Venezuela terá de apresentar plano para quitar dívida com o Brasil

Brasília – A Venezuela terá de apresentar um plano para pagar sua dívida em atraso de cerca de US$ 1 bilhão com o governo brasileiro decorrente de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para cinco projetos de infraestrutura. O assunto foi tratado ontem durante visita oficial do ditador venezuelano Nicolas Maduro ao Brasil com o presidente Lula.
Assessores do presidente afirmam que os números atualizados da dívida mostram que a Venezuela ainda precisa pagar US$ 170 milhões diretamente ao BNDES e outros US$ 903 milhões ao Fundo Garantidor de Exportações (FGE), vinculado ao Ministério da Fazenda.
Esse fundo tem como finalidade dar cobertura às garantias prestadas pela União nas operações de exportação de bens e serviços de empresas nacionais. Funciona como um seguro.
A parte segurada já foi paga ao banco. Agora, cabe ao governo cobrar a dívida da Venezuela. Ainda não se sabe como esse débito será quitado, mas, segundo relatos de quem participou das conversas, é parte da retomada das relações políticas e comerciais com o país vizinho.
Até o momento, as linhas I e II do Metrô de Caracas, por exemplo, foram totalmente indenizadas pelo FGE – US$ 73 milhões e US$ 154,5 milhões, respectivamente.
As obras da Siderúrgica Nacional, do Estaleiro Astialba e da Conviasa ainda têm parcelas vincendas de US$ 117 milhões com o BNDES. No total, esses empreendimentos já levaram o fundo a arcar com US$ 675,6 milhões. Neste mês, serão mais US$ 54,8 milhões a serem pagos para o BNDES.
Entrada no Brics
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que tem posição favorável à entrada da Venezuela no grupo dos Brics, e voltou a defender a adoção de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio internacional entre países da América do Sul.
“É a primeira reunião oficial dos Brics que eu vou participar depois de oito anos, e tem várias propostas de outros países que querem entrar nos Brics”, disse o presidente sobre a reunião do grupo prevista para agosto.
“Se você perguntar minha vontade, eu sou favorável”, disse Lula, questionado sobre sua posição em relação ao pleito da Venezuela, lembrando que “não depende da vontade do Brasil”, e sim de uma decisão conjunta.
Lula explicou que eventual pedido venezuelano de inclusão no Brics – grupo atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – será levado para discussão e avaliação dos países do bloco, caso seja formalizado.
Lula recebe hoje representantes de 12 países da América do Sul em Brasília. (Julio Wiziack/Folhapress e Reuters)
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