Volume de vendas do varejo volta a subir em Minas Gerais após três meses de queda

O volume de vendas do varejo em Minas Gerais teve leve alta de 0,4% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. De acordo com dados do Índice do Varejo Stone (IVS), essa foi a primeira variação positiva do indicador no Estado após três meses consecutivos de queda.

O economista e cientista de dados da Stone, Guilherme Freitas, destaca que esse avanço do comércio varejista ocorre em um ambiente nacional de leve alta, no qual o varejo ampliado subiu 0,5% na série dessazonalizada em setembro, após registrar queda de 1,2% em agosto deste ano.

Ele avalia que o aumento é moderado, compatível com uma economia em acomodação, com inflação a 5,1% em 12 meses, com serviços a 6,1%, e o comprometimento de renda elevado das famílias, atingindo 27,94% em julho, limitando a demanda.

“Nesse contexto, o avanço do varejo mineiro tende a vir de itens menos sensíveis ao crédito e de tíquete mais acessível, enquanto as categorias dependentes de financiamento seguem mais fracas”, explica.

O especialista ressalta que os resultados de Minas e do restante do Brasil apontam para uma estabilização e não de recuperação consolidada. Ele relata que o volume de vendas no varejo restrito, que exclui segmentos como veículos e materiais de construção, caiu 0,7% no último mês.

O setor registrou queda de 0,24% no terceiro trimestre deste ano, após recuar 0,56% no período anterior. Já o segmento de bens sensíveis à renda apresentou variação negativa de 1,94% e aqueles sensíveis ao crédito baixaram 0,52%.

“Ou seja, sinais mistos e atividade ainda abaixo de 2024. Apesar do resultado positivo em Minas Gerais no mês, para falar em recuperação precisamos de persistência e maior difusão setorial nas próximas leituras”, pontua.

Volume de vendas no varejo por estado e por região

Além de Minas, outros nove estados brasileiros também tiveram alta no IVS de setembro, com destaque para o Acre e Amapá, com 6,5% e 5,1%, respectivamente. Pernambuco e Bahia registraram estabilidade no período e o Rio Grande do Norte apresentou a queda mais acentuada do levantamento, com recuo de 4,8% no volume de vendas.

Freitas relata que o comércio varejista na região Sudeste do País teve comportamento misto, com pequenas altas e quedas. O principal destaque foi novamente a região Norte, com cinco dos sete estados apresentando crescimento no comparativo mensal, indicando que a atividade varejista segue mais aquecida na região. Por outro lado, o Sul apresentou retração generalizada em setembro.

Para o quarto e último trimestre do ano, a expectativa é positiva, devido a sazonalidade favorável, com datas como a Black Friday, as festas de final de ano e o recebimento do 13º salário. Esse cenário, segundo o economista, eleva as vendas no dado sem ajuste. “Porém, na série dessazonalizada o cenário-base é de estabilidade em relação a 2024, ou até leve recuo”, ressalta.

O atual momento de inflação, renda comprometida em 27,94% e juros reais elevados tende a conter bens sensíveis ao crédito de maior valor agregado. “Se houver avanço, deve vir de tíquete mais baixo e promoções. Uma melhora mais ampla depende de alívio de preços, melhora do orçamento das famílias e, consequentemente, de um canal de crédito mais favorável”, conclui o economista.