Volume de fusões e aquisições deve aumentar em 2025 no Brasil

As operações de fusões e aquisições de empresas, conhecidas pela sigla M&A, do inglês Mergers & Acquisitions, tem se tornado uma das principais estratégias das empresas brasileiras para alavancar o crescimento. O cenário econômico nacional favorável dá evidências que o volume desse tipo de negociação deve aumentar no ano que vem, de acordo com especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio.
Segundo a pesquisa da KPMG, o Brasil registrou 426 fusões e aquisições de empresas no segundo trimestre de 2024, uma alta de 17% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram realizadas 365 operações desse tipo. Das 426, 38 foram em Minas Gerais, mantendo o mesmo número de negociação de 2023.
As operações domésticas entre organizações brasileiras (256) lideraram essas transações, seguidas de transações de empresas de capital majoritário estrangeiro (95) que adquiriram, de brasileiros, capital de empresas estabelecidas no Brasil.

“Os dados evidenciam um aumento importante no número de fusões e aquisições. Após os impactos causados pelo aumento global de taxa de juros e ajustes na expectativa de preço, fica evidente que as empresas estão mais ativas nessas operações e que devemos ter uma retomada no número de fusões e aquisições”, afirma o especialista de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil, Paulo Guilherme Coimbra.
Saiba os motivos do maior volume de fusões aquisições
A diversidade e a grandeza do mercado nacional atrelado aos fatores econômicos e estruturais tornaram o País um ambiente atrativo para investidores, de acordo o sócio da FT Aquisições, Franklin Tomich. Além disso, ele considera que a fragmentação de muitos setores ainda oferece oportunidades de consolidação, com empresas buscando ganhos de escala e eficiência, além de maior competitividade nos próximos anos.
“A atração de investimento estrangeiro permanece forte, já que o Brasil oferece um vasto mercado consumidor, recursos naturais e setores como infraestrutura, tecnologia e energia que necessitam de grandes aportes. Além disso, o contínuo processo de privatizações e concessões do governo brasileiro abre espaço para transações estratégicas, especialmente em áreas como saneamento e infraestrutura”.
O especialista em finanças e investimentos, Hulisses Dias, acrescenta a redução nas taxas de juros nos EUA como outro importante fator que motivam o crescimento de M&A. “A redução das taxas atrai capital para países emergentes”, diz.
Dias cita ainda a necessidade de inovação e digitalização acelerada como outros fatores que levam as empresas a procurarem a M&A. “Uma forma de incorporar novas tecnologias e expertise, especialmente em setores como tecnologia, saúde e energia”, comenta.
O professor do Ibmec, Marcos Camargos, comenta que o bom desempenho do Índice Bovespa, que é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas, também contribui para o mercado promissor.
“Geralmente quando você tem alta do Ibovespa, e nós tivemos recorde de pontos, você aumenta o número de aquisições porque as empresas usam suas ações para poder pagar suas aquisições. Atrelado a isso tivemos uma reforma realizada em 2019 que agilizou e desburocratizou as agências reguladoras proporcionando um ambiente regulatório mais propício para a fusão e aquisição que está refletindo agora e deve refletir mais para frente“, comentou se referindo à Lei 13.848/2019, conhecida como lei geral das agências reguladoras.
O professor também acredita que a queda da atratividade dos títulos norte-americanos favorece o mercado brasileiro. “O investidor que estava nos Estados Unidos e quer buscar outros investimentos mundo afora, procura novos espaços, favorecendo as fusões e aquisições brasileiras”.
Para o professor, se o cenário econômico atual se manter e se consolidar, é bem provável que o volume de transações aumente. “Isso contribui bastante para que empresas e empresários fiquem mais motivados a buscar esse tipo de estratégia como forma de investimento”, afirma.
Entenda a diferença entre fusão e aquisição
Embora o mercado, muitas vezes, agrupe todas essas operações sob o termo M&A, as transações de fusão e aquisição são diferentes em sua essência.
Franklin Tomich, da FT Aquisições, explica que as fusões ocorrem quando duas empresas se unem para formar uma nova organização. Nesse caso, o principal objetivo é criar um grupo maior e mais poderoso, com maior força competitiva no mercado.
“Com a união, as empresas visam não apenas reduzir custos e aumentar a eficiência, mas também ampliar seu poder de mercado, ganhar escala, expandir a base de clientes e alcançar uma posição mais dominante no setor”, esclarece.
De forma a permitir ao novo grupo, maior influência sobre preços, concorrentes e negociações com fornecedores, além de abrir novas oportunidades de crescimento.
Já as aquisições envolvem dois lados com objetivos distintos. “De um lado você tem o grupo comprador, que geralmente busca crescimento, fortalecimento no mercado e outras vantagens estratégicas, semelhantes às que se obtêm em uma fusão. Do outro, você tem os vendedores, em que os motivos para a venda podem variar, como aposentadoria, falta de sucessão, medo das consolidações de mercado ou, em alguns casos, problemas financeiros”, explicou.
Tomich comenta ainda que nas aquisições, diferentemente das fusões, não há a criação de uma nova entidade jurídica, a empresa adquirida simplesmente passa a ser controlada pelo comprador.
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