que a taxa subiu de 2% para os atuais 13,75% nos últimos 16 meses. No mesmo período, a taxa de financiamento imobiliário saiu de 7% para 9,5%, ou seja, um reajuste muito mais modesto. “Com um bom planejamento financeiro, é possível fazer bons negócios nesse cenário”, destaca.

Segundo ele, as vendas de 2022 foram puxadas pelos imóveis residenciais e muitas delas resultaram de operações que começaram em 2021. “É um impacto remanescente da pandemia. A pessoa tem que vender o imóvel antes de comprar outro e isso leva um determinado tempo”, explica. “Uma outra razão para impulsionar os negócios foi que a taxa Selic foi subindo aos poucos e as pessoas aproveitaram para comprar imóveis neste período”, diz Matos.

Estoques e oferta de imóveis estão normais em Belo Horizonte, registra o levantamento do Data Secovi. Foram negociados 12.471 imóveis nos seis primeiros meses deste ano, contra 15.305 no mesmo período do ano passado.  O maior volume de vendas continua a ser de apartamentos, com 9.255 unidades comercializadas e com uma elevação média de 11,45% nos preços.

O valor dos imóveis comercializados teve um aumento médio de 7,46%, enquanto a taxa Selic foi de 5,49%. Ou seja, o investimento permitiu um ganho real de cerca de 2 pontos percentuais.

Comerciais

Já o segmento de imóveis comerciais foi o que apresentou o menor desempenho nos últimos dois anos e ainda não voltou aos níveis pré-pandemia. Foram vendidas 1.328 unidades no primeiro semestre de 2021 e 1.382 no mesmo período de 2022, com preço médio 13,09% inferior ao do ano passado. No período, foram comercializadas 487 salas comerciais, com um preço médio 29,5% menor. O segmento de galpões teve reduções de 33% no volume de negócios e média de 12% no valor.

Leonardo Matos explica que “os imóveis não residenciais ainda sentem o efeito da pandemia, especialmente salas e andares comerciais com mais de 10 anos de construção.” Neste período, o home office para algumas atividades se consolidou e as compras on-line vieram para ficar, diz ele, ressaltando que a situação não é a mesma no caso de lojas na região centro-sul. “As salas e andares corridos, inclusive as lajes comerciais mais novas, estão com bastante procura”, informa.

“O mercado imobiliário está aquecido e continuará aquecido, principalmente no segundo semestre do ano que vem”, acredita o CEO da Epar, empresa de gestão de serviços em mercado imobiliário, Eduardo Luiz. Para ele, as vendas refletem um contexto que se criou durante a pandemia, quando muitas famílias entenderam a importância e as comodidades que um bom imóvel pode proporcionar.

E é por isso, acredita, que os imóveis mais procurados são casas em condomínios de forma geral. Ou apartamentos que agregam comodidades e tenham espaços tanto para o trabalho quanto para tarefas do dia a dia, como lavanderias. “Isso se deu principalmente pelo fato das pessoas olharem para o local onde moram com outra perspectiva: mais do que um local de morar, é um local de bem-estar”, sustenta o especialista em mercado imobiliário.

Segundo ele, a projeção otimista se fortalece diante de perspectivas macroeconômicas, em especial as projeções de taxas de juros. “Elas tendem a baixar em relação aos níveis atuais e, assim, comprar um imóvel será ainda mais atrativo”, prevê.

Para Eduardo Luiz, as vendas ainda espelham o bom momento que o mercado passou em 2021, ano histórico em vendas. Uma performance que, ressalva, não se repete na comercialização de imóveis comerciais, que ainda enfrentam dificuldades para retomar os níveis anteriores à pandemia.

Depois de segurarem seus projetos e lançamentos, em grande parte por conta da alta nos insumos da construção civil, as construtoras estão retomando o ritmo. Com ofertas adaptadas à nova realidade, o setor seguirá, segundo Luiz, a gerar empregos e contribuir para o crescimento do PIB, como tem feito nos últimos anos.

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