Economia

Indústrias de vestuário e calçados devem encerrar 2024 com estabilidade

Brechós e grupos de revenda têm contribuído com o setor de bolsas e calçados
Indústrias de vestuário e calçados devem encerrar 2024 com estabilidade
Foto: Reprodução Pexels

Nem crescendo e nem perdendo força. Este é o cenário que o setor de vestuário e calçados de Minas Gerais têm traçado ao longo deste ano. Apesar da melhora sazonal do mês de agosto, em função dos lançamentos das coleções de verão, os setores registraram queda em setembro, aguardam as comemorações do fim do ano e esperam faturar ao menos o mesmo que em 2023. Além disso, a concorrência com os importados ainda é um desafio, uma vez que os efeitos da taxação de importados até US$ 50 não surtiu efeito para a indústria têxtil.

“Se conseguirmos manter os números do ano passado já está bom”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Minas Gerais (Sindvest-MG), Rogério Vasconcellos. Ele atribui à insegurança econômica a dificuldade do setor em melhorar o desempenho.

Mesma percepção tem o diretor do Sindicato da Indústria de Calçados do Estado de Minas Gerais (Sindicalçados-MG) Ivanildo Ardison. Ele comenta que a falta de previsibilidade da economia e as constantes oscilações dificultam investimentos. “Precisamos de mais previsibilidade e um cenário político mais seguro, com menos intervenções e com uma postura mais séria no sentido de cortar gastos. É preciso firmeza para direcionarmos caminhos”, afirma.

Importados ainda são fortes concorrentes das indústrias de vestuário e calçados

O presidente do Sindivest-MG levanta outro motivo significativo para os resultados não tão positivos do setor. Para Vasconcellos, os produtos importados ainda são uma concorrência direta que afeta o segmento. Ele percebe que a área ainda não se beneficiou da taxação dos produtos com valores menores que US$ 50. 

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“É uma concorrência direta estes sites como Shopee e Shein. Ainda não sentimos o impacto dessa taxação, mas esperamos que ao longo prazo ela reflita, mas até hoje não”, comentou.

O diretor do Sindicalçados tem percepção diferente, para ele a taxação dos importados contribuiu para o setor assim como um novo comportamento das clientes. 

“Elas não estão interessadas mais em seguir a modinha e comprar vários lançamentos, mas sim em um produto que dure indefinidamente. Um lado consciente das pessoas que temos notado mesmo”, afirmou.

Comportamento que para ele fomentou outro novo nicho de mercado: a revenda. “As pessoas compram hoje já pensando em revender. Os brechós e os grupos de WhatsApp são nossos grandes aliados”, diz.

Segundo ele, os produtos compatíveis com esta tendência têm que durar. “As pessoas já não querem mais aquele produto descartável. É uma mudança de consciência mundial. Não preciso mais sofisticar o designer ou seguir uma moda, senão ela cai em desuso rápido e as consumidoras já pensam na revenda”.

Esse movimento, na visão do diretor do Sindicalçados, além de favorecer o consumo consciente fortalece a indústria nacional contra os importados. “Ao optar por um produto nacional, você fortalece toda uma cadeia de produção e de consumo importante para o País”, comentou.

Um produto nacional com garantia dá ao consumidor a segurança de uma mercadoria de boa qualidade. “Para quem você reclama quando compra na China?”, indaga o diretor.

Na visão de Ardison, as pessoas não querem sofisticação mais. “Na grande maioria, estão optando por qualidade, capricho e modernidade”, afirmou.

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