Especial

Páscoa reacende expectativas de vendas

Preço médio dos ovos de Páscoa subiu 17,69% em 2023 na capital mineira na comparação com o ano imediatamente anterior | Crédito: Luciana Montes
Perspectiva de crescimento na demanda da Páscoa em Minas Gerais chega a 35% na comparação com o resultado de 2022

Apesar do aumento no preço do chocolate, indústria, varejo e pequenos empreendedores apostam na força da data para venderem mais na Páscoa deste ano. A Ferrero do Brasil, por exemplo, espera alcançar um crescimento de 10% em volume para este período, conforme o responsável pelas operações comerciais da companhia, Renato Zanoni. “A Páscoa é o momento mais aguardado do ano para a Ferrero”, frisa.

Ele conta que a produção acompanha a tendência de crescimento do mercado. “Não podemos abrir especificamente números de produção, mas sabemos que, no que se refere ao negócio em si, dobramos o volume do nosso negócio em quatro anos, mantendo um crescimento de 150% em receita. Nosso plano é continuar com o crescimento de duplo dígito”, diz.

Além da linha Kinder, que se destaca na categoria infantil de ovos de Páscoa, a empresa também aposta no segmento Dark. De acordo com Zanoni, o Ovo Ferrero Rocher Dark lançado em 2022 é  líder do segmento de ovos de chocolate intensos.

A Brasil Cacau, que ao lado das marcas Kopenhagen, Kop Koffee e Lindt, faz parte do Grupo CRM, é outra empresa que estima alta nos negócios e espera que 2023 possa ser a maior Páscoa da história da marca, com expectativa de um crescimento de 35% nas vendas, segundo o diretor executivo da empresa, Carlos Paschoal. 

Ele diz que a Páscoa da empresa é planejada com um ano e meio de antecedência, justamente para conseguir uma negociação estratégica com toda a cadeia produtiva de fornecedores, a fim de que os valores dos insumos essenciais não impactem tanto o preço dos produtos para o consumidor final. 

“Para 2023 conseguimos um dos menores reajustes do mercado”, frisa Carlos Paschoal. Além disso, para atender ao aumento da demanda da época da Páscoa, a empresa contratou 50 colaboradores temporários para as lojas próprias da Brasil Cacau e cerca de 400 pessoas para a fábrica, que fica em Extrema, no Sul de Minas.

Além da indústria, os lojistas estão otimistas com as vendas para a Páscoa, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva. “Ainda que grande parte deles tenha sentido um aumento no preço dos fornecedores, a expectativa para a data é positiva. Será a primeira Páscoa sem nenhuma restrição sanitária, isso vai possibilitar que as famílias se reúnam com mais segurança e tranquilidade e, certamente, vai influenciar na compra dos itens temáticos”, analisa.

De acordo com pesquisa da entidade, 87% dos comerciantes relataram aumento no preço praticado pelos fornecedores, ainda assim, 84,6% acreditam que as vendas deste ano serão melhores ou iguais às de 2022. De fato, o preço médio dos ovos de Páscoa subiu 17,69% em 2023 na capital mineira, na comparação com o ano anterior, enquanto a inflação no período foi de 6,38%, conforme levantamento Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para o dirigente, como os preços dos fornecedores estão elevados, o lojista não conseguirá praticar muitos descontos ou promoções. Neste caso, a dica é facilitar as condições de pagamento ao máximo.

Cris Marques estima vendas 15% maiores do que as de 2022 | Crédito: Leonardo Morais

E se depender da intenção de compra dos consumidores de Belo Horizonte, produtores e varejo devem ter bons resultados com a data. Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG) mostra que 53,6% dos consumidores pretendem comprar presentes nesta Páscoa, o índice é 11,2 pontos percentuais acima do registrado no mesmo período do ano anterior (42,4%). 

A projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de recorde nas vendas do comércio varejista de Minas Gerais com a Páscoa, com um faturamento de R$ 273,1 milhões. Se confirmado, será o maior volume de receitas do varejo mineiro com a data desde o início da série histórica da pesquisa, em 2013. Até então, o melhor ano foi 2019, no período pré-pandemia, quando os comerciantes faturaram R$ 269,2 milhões.

O setor supermercadista do Estado também está otimista e espera alta de 3,5% nas vendas durante a Páscoa deste ano frente igual período de 2022, segundo estimativa da Associação Mineira de Supermercados (Amis).

Fabricantes artesanais de BH estão otimistas

A história de Cristiane Marques de Magalhães Gomes com o chocolate vem desde a adolescência, na época ela vendia o produto na escola e no restaurante do pai de uma amiga. Formada em administração de empresas, o tempo de dedicação ao chocolate foi diminuindo e passou a ser restrito ao consumo da família, bem como passou a ser usado como presente. Em 2018, ela voltou a trabalhar com o produto de forma paralela ao trabalho. Só que foi em 2021 que ela finalizou a transição de carreira e se tornou empreendedora da área.

Agora, em 2023, à frente da Cris Marques Chocolates, ela pretende vender 15% mais na Páscoa em relação ao resultado do ano passado. A empreendedora aposta no aumento do volume para conseguir o objetivo e em uma produção maior para pronta-entrega, já que os consumidores tendem a deixar a aquisição dos produtos mais próximo da data. “No ano passado, eu vendi muitas cestas, que tem um valor agregado mais alto. Neste ano, os clientes estão preferindo os ovos de colher”, afirma.   

Astrid Duarte: um dos desafios é o aumento do custo operacional | Crédito: Leonardo Morais

A proprietária da L’Or Noir Chocolateria, Astrid Duarte, também espera que as vendas da Páscoa deste ano sejam maiores, ela aposta em uma alta de 10% na comparação com o ano anterior. A empresária diz que as vendas de ovos de tamanhos maiores estão surpreendendo e que a comercialização tende a crescer com a aproximação da data. “Todo ano é assim. As pessoas deixam para comprar em cima da hora”, observa a empresária que está no mercado há 13 anos.

Ela revela que um dos desafios é o aumento do custo operacional, na casa dos 30%, o que reduz a margem de lucro, já que não consegue fazer o repasse integral. “Assim, temos que ganhar em volume”, diz.

Com produção própria, no bairro Santo Agostinho,  na região Centro-Sul de Belo Horizonte, a empresa aposta na qualidade e na diversificação dos produtos e na personalização para atrair o consumidor. “Também temos preços mais competitivos que os produtos oferecidos nos supermercados”, frisa.

Astrid Duarte afirma que Páscoa e Natal são datas equivalentes em vendas.  A diferença, conforme ela, é o perfil dos produtos vendidos. “Na Páscoa, o destaque mesmo são os ovos”, explica.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas