Volume de vendas do varejo recua 1,8% em MG

A inflação elevada tem comprometido o poder de compra das famílias e impactou de forma negativa nas vendas do comércio de Minas Gerais em julho. De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no sétimo mês do ano, o volume de vendas do comércio varejista no Estado recuou 1,8% na comparação com junho e caiu 2,5% frente a igual mês de 2021. Apesar do resultado negativo, no acumulado do ano até julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, as vendas ficaram 1% maiores.
Mesmo com o resultado negativo frente a julho de 2021, o mês foi marcado pelo avanço nas vendas de combustíveis e lubrificantes. Com a redução da alíquota do ICMS, a venda subiu 24%. No sentido oposto, foram verificadas quedas importantes em outros artigos de uso pessoal e doméstico, com retração de 21,6%, seguido por Tecidos, vestuário e calçados, 18,2%.
Segundo o analista de Informações Estatísticas e Geográficas do IBGE Minas, Daniel Dutra, o desempenho do comércio vem variando bastante ao longo do ano. Avaliando somente o período de janeiro a julho de 2022, as vendas do setor estão 4,8% maiores no ano. No intervalo, foram observadas quatro taxas positivas e três negativas.
“O ano está bastante instável, sem mostrar tendência clara de alta ou queda nas vendas. Isso é resultado do cenário econômico”.
Conforme a pesquisa do IBGE, no confronto de julho com igual mês do ano anterior, Minas Gerais registrou recuo de 2,5% nas vendas do comércio varejista. No intervalo, somente três das oito atividades pesquisadas apresentaram avanço.
Segmentos
O segmento que mais recuou foi o de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com retração de 21,6%, seguido por tecidos, vestuário e calçados, com queda de 18,2%. Diminuição também em móveis e eletrodomésticos, 14,6%, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 2,5%, e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, 6,3%.
A redução nestes segmentos, segundo Dutra, pode estar atrelada ao aumento da inflação e menor poder de compras das famílias. “O resultado negativo pode ter acontecido por escolhas do consumidor, considerando a renda e a capacidade de compra”.
Varejo ampliado
Já no comércio varejista ampliado, que encerrou julho com queda de 2,9% frente a igual mês do ano passado, o setor de veículos, motocicletas, partes e peças apresentou recuo de 1,1% e o setor de material de construção apresentou recuo relevante de 10,6%.
No acumulado do ano, a alta de 1% do comércio varejista vem sendo sustentada pelas atividades de livros, jornais e revistas, com aumento de 31,1%, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 18,4%, e combustíveis e lubrificantes, 5,2%.
Já em equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, foi verificada queda de 8,7%, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, 0,3%, móveis e eletrodomésticos, 19,5%, e outros artigos de uso pessoal e doméstico, com retração de 2,1%.
Sem fazer previsões para os próximos meses, Dutra destacou que o pagamento dos auxílios, por parte dos governos, na série histórica sempre impactam de forma positiva nas vendas do setor. “Vamos conseguir avaliar, claramente, os impactos dos auxílios pagos em 2022 nos próximos meses”.
Resultado no País foi o pior em quatro anos
Brasília e Rio – As vendas no varejo brasileiro recuaram em julho, na terceira queda seguida do comércio sobre o mês anterior, contrariando expectativa de crescimento com retração em sete das oito atividades pesquisadas, mostraram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As vendas caíram 0,8% sobre junho, em dado com ajuste sazonal, maior declínio para o mês desde 2018 (-0,9%). Na comparação com julho do ano passado, o varejo encolheu 5,2%.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,30% na comparação mensal e de queda de 3,50% sobre um ano antes.
As quedas nas vendas na comparação com junho foram disseminadas, com destaque para tecidos, vestuários e calçados (-17,1%), móveis e eletrodomésticos (-3,0%) e livros, jornais e papelaria (-2,0%).
Apenas a atividade de combustíveis e lubrificantes (12,2%) mostrou crescimento, acompanhando a queda recente de preços nesse setor, que determinaram a deflação registrada em julho, refletindo a retração das cotações internacionais e a política de desoneração implementada pelo governo no ano eleitoral.
Apesar da deflação de julho, o IPCA ainda acumulava no período alta de 10,07% em 12 meses, comprimindo o poder de compra das famílias, que têm enfrentado níveis recordes de endividamento mesmo com medidas adotadas pelo governo, como a antecipação do 13º salário e a liberação de saques do FGTS.
Nos três meses até julho, as vendas no varejo acumularam queda de 2,7%. No ano, o volume de vendas tem alta de 0,4% e está atualmente apenas 0,5% acima do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020.
O comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, teve queda de 0,7% no volume de vendas frente a junho e de 6,8% sobre julho do ano passado.
O desempenho do varejo em julho contrasta com o de serviços, que avançou 1,1% no mês, bem mais do que o esperado por analistas, impulsionado pela demanda das empresas.
“O que pode estar havendo é que alguns serviços deixaram de ser consumidos por conta da pandemia e agora, com a normalização, as pessoas podem estar consumindo mais serviços e menos bens”, disse o gerente da pesquisa do varejo, Cristiano Santos.
O Banco Central divulgará nesta semana seu índice de atividade para julho (IBC-Br), que dará uma visão mais abrangente do estado da economia naquele mês. (Reuters)
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