Vendas de veículos novos em Minas Gerais sobem fortemente

Em setembro deste ano, as vendas de veículos novos em Minas Gerais cresceram 14,7% na comparação com igual intervalo de 2024. Conforme dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foram emplacadas 73.833 unidades no mês. Em relação a agosto, houve um aumento semelhante, de 14,6%.
O avanço na comparação anual foi puxado pelas comercializações de automóveis e comerciais leves, que subiram 11,7%, de motocicletas (30,6%) e de “outros” veículos (48,2%). O resultado poderia ter sido ainda mais significativo não fossem os recuos nas negociações de caminhões e ônibus, de 13,2%, e de implementos rodoviários, de 24,2%. No comparativo mensal, todos os segmentos apresentaram crescimento.
Com o desempenho de setembro, o Estado encerrou os primeiros nove meses de 2025 com 475.607 unidades de zero quilômetro comercializadas. Frente a performance reportada no mesmo período do exercício passado, o volume aumentou 11,4%.
A expansão acumulada também decorreu das vendas de automóveis e comerciais leves, que avançaram 12,6%, de motos (11,4%) e de “outros” (25,1%). Nesse caso, o montante negociado de caminhões e ônibus diminuiu 10,8% e de implementos rodoviários, 29,9%.
Emplacamentos por tipo de veículo em setembro
- automóveis – 42.796 em setembro / 301.248 no acumulado
- comerciais leves – 12.509 / 83.861
- caminhões – 1.090 / 10.469
- ônibus – 323 / 2.876
- motocicletas – 14.997 / 115.638
- implementos rodoviários – 461 / 3.862
- outros – 1.657 / 11.686
Motos em alta, enquanto outros segmentos lidam com dificuldades
O economista, consultor e conselheiro de política econômica Stefan D’Amato destaca que Minas acompanhou o bom momento do mercado nacional em setembro. Ele sublinha que as motos, que seguem como a opção de mobilidade mais acessível e prática, tanto para uso individual quanto para o trabalho em serviços de entrega, tem papel central nos resultados.
No caso dos automóveis e comerciais leves, o especialista diz que parte do aumento nas vendas pode estar relacionada a condições pontuais de mercado, como promoções e facilidades temporárias de crédito. D’Amato ressalta, contudo, que o custo elevado dos financiamentos, com taxas de juros historicamente altas, tende a limitar a continuidade desse ritmo, sobretudo em segmentos de maior valor agregado.
“Não por acaso, as próprias projeções para o setor indicam avanço mais modesto até o fim do ano, refletindo a dificuldade de manter o fôlego nesse ambiente”, pondera.
Ainda segundo o economista, nos veículos pesados, a situação é mais delicada. Ele explica que os caminhões, por exemplo, dependem de crédito em volume elevado e da confiança de setores como transporte, indústria e agronegócio, e sem sinais claros de expansão nessas atividades e com juros pouco atrativos, a renovação de frota segue em compasso de espera.
“Mesmo programas de incentivo, como o voltado à sustentabilidade dos automóveis, são vistos como importantes, mas insuficientes para compensar o impacto das condições macroeconômicas”, salienta D’Amato.
Para o restante do ano, o economista afirma que a tendência é que as motos sigam sustentando os resultados positivos, enquanto os demais segmentos enfrentam barreiras mais fortes. Segundo ele, o setor automotivo vive um paradoxo: ao passo que cresce em alguns nichos, convive com incertezas sobre a capacidade de sustentar o avanço sem uma redução consistente dos juros e sem políticas estruturais de estímulo ao crédito e à inovação.
Renda e emprego contribuem, mas juros e inadimplência preocupam
De acordo com o economista Guilherme Almeida, o mercado de zero quilômetro – assim como o de seminovos – está bem aquecido. Ele pontua que a alta demanda por veículos pode estar sendo impulsionada pela renda em níveis recordes e pelas mínimas históricas de desemprego, que aumentam o apetite ao consumo e a margem para obter crédito.
Por outro lado, o especialista ressalta que há fatores gerando preocupações. Almeida diz que a concessão de crédito está acontecendo, mas a um custo maior, o que tende a provocar uma desaceleração nas vendas em parte da reta final do ano e, principalmente, em 2026.
Especificamente para o restante de 2025, ele afirma que o cenário poderia ser pior devido aos juros, custos de crédito e inadimplência estarem em patamares elevados. No entanto, o economista pondera que o segundo semestre costuma ser mais aquecido para o mercado de veículos, com eventos que movimentam o setor, além de injeções de recursos na economia, com o pagamento do 13º salário e a geração de empregos temporários, por exemplo.
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