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ArcelorMittal celebra expansão e investe R$ 25 bilhões até 2028

Crédito: Divulgação JP.Mubarah
Presidente da companhia, Jefferson De Paula falou sobre os feitos do exercício e também sobre as perspectivas para o ano que vem

Mesmo com o ano ainda marcado pela pressão dos produtos de aço importados, principalmente da China, e apesar das medidas adotadas por parte do governo federal, a ArcelorMittal chega ao fim de 2024 com motivos para celebrar. A começar pela consolidação como a maior produtora de aço no País e na América Latina e pelo maior plano de investimentos do setor, de cerca de R$ 25 bilhões até 2028.

O presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, Jefferson De Paula, falou ao Diário do Comércio sobre os feitos do exercício e também sobre as perspectivas e planos para 2025.

Como foi o desempenho da ArcelorMittal em 2024? Quais as principais conquistas e os principais desafios?

Depois de um dos anos mais desafiadores para a indústria do aço no Brasil, em 2023, em razão do aumento recorde do volume de aço importado, neste ano conseguimos muitos resultados positivos e importantes avanços para a ArcelorMittal no Brasil. Nossa empresa se consolidou como a maior produtora de aço no País e na América Latina, com o primeiro ano da integração da compra da unidade do Pecém (CE) e seguimos com o maior plano de investimentos do setor de produção de aço no Brasil, de cerca de R$ 25 bilhões até 2028. Trabalhamos fortemente na redução dos custos fixos, na economicidade dos contratos de compra de insumos e matérias-primas e no desenvolvimento de produtos e soluções de alto valor agregado. Mantivemos nosso foco no desenvolvimento de talentos, na sustentabilidade do negócio e no aumento da produtividade e competitividade das plantas. Avançamos ainda com a implementação de iniciativas para aumentar, cada vez mais, a diversificação de nossa matriz energética. E, para coroar, neste ano, a empresa foi escolhida Empresa do Ano pelo prêmio Época Negócios 360º, parceria da revista com a Fundação Dom Cabral, líder em inovação aberta no Brasil, pelo Ranking TOP 100 Open Corpse a produtora de aço mais inovadora pelo Ranking Valor Inovação. Entre os desafios, continuamos lidando com a pressão dos produtos de aço importados, principalmente da China. As medidas adotadas pelo governo de impor cotas a estes produtos não surtiu o efeito esperado. Além disso, temos o desafio de ampliar o consumo aparente de aço no Brasil, há anos estagnado em cerca de 100kg/habitante/ano, o que representa metade da média mundial.

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Qual a capacidade produtiva hoje do Grupo ArcelorMittalno mundo e no Brasil?

As plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro e atendem às indústrias automobilística, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás, máquinas e equipamentos, dentre outras. Já o Grupo ArcelorMittal atingiu no ano passado uma produção de 59,1 milhões de toneladas de aço bruto.

Como está a utilização da capacidade produtiva das operações brasileiras?

Atualmente, a ArcelorMittal Brasil trabalha com 80% da capacidade produtiva desuas plantas industriais.

Quais foram os avanços no programa de investimentos de R$ 25 bilhões da ArcelorMittal no Brasil?

Em 2024, fortalecemos ainda mais a nossa presença no Brasil, com a entrega de grandes projetos e estabelecimentos de novas parcerias que tornarão a companhia ainda mais eficiente, moderna, inovadora e competitiva.Em novembro, inauguramos a expansão da Unidade Vega, em Santa Catarina, um dos projetos mais significativos do conjunto de investimentos que a ArcelorMittal está realizando no Brasil.A usina catarinense recebeu aportes de R$ 2 bilhões e aumentou a sua capacidade instalada para 2,2 milhões de toneladas por ano. O projeto também ampliou o portfólio de produtos no segmento de aços planos revestidos e laminados a frio, de alto valor agregado. Além disso, a planta industrial passa a ser a primeira unidade fora da Europa a produzir o Magnelis®, uma solução em aço exclusiva da ArcelorMittal, que oferece diferenciais como a alta resistência à corrosão voltados a atender demandas específicas em segmentos como a construção de projetos de energia solar. No campo da sustentabilidade ambiental, o destaque foi a ampliação dos investimentos em energia renovável, que passaram de R$ 4,2 bilhões para R$ 5,8 bilhões, a partir de duas novas joint-ventures firmadas neste ano com a Casa dos Ventos e a Atlas Renewable Energy em projetos de energia solar.As duas plantas, somadas, possuem capacidade de geração de 113 MW médios/ano, o que representará 14% do consumo atual de energia elétrica das unidades da ArcelorMittal no Brasil.  Uma das iniciativas será a construção do Parque Luiz Carlos, de energia solar, em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais. O aporte será de R$ 895 milhões. Sua produção prevista é de 69 MW médios/ano e potência instalada de 269 MW.

