Receita com exportação de minério de ferro em Minas Gerais recua, mas volume é maior

As exportações de minério de ferro de Minas Gerais atingiram 171,6 milhões de toneladas e US$ 12,5 bilhões em 2024, sendo a China o principal mercado de destino. Em volume, os embarques subiram 7,6% em comparação a 2023, no entanto, em valor, recuaram 2,8%.
Os dados constam no Comex Stat, plataforma da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic).
Em síntese dos resultados, as mineradoras conseguiram vender uma quantidade maior de minério de ferro no ano passado, contudo, os produtos estavam mais baratos.
A analista de Negócios Internacionais do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Winter, diz que as empresas aumentaram a oferta da commodity e, consequentemente, o preço negociado caiu.
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Para este ano, a tendência é parecida: as vendas externas de minério de ferro devem crescer de forma moderada em volume e retrair em valor, também de modo modesto.
Conforme Verônica Winter, o mercado tem projetado uma leve queda nos preços em 2025. A razão para isso é a existência de demanda, ainda que não tão pujante, sobretudo, dos chineses, e o fato de que novas minas podem entrar em operação no mundo, como a Simandou, em Guiné, o que ampliaria a oferta global e pressionaria a cotação internacional.
A economista e doutoranda em Economia no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diana Chaib, acrescenta que as empresas vão intensificar a oferta antes que Simandou comece a operar.
Mudança de direcionamento do governo chinês pode impactar os embarques da commodity
Para o especialista da Valor Investimentos, Luiz Marques Júnior, o volume de exportações de minério de ferro deve continuar subindo neste ano e, quiçá, bater novos recordes.
Na avaliação dele, algo que pode impactar as compras da commodity pela China é o país focar no consumo da população e não mais no crescimento, por meio, da construção civil.
“Temos visto as construtoras chinesas sofrendo bastante no mercado interno, e se o governo chinês seguir focando no consumo da população, podemos ter uma queda de demanda”, diz.
O economista e especialista da Valor Investimentos, Pedro Lang, acredita que a demanda da China por minério de ferro será mais fraca em 2025. Ele cita que fatores como a possível mudança na matriz econômica, além do momento delicado da economia do país, com a desaceleração do mercado imobiliário, apontam para uma necessidade menor de minério.
Para Diana Chaib, a perspectiva para este ano é de que os chineses elevem a demanda e a razão para isso é o aumento da oferta brasileira. Ela também avalia que a crise imobiliária que afeta a região deve seguir, mas perdendo um pouco de força quando comparada a 2024.
Verônica Winter crê em continuidade da crise imobiliária chinesa e não espera que a China volte a ter uma grande demanda por minério de ferro para produção de aço para construção civil em 2025. Ela ressalta, entretanto, que outros setores do país, como o automotivo e de eletrodomésticos, consomem a commodity e ajudam a manter as compras em alta.
No ano passado, apesar da crise imobiliária prolongada que afeta a demanda interna por aço, a China importou do mundo inteiro 1,24 bilhão de toneladas da commodity, segundo dados da Administração Geral de Alfândega. De acordo com analistas, os preços mais baixos estimularam as negociações, com comerciantes aproveitando para estocar material.
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