Economia

Volume de vendas do varejo de Minas Gerais recua 1,7% em junho

A queda no indicador estadual pode ser sinal de um movimento mais amplo de perda de ritmo da atividade econômica
Volume de vendas do varejo de Minas Gerais recua 1,7% em junho
Foto: Divulgação Loja Amora Minas

O volume de vendas no comércio varejista de Minas Gerais diminuiu 1,7% em junho deste ano frente ao mesmo mês de 2024. O Estado fechou o último mês com 73,8 pontos no Índice do Varejo Stone (IVS). Esse é o primeiro resultado negativo do mercado mineiro após dois meses seguidos de alta na comparação anual.

O economista e pesquisador da Stone, Guilherme Freitas, explica que essa queda reflete um movimento mais amplo de perda de ritmo da atividade econômica. Segundo ele, os consumidores mineiros seguem bastante pressionados pelo alto nível de endividamento, mesmo com um ambiente de inflação mais controlada e de geração de empregos formais em alta.

“Há um alto comprometimento da renda com pagamento de juros e amortização em um ambiente de taxas de juros bastante elevadas. A combinação de todos esses fatores acaba reduzindo o espaço para o consumo no varejo”, completa.

O setor varejista de Minas também registrou variação negativa de 2,1% na comparação entre junho e maio deste ano. De acordo com o levantamento feito pela empresa de tecnologia financeira Stone, essa retração no indicador interrompeu o avanço registrado entre os meses de fevereiro e maio deste ano, quando o IVS estadual saltou de 68,8 para 79,6 pontos no período.

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Freitas destaca que a expectativa é de manutenção da oscilação entre meses positivos e negativos ao longo do segundo semestre de 2025. O pesquisador avalia que a atividade econômica deve continuar em um ritmo moderado.

“Em Minas Gerais, fatores regionais como a dinâmica do setor de serviços, um dos mais pressionados pela inflação, e da indústria também podem influenciar os resultados. Por isso, a tendência é de um semestre mais desafiador, mas com possíveis pontos de recuperação pontual, a depender do comportamento da renda e do crédito”, esclarece.

Queda de vendas no varejo nacional

Loja da Livraria Leitura.
Foto: Livraria Leitura / Divulgação

O Índice do Varejo Stone nacional registrou 94 pontos no indicador ampliado, que reúne todos os tipos de bens de consumo, e 75,5 pontos no restrito, focado apenas nos bens duráveis e semiduráveis, em junho deste ano.

De acordo com a pesquisa, o volume de vendas do setor varejista no Brasil fechou o último mês em queda frente a junho de 2024 tanto no índice ampliado (-1,1%) quanto no restrito (-4,3%). Na comparação com maio, o indicador ampliado diminuiu 1,7%, enquanto o índice nacional restrito baixou 3,5% no período.

Considerando os resultados anteriores, o IVS ampliado segue em uma tendência de queda desde o mês de março, quando havia registrado 102,9 pontos. Já o indicador de volume de vendas no varejo restrito volta a cair, depois de apresentar um avanço em maio, quando subiu de 76,6 pontos, em abril, para 81,6 pontos.

O economista da Stone pontua que o índice tem mostrado que o varejo nacional vem enfrentando um cenário de desaceleração. Ele relata que, no mês passado, foi possível observar uma retração relevante em diversas regiões do País, tanto em segmentos mais ligados à renda quanto entre aqueles mais relacionados com o crédito.

“O momento é de atenção, pois os dados sugerem que a economia está em transição para um ritmo de crescimento mais lento”, completa.

Destaques por estados e por segmentos

O estudo que acompanha mensalmente as movimentações do setor varejista aponta que apenas quatro estados brasileiros apresentaram crescimento na comparação com junho do ano passado. O grande destaque foi Amapá, com alta de 4,5%; seguido por Tocantins (3,8%), Roraima (3,7%) e Pernambuco (0,4%).

Por outro lado, o Rio Grande do Sul teve a maior queda no período, com retração de 14%. Em seguida aparecem: Amazonas (-7%), Mato Grosso do Sul (-6,5%) e Rio Grande do Norte (-6,1%), com as quedas mais acentuadas no indicador do mês anterior.

No recorte por segmentos, os oito grupos analisados no levantamento registraram queda em junho frente ao mês anterior, reforçando o cenário de retração da atividade do varejo no mês. Os principais resultados negativos foram apresentados pelo setor de móveis e eletrodomésticos, com recuo de 6,4% no período, seguido pelos materiais de construção, com queda de 6,3% frente a maio deste ano.

Já no comparativo com junho de 2024, o setor de livros, jornais, revistas e papelaria liderou o crescimento entre os segmentos analisados na pesquisa, com alta de 1,5%. Enquanto isso, o grupo de móveis e eletrodomésticos teve a queda mais acentuada no período, com variação negativa de 8,7% frente ao mesmo mês do ano anterior.

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