Quais os destaques em Minas Gerais?

Estão em andamento os projetos de expansão da unidade de Sabará e da Mina de Serra Azul, com previsão de entregas em 2025.A unidade centenária da operação brasileira ganhou aportes de R$144 milhões para aumentar a capacidade de produção de trefilados em 35%. Já a planta minerária, localizada no município de Itatiaiuçu, vai instalar uma nova planta de produção de pellet feed, um produto nobre, extremamente fino e com alto teor de ferro, que será transformado em pelotas pela ArcelorMittal do México. Com investimentos de R$ 2,7 bilhões, a produção saltará de 1,6 milhão de toneladas ao ano para 4,5 milhões de toneladas de minério de ferro. Em Monlevade, instalamos um novo laminador, que atingiu, em julho, a marca de 1 milhão de toneladas produzidas desde o início da sua operação, em 2022. O equipamento duplicou a capacidade de produção de laminados da unidade e está em linha com a estratégia da empresa de ampliar a fabricação de produtos de alto valor agregado.

Como estão os esforços da companhia para contribuir com a descarbonização da cadeia do aço?

Acreditamos que uma economia global de baixo carbono e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas são fundamentais para um futuro sustentável. Por isso, globalmente o Grupo ArcelorMittal foi pioneiro no setor no estabelecimento da meta global de ser carbono neutro até 2050, com uma meta intermediária de redução de 25% até 2030.A prioridade será dada aos processos industriais, onde poderão ser maximizadas tecnologias existentes no curto e médio prazo, enquanto as tecnologias de ruptura sejam consolidadas para implementação em longo prazo. Entre as iniciativas que estão sendo implementadas pelas unidades da ArcelorMittal no Brasil para atingimento da meta intermediária (2030) estão: o aumento do uso de sucata como matéria-prima, utilização de gás natural; otimização do uso de biomassa renovável (carvão vegetal) nas unidades e melhoria da eficiência energética dos processos. Para 2050, a ArcelorMittal conta com o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, como, por exemplo, o hidrogênio verde. Importante destacar que, como parte da jornada de descarbonização, a ArcelorMittal Brasil lançou o vergalhão XCarb, o primeiro produto da empresa – produzido na América Latina – com utilização de 100% de material reciclado e 100% de energia renovável na sua produção, garantindo a redução de emissões de CO2 (da ordem de 60%), em relação aos vergalhões tradicionais da empresa. Outro ponto fundamental na jornada de descarbonização é a transição energética. Nesse sentido, estabelecemos a meta de alcançar 100% de energia elétrica renovável certificada até 2030. As unidades da ArcelorMittal no Brasil já são reconhecidamente eficientes em termos energéticos. A Política Energética da ArcelorMittal preconiza o uso eficiente e a conservação da energia como forma de demonstrar sua responsabilidade social e ambiental. As nossas unidades atuam com sistemas de recuperação de calor e/ou reaproveitamento dos gases provenientes dos processos produtivos. As nossas plantas de Tubarão (ES) e Pecém (CE), por exemplo, são autossuficientes em energia elétrica. A integração da Unidade do Pecém também abre perspectivas futuras promissoras. A usina está localizada no Ceará, em uma região onde o desenvolvimento de energias renováveis e hidrogênio verde está sendo pioneiramente realizado no País, o que gera potencial para uma produção de aço de baixo carbono altamente competitiva no futuro.

Considerando os demais pilares do ESG, quais os principais avanços da empresa nos últimos anos?

