Camanducaia deve abrigar nova fábrica da Bauducco
A Bauducco, com complexo industrial em Extrema, no Sul de Minas Gerais, pretende implantar mais uma fábrica no Estado, mais precisamente em Camanducaia, distante cerca de 25 quilômetros do município. Embora algumas fontes informem que a viabilização do investimento dependeria da implantação de um gasoduto na região, a administração municipal já dá como certa a atração do empreendimento.
De acordo com o prefeito de Camanducaia, Rodrigo Alves de Oliveira (MDB), as obras deverão ter início em agosto, enquanto as operações deverão ocorrer depois de 2025. Segundo ele, o duto seria um atrativo a mais para esta e outras empresas que atuam na região.
“O terreno tem cerca de 1 milhão de metros quadrados e a chegada da empresa é muito importante para a cidade, que se encontra em pleno crescimento”, afirmou.
Gasoduto beneficiaria cidades como Camanducaia, Extrema e Pouso Alegre
Esperado por décadas, o duto do tipo de transporte poderia ser implantado a partir da expansão do já existente em Bragança Paulista, no estado de São Paulo. Além de Camanducaia, a estrutura também atenderia indústrias localizadas em Extrema e Pouso Alegre, por exemplo. Em um primeiro momento iria até Pouso Alegre e depois até Varginha. Atualmente, no Sul do Estado, apenas Poços de Caldas, Jacutinga e Andradas têm gasoduto.
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“A Bauducco seria uma grande consumidora do gás, juntamente com outras empresas que já atuam na região, além de outras que seriam atraídas pelo benefício. O investimento é altamente viável e reduziria o custo do insumo para o setor privado, dando maior competitividade. A demanda está com o governo federal, aguardando autorização para uma empresa assumir. O investimento é privado, sem nenhum recurso público”, explicou uma fonte próxima às negociações que pediu anonimato.
Ainda segundo essa fonte, desde quando chegou a Extrema, no início dos anos 2000, a companhia espera por essa infraestrutura. “É uma história antiga, que inclui a promessa da construção de gasoduto que nunca saiu do papel, mesmo com inúmeras reuniões envolvendo governo, Fiemg e Gasmig. A empresa tem um terreno em Camanducaia, às margens da Fernão Dias, mas condiciona a construção da fábrica à execução das obras do gasoduto”, revela.
Camanducaia recorre a Zema para concretizar investimento
Em vistas a intensificar o pleito, lideranças políticas locais e a própria empresa resolveram recorrer ao governador Romeu Zema (Novo). Na última quarta-feira (31), o corpo diretivo da companhia, incluindo o CEO Massimo Bauducco, esteve na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para uma reunião com representantes do governo e da instituição financeira. O prefeito de Camanducaia, Rodrigo Alves de Oliveira (MDB), também esteve presente.
Procurado, o Grupo Pandurata, detentor das marcas Bauducco, Visconti e Tommy, confirmou a participação na reunião institucional com representantes do governo de Minas Gerais. De acordo com a empresa, no encontro foram abordados diversos assuntos. Entre eles, esteve a expansão da infraestrutura de fornecimento de gás para o desenvolvimento de suas atividades no Estado.
“Sendo uma empresa de capital fechado, é política da companhia não divulgar detalhes da própria estratégia de investimentos”, se limitou a dizer, por nota, a respeito da construção de uma fábrica em Camanducaia
A reportagem também procurou o Ministério de Minas e Energia, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. De toda maneira, vale dizer que o pleito ressurge dias após o governo federal criar o Grupo de Trabalho do Programa Gás visando um melhor aproveitamento da produção nacional.
“Este é o melhor momento para retomarmos as conversas. Sem contar que a pauta diz respeito ao Ministério de Minas e Energia, que tem um mineiro no cargo”, opinou outra fonte relacionada ao tema.
Massimo Bauducco diz que vai lutar por nova fábrica
Em um vídeo postado nas redes sociais, o prefeito de Camanducaia Rodrigo Alves de Oliveira falou sobre a importância não apenas do gasoduto, mas da chegada da própria Bauducco, para o desenvolvimento da cidade. Zema, por sua vez, enalteceu o empenho do Estado para viabilizar o projeto no menor espaço de tempo possível. Questionado se o município receberá mesmo uma unidade fabril da Bauducco, Massimo Bauducco respondeu: “Se Deus quiser. Vamos lutar para isso”.
Por fim, a reportagem apurou que a Gasmig, juntamente com a prefeitura, já identificou dois terrenos para a instalação chamada city gate, que é referente a um conjunto de instalações que representa a etapa de entrega do gás natural do transportador para a concessionária – como se fosse um registro do gás. “Ambos ficam no Distrito Industrial, próximo da Bauducco. É um bom começo”, comemorou um interlocutor do negócio.
Bauducco em Minas
A Bauducco chegou ao Estado em 2000, quando inaugurou sua maior fábrica, em Extrema, no Sul do Estado. Em 2008, duplicaram a unidade. Em 2019, o complexo industrial figurava na lista das 10 maiores indústrias empregadoras em Minas Gerais segundo a Fiemg. Em 2020, o grupo concluiu aportes de R$ 195 milhões na unidade. As obras incluíram um terceiro prédio fabril, com um armazém vertical automatizado e quatro novas linhas de produtos (dentre elas, as linhas de pães – fermentação natural – e Chocobiscuit).
A área construída da fábrica chegou a 67 mil metros quadrados e a capacidade instalada superou 200 mil toneladas por ano de biscoitos e produtos forneados. O grupo conta também com um centro de distribuição (CD) de 40 mil metros quadrados de área na cidade.
Em Camanducaia, especificamente, em novembro de 2021, prefeitura e companhia oficializaram o interesse da empresa em investir na cidade. Na ocasião, foi entregue à Câmara Municipal o projeto de lei que concedia incentivos para a instalação da indústria no município.
Informações da prefeitura na época davam conta que o empreendimento, na primeira etapa, contaria com 200 mil metros quadrados de área construída. Além disso, haveria geração de centenas de empregos diretos e indiretos e renda para a população.
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