Vestuário tem recuo de 57,6% nas vendas

O setor do vestuário de Minas Gerais ainda enfrenta retração nos resultados em função da pandemia do Covid-19. Com a suspensão de várias atividades e eventos, o setor, logo nas primeiras semanas do isolamento social, chegou a registrar queda de 92,7% na demanda. No acumulado de março até a semana passada, a queda média estimada nas vendas do setor foi de 57,6%.
De acordo como o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest MG) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Luciano Araújo, o setor foi um dos mais afetados em Minas e no Brasil e a situação ainda é desafiadora.
Araújo explica, com base nos dados da pesquisa Índice do Varejo Ampliado Cielo, que o setor de vestuário apresentou a maior queda entre os setores econômicos, principalmente, em moda e moda festa, que teve o desempenho reduzido em quase 100%. No início de março, o setor apresentou queda de 60% nas vendas, com um pico no final do terceiro mês de 92,7% de queda. Já na última semana de julho, a queda foi reduzida para 36,7% e na semana passada para 23,7%.
“Nós observamos que no acumulado de março até a semana passada, a queda média do setor é de 57,6%. É um cenário absolutamente crítico para o setor e para as empresas darem conta de suportar uma situação como está. Estamos muito preocupados. O setor está sofrendo muito com a pandemia porque ele depende, basicamente, do comércio voltar às atividades normais. Com a instabilidade no processo de reabertura – abre, fecha, abre – o lojista está com medo de fazer compra da indústria”.
Ainda segundo Araújo, existe interesse dos consumidores em adquirir produtos do setor de vestuário, o que foi observado na pesquisa feita para o Dia dos Pais e que apontou como principal intenção de compra as peças de vestuário. Além disso, algumas regiões já estão reabrindo inclusive os shopping centers, o que vem contribuindo para a redução da queda acumulada.
“A reabertura de parte do comércio nos últimos dias está refletindo de forma positiva para reduzir a queda da demanda do setor. Mas, ainda vejo com preocupação. Ainda não voltamos aos patamares de fevereiro em nível de vendas. Com todo esse cenário, para as empresas terem caixa e suportarem um período tão longo de crise é muito difícil. Ainda não temos um levantamento de quantas empresas fecharam, mas os números não serão positivos”, ressalta.
Ações – Para Araújo, a expectativa é de melhora do cenário, porém, a instabilidade impede que o setor se recupere com maior intensidade. Em busca de fomentar as vendas das indústrias de vestuário de Minas Gerais, o Sindivest MG tem desenvolvido ações. Uma delas foi o Minas Showroom. Em julho, o sindicato trouxe compradores de fora para adquirirem produtos das empresas mineiras, respeitando todo o protocolo para evitar a disseminação do Covid-19.
“Tivemos problemas com nova medida para o fechamento das lojas, mas, mesmo assim, a ação foi positiva e vamos refazer em outro momento, talvez em outubro, como as empresas estão pedindo. É importante criar mecanismos de vendas para estimular o setor”, avalia.
Outra ação, em parceria com Fiemg, é lançar um marketing place internacional para colocar os compradores internacionais em contato com a indústria mineira.
“A ideia é lincar os fabricantes mineiros com compradores internacionais. Estamos cadastrando as empresas para que elas possam ofertar os produtos em uma plataforma digital. A ideia é lançar a plataforma em outubro. No novo normal, a questão digital fará parte do setor de vestuário. É importante que as empresas estejam atentas a isso e trabalhem, cada vez mais, para buscar alternativas digitais. Temos que aproveitar a crise, reinventar os negócios e buscar novas oportunidades. Digo que na crise não é o mais forte que vence, é sim o que melhor se adapta”, explica Araújo.
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