Economia

Vendas do varejo recuam 2% em MG mesmo com a Black Friday

Dados da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, apontam queda de 2% em Minas Gerais
Vendas do varejo recuam 2% em MG mesmo com a Black Friday
Apesar do resultado negativo em novembro, o comércio em Minas registra alta de 2,1% nos primeiros 11 meses de 2022 | Crédito: Divulgação Shopping Del Rey

Apesar da Black Friday, as vendas do comércio varejista em Minas Gerais tiveram recuo de 2% na passagem de outubro para novembro de 2022, na série com ajuste sazonal. A redução ficou acima do resultado nacional (-0,6%), de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. 

A retração também foi verificada na análise do varejo ampliado, que inclui os setores de veículos, motocicletas, partes e peças e material de construção. A redução em Minas foi de 2,9% no volume de vendas, enquanto o Brasil teve queda de 0,6%. “A Black Friday não foi capaz de reverter outros fatores que impactaram negativamente no resultado do varejo em novembro passado, como inflação e juros altos, além da redução do acesso ao crédito para pessoa física e estabilidade do valor do Auxílio Brasil”, analisa uma das responsáveis pela pesquisa em Minas, Alessandra Coelho de Oliveira.

Nesse período, 20 unidades da Federação computaram queda nas vendas do varejo, com destaque para Amapá (-5,6%), Alagoas (-3,9%) e Maranhão (-2,7%). No lado positivo, destacam-se Tocantins (2,4%), Piauí (1,5%) e Espírito Santo (1,5%). Santa Catarina ficou estável em novembro.

É a primeira vez que o varejo fica no campo negativo nesse tipo de comparação, o que não acontecia desde julho de 2022 (-0,2%). Das oito atividades pesquisadas, seis tiveram resultados negativos em novembro. As principais influências sobre o índice geral nacional vieram de combustíveis e lubrificantes (-5,4%) e do segmento de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,4%). As únicas atividades que avançaram na comparação com outubro de 2022 foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,7%) e móveis e eletrodomésticos (2,2%).

Um ano antes, em novembro de 2021 frente outubro do mesmo ano, o cenário nacional do varejo foi diferente com alta de 0,6% na comercialização. No cálculo para o varejo ampliado, também foi verificado crescimento de 0,5%.

Diferente

O IBGE apurou que as vendas do varejo em Minas Gerais avançaram 2,2% em novembro de 2022 na comparação com igual mês do ano anterior, desempenho acima da média nacional (1,5%). Nessa análise, cinco das oito atividades investigadas no varejo mineiro apresentaram expansão, com destaque para combustíveis e lubrificantes (46,1%). As atividades com maiores recuos foram outros artigos de uso pessoal e doméstico (-16,7%), tecidos, vestuário e calçados (-16,6%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-16,4%). 

Já no comércio varejista ampliado no Estado, o setor de veículos, motocicletas, partes e peças apresentou recuo de 6,8% e o setor de material de construção registrou queda de 15,8%.

No acumulado dos meses de janeiro a novembro de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior, as vendas no Estado também tiveram resultado positivo, com alta de 2,1%, com seis taxas positivas e cinco negativas. 

No Brasil, o levantamento do IBGE mostrou incremento de 1,1%. Dentre as 27 unidades de Federação, 20 apresentaram indicadores positivos, com destaque para Paraíba (12,9%) e Roraima (12,3%). No comércio varejista ampliado, Minas Gerais registrou aumento de 1,1% e o Brasil redução de 0,6% no ano.

Na análise do acumulado dos últimos 12 meses, as vendas no Estado apresentaram incremento de 1,8%, desempenho novamente superior ao do Brasil (0,6%). Os resultados para o varejo ampliado foram de alta de 1,1% para Minas e queda de 0,8% no país. Nesse tipo de comparação, 18 das 27 unidades da Federação apresentaram indicadores positivos no comércio varejista, com destaque para Roraima (11,3%) e Paraíba (10,5%).

CNC projeta crescimento de 0,8% em 2023

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um cenário de estabilidade nas vendas em 2023, com alta de 0,8%. A estimativa comedida baseia-se em um contexto em que a taxa básica de juros da economia só deve recuar a partir da sexta reunião do Comitê de Política Monetária, que ocorrerá em setembro. Mesmo com esse recuo esperado, a taxa Selic deverá encerrar em patamar elevado, de 12,25% ao ano.

Soma-se a isso a expectativa de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 tenha alta de 5,4%, acima do teto do regime de metas de inflação para o ano, que é de alta de 4,75% em relação a 2022. Ainda, a perspectiva de crescimento da economia abaixo de 1% deve manter o ritmo de geração de emprego sem aceleração.

“O panorama revela um 2023 desafiador para o varejo brasileiro, que deve enfrentar ainda momentos de turbulência nos primeiros meses do ano”, aponta o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Os juros elevados, o aumento da inflação e o mercado de trabalho estabilizado são responsáveis pela primeira queda depois de três altas mensais consecutivas do volume de vendas do varejo. Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo foi de 0,6% no mês de novembro em relação a outubro do ano passado, ligeiramente abaixo da expectativa da CNC, que projetava queda de 0,4%. No comparativo com novembro de 2021, houve avanço de 1,5% – a quarta alta consecutiva nessa base comparativa.

Conforme o economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes, a queda das vendas do varejo está relacionada ao aumento de preços após a sequência de deflações observada ao longo do terceiro trimestre do ano passado. O índice geral de preços, medido pelo IPCA, voltou a registrar alta, de 0,41%, em novembro, após avanço de 0,59% em outubro. Os grupos de vestuário e transportes foram os principais responsáveis pela alta dos preços de novembro, com aumento de 1,1% e 0,83%, respectivamente.

Juros – “O aperto monetário no varejo se fez sentir ao longo de todo o ano de 2022 e, apesar do tímido crescimento, o volume de vendas no acumulado de 12 meses ainda se mantinha no campo positivo ao final do primeiro quadrimestre do ano passado, em alta de 0,7%, mas despencou para uma queda de 1,8% em julho”, analisa Fabio Bentes. Em novembro, as vendas acumulavam crescimento de 0,6% nessa base comparativa.

Nas operações de crédito livremente contraídas por pessoas físicas, a taxa média de juros dos empréstimos e financiamentos atingiu 59% ano – maior patamar desde agosto de 2017 (quando estava em 62,3% a.a.). “Esse fenômeno, aliado ao grau de endividamento historicamente elevado dos consumidores nos últimos meses do ano, foi um empecilho ao crescimento das vendas, especialmente nos segmentos em que há predominância do consumo a prazo”, afirma o economista da CNC.

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