Viridis mantém independência da China em projeto de terras-raras

A Viridis Mining and Minerals não pretende dispor de tecnologia, equipamentos ou insumos da China no projeto de elementos de terras-raras (ETRs) que desenvolve no Sul de Minas Gerais. Ao manter uma independência dos chineses, a empresa fica livre de eventuais problemas e se consolida como uma fornecedora estratégica para os demais países.
O gigante asiático é quem domina, globalmente, a extração e o refino de terras-raras. Os elementos são essenciais à transição energética, à indústria eletrônica e ao setor de defesa.
Neste mês, a China decidiu expandir os controles de exportação de ETRs. Entre as medidas anunciadas, a partir de dezembro, será exigida uma autorização do governo local para qualquer empresa estrangeira que queira exportar produtos com mais de 0,1% de terras-raras originárias do país ou fabricados com tecnologia chinesa.
Em documento divulgado ao mercado na segunda-feira (20), a Viridis informou sobre a decisão de não ter a participação do gigante asiático no projeto Colossus para evitar uma exposição a potenciais atrasos, restrições ou riscos de dependência decorrentes dos novos anúncios. Conforme o comunicado da empresa, essa abordagem posiciona o empreendimento no Estado como estrategicamente significativo e alinhado ao Ocidente.
Relação com chineses poderia afetar outras negociações
Ao Diário do Comércio, o gerente da empresa no Brasil, Klaus Petersen, diz que a mineradora já havia decidido, antes mesmo de iniciar conversas com potenciais financiadores do projeto e compradores do produto futuro, não se relacionar com os chineses, porque isso poderia afastá-la dos demais países, que não querem ter ligação de risco. Ele diz que a companhia está aberta a negociar com o lado oriental também, sendo a exceção a China, embora o país não esteja excluído definitivamente dos planos.
“Se comprássemos equipamentos da China, por exemplo, poderia afetar alguma negociação futura. Queremos estar totalmente independentes para que a Europa, os Estados Unidos, a América do Norte em geral, ou qualquer outro país, como a Coreia, Japão ou Índia, negociem com a gente tanto na parte de investimento como nos contratos offtakes”, destaca.
“Como empresa, não entramos em guerra geopolítica. O que fazemos é tentar dar a maior segurança possível para os nossos acionistas, o que, hoje, é ter uma espécie de ‘cesta de financiadores’ e de compradores do produto da nossa mina. Isso é o que daria mais tranquilidade e certeza da continuidade do negócio, potencialmente até de maiores ganhos. Então, não dá para misturar com a China nesse momento”, afirma.
“Mas nunca excluímos a China do futuro. Se o Ocidente não conseguir se mexer, adquirir nossos produtos, nos financiar, a China está prontamente ali para fazer isso”, pondera.
Restrições da China valorizaram a empresa
Ainda conforme Petersen, a partir do momento em que a China impôs mais restrições, as ações da Viridis na Austrália subiram entre 10% e 15%, demonstrando que os investidores reconhecem o quão importante a empresa está se tornando nessa guerra comercial. Ele destaca que, não apenas os Estados Unidos, como também outras nações, vão procurar a mineradora para negociar porque ela é independente e porque precisam das terras-raras.
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