Viridis deve investir US$ 287 milhões em projeto de terras-raras no Sul de Minas
A australiana Viridis Mining prevê, a princípio, um investimento de US$ 287 milhões para desenvolver o projeto de terras-raras Colossus, localizado na região Sul de Minas Gerais.
A informação consta no estudo de escopo divulgado pela mineradora e exclui a aplicação de 30% de contingência – se considerada as provisões, o valor sobe para US$ 373 milhões.
Conforme o diretor-executivo da Viridis, José Marques, o capex estimado abrange, entre outros pontos, a construção da planta industrial em Poços de Caldas, prevista para ter capacidade de receber cinco milhões de toneladas de minério por ano e de produzir até 25 mil toneladas de mix de carbonato de terras-raras por ano, além da instalação de minerodutos.
Ele explica que a primeira estrutura para o transporte de minério seria construída para levar o material da mina até a unidade de tratamento, visando reduzir custos e impactos ambientais, com a diminuição do fluxo de caminhões, geração de poeira e uso de combustível. O segundo teria um objetivo semelhante, mas transportaria o minério extraído em áreas da empresa na cidade de Caldas, em uma segunda fase do projeto.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Marques ressalta que o estudo de escopo é a primeira avaliação econômica do projeto e que o estudo de pré-viabilidade econômica está previsto para ser concluído até julho deste ano, e o estudo de viabilidade econômica definitivo, deve ser finalizado até fevereiro de 2026.
O dirigente afirma que após essas novas etapas, a mineradora terá as informações necessárias para captação de recursos para o investimento final.
De acordo com o executivo, o licenciamento ambiental está alinhado com os estudos de engenharia. Dessa forma, a intenção da Viridis é começar a erguer a planta industrial no meio do ano que vem e começar a operá-la entre o fim de 2027 e o início de 2028.
A estimativa, de acordo com ele, é que dois mil colaboradores sejam contratados no pico das obras de instalação e, na fase de operação, sejam contratadas 200 a 300 pessoas.
Características únicas do Colossus
Segundo Marques, Colossus tem características que o tornam simples em comparação a projetos de mineração em geral, com custos operacionais e de investimentos menores.
“As principais características estão associadas à qualidade do minério, que é de altíssimo teor para esse tipo de depósito de argila iônica. Além disso, ele tem a característica iônica muito ressaltada, ou seja, é um minério que recupera muito bem quando submetido a um processo de lixiviação com sulfato de amônio. Temos recuperações acima de 70% para óxidos de terras-raras magnéticos (MREO)”, destaca.
“Outra característica é a rota de processo simplificado do projeto, que faz com que não seja necessário ter barragens de rejeitos nem pilhas de estéril definitivas, por exemplo”, conclui.
- Leia também: Instituto de Terras Raras em Lagoa Santa pode impulsionar a vinda de fábricas para o Brasil
Destino da produção da mineradora e acordos para comercialização
O diretor-executivo da Viridis informa que parte da produção do Colossus deve ser destinada a uma refinaria que deverá ser instalada em Poços de Caldas pela Viridion, uma joint venture da Viridis com a Ionic Technologies. Ela irá fazer o refino do carbonato de terras-raras para produzir óxidos de terras-raras de alta pureza, material que pode ser usado na fabricação de ímãs de terras-raras, componente essencial para vários setores, como o automotivo.
A Ionic já tem uma planta de demonstração na Irlanda e ainda precisa avançar com os estudos para ter a primeira estimativa de custos para o projeto. Embora ainda não esteja tão avançada, a refinaria pode sair antes mesmo da planta de carbonato de terras-raras, conforme Marques, em razão de uma demanda forte por parte do setor produtivo e fomento de desenvolvimento da cadeia de produção de terras-raras pelo governo.
Outra parte da produção, segundo o dirigente, poderá ser exportada para refinarias no exterior, potencialmente para os Estados Unidos e Europa. Até o momento, a Viridis não fechou acordos de venda antecipada do seu produto, mas agora que terminou o estudo de escopo do Colossus, pretende tratar com potenciais parceiros para vender antecipadamente os materiais.
Ouça a rádio de Minas