A ArcelorMittal está comprometida com a agenda ESG e possuía um conjunto de ações e metas referentes a esses três pilares (meio ambiente, social e governança) antes mesmo de a sigla ganhar força no mercado. O que mudou é que começamos a trabalhar todos eles de maneira ainda mais transversal e conectada ao negócio, com o estabelecimento de indicadores e metas claros.Na sustentabilidade, sabemos que o aço, infinitamente reciclável, será fundamental na transição para uma economia de baixo carbono. Da mesma forma, a gestão ambiental da nossa empresa mantém índices significativos de geração própria de energia, recirculação de água, aproveitamento de coprodutos e reciclabilidade. Fomos a primeira produtora de aço no Brasil a ter unidades certificadas pelo ResponsibleSteel, a principal certificação global ESG para a produção de aço sustentável.Paralelamente, por meio da Fundação ArcelorMittal, consolidamos ações importantes em responsabilidade social. O núcleo de investimento e transformação social da empresa completou 36 anos de história em novembro e, durante todo esse período, levou oportunidades a mais de 11 milhões de pessoas em educação, cultura e esporte. Estamos entre as maiores investidoras da cultura e do esporte em Minas Gerais, por meio das Leis de Incentivo. E em 2023, pela primeira vez, a nossa Fundação alcançou os 25 estados e o Distrito Federal.E, em relação à governança corporativa, o grupo é globalmente pautado pelas melhores práticas em Governança Corporativa, Integridade e Ética, sempre em conformidade com as legislações e os mais rigorosos padrões internacionais sobre o tema. Aqui no Brasil, de forma transparente e íntegra, procuramos fortalecer relações e estimular comportamentos pautados por valores éticos e morais, dentro e fora da Companhia.

As medidas do governo para conter a invasão de aço importado foram aquém das expectativas. Na sua avaliação, o que deve ser feito?

Foi um primeiro passo para frear a importação predatória. Avançamos em uma agenda conjunta com o governo federal para limitar a entrada de aço importado com preços comprovadamente fora da lógica concorrencial. Mas as medidas tomadas de cotas e sobretaxas não demonstraram a efetividade esperada, e a importação continuou crescendo significativamente. Até novembro deste ano, as importações cresceram 24,4%, depois de ter aumentado 50% no ano anterior. Por meio do Instituto Aço Brasil, estamos acompanhando de perto e esperamos que o governo possa agir diante dessa situação. Proteger a indústria de base nacional contra a concorrência predatória nos coloca em linha com o que a maior parte dos países do mundo vem fazendo e é coerente com a necessidade de reindustrialização do País.

Qual cenário vislumbra para o próximo ano na conjuntura internacional e nacional?

No cenário mundial, a continuidade da guerra da Ucrânia e a intensificação de conflitos no Oriente Médio se transformaram em risco para o comércio mundial e para as cadeias de suprimentos globais. A China, já sabemos, teve uma expansão da ordem de 5%, demonstrando uma recuperação mais lenta do que o esperado, e o País intensificou suas exportações. Além disso, o novo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça sobretaxar produtos chineses para o mercado americano. Há o temor de que essa medida aumente ainda mais a invasão de vários itens fabricados na China no mercado brasileiro, inclusive o aço. Nesse processo, precisamos olhar com mais rigor para nosso mercado interno, dinamizar nosso crescimento e estabelecer proteções efetivas contra práticas desleais no comércio global.No mercado doméstico, estamos acompanhando as recentes medidas adotadas pelo governo para o ajuste fiscal e nos preocupa a perspectiva de aumento das taxas de juros no próximo ano. Da mesma forma há preocupação com a tendência de crescimento das importações de aço.Como o aço está diretamente associado ao crescimento do PIB, o País precisa crescer para o setor crescer, e há muitas oportunidades para o aumento do consumo interno. O Brasil tem uma enorme carência de infraestrutura e há grande expectativa com o andamento de projetos baseados nas concessões públicas, no Programa de Aceleração do Crescimento, voltado para a infraestrutura e que prevê uma série de investimentos em rodovias, saneamento, portos e ferrovias, além do Minha Casa, Minha Vida, destinado à construção de moradias. Mesmo diante do cenário desafiador interno e externo, mantemos nosso otimismo e estamos preparados para enfrentar os obstáculos, pois somos uma empresa eficiente, competitiva e resiliente. Para o Grupo ArcelorMittal, o negócio Brasil é estratégico. Somos a maior produtora de aço no Brasil, temos a maior rede de distribuição e o melhor portifólio. Seguiremos no próximo ano investindo no desenvolvimento do nosso time e dos nossos líderes, fortalecendo a nossa empresa e contribuição para o desenvolvimento do País.

